A cidade do Rio de Janeiro foi um verdadeiro palco do exercício da cidadania, a altura do significado do 'dia internacional do orgulho gay', em memória ao Stonewall.
Na verdade, o "orgulho" foi substituído por reflexões, pleitos e protestos e o "gay" por um democrático LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Por isso mesmo, foi lindo!
Por questões óbvias, acompanhei o dia inteiro os trabalhos da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da Prefeitura do RJ- CEDS/Rio que desde cedo começou seus trabalhos na Procuradoria Geral da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que realizou ontem um extenso Seminário “A Diversidade Sexual e seus Reflexos na Família e no Direito”, com inúmeros e ilustríssimos palestrantes, sob tutela da NUDIVERSIS - Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e dos Direitos Homoafetivos da Defensoria Pública, sob coordenação da Dra. Luciana Mota. Aberto ao público, num auditório imenso e cheio, concentravam-se defensores públicos, estudantes de direito e cidadãos interessados no tema. Foi lindo de ver!
O evento reuniu magistrados, juristas e profissionais que atuam na promoção dos direitos LGBT. Maria Berenice parabenizou a iniciativa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro de criar o Nudiversis e disse que a Instituição acerta ao incentivar as reflexões teóricas e práticas sobre as conquistas e anseios no âmbito do Direito das Famílias.
A professora da Faculdade de Direito da UERJ, Heloísa Helena Barroso, discorreu sobre os “Aspectos Jurídicos da Transexualidade” e explicou que o primeiro direito conquistado pelos homossexuais, a simples alteração do registro civil, repercute em todas as demais relações jurídicas.
À frente da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do Município do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, fez a palestra “O Município no Combate ao Preconceito”. Para ele, a parceria com o Nudiversis faz com que o público LGBT se sinta mais protegido, o que é fato! A fala de Tufvesson foi bastante contundente, não se restringindo a falar das ações do Município, mas também compartilhando todos os dados recém publicados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, revelando um absurdo aumento da violência contra os LGBT, e a conquista de ser atendido pelo Ministro da Saúde que passou adotar a notificação compulsório através do SINAN para casos de atendimento hospitalar de vítimas de violência homofóbica, já existente no Rio de Janeiro, por iniciativa da CEDS . No fim, passou o vídeo de campanha do Rio Sem Preconceito, com Fernanda Montenegro, que foi muito aplaudido por todos.
Estiveram ainda lá a musicista e transexual Kathyla Katheryne, a participação da 1ª tabeliã de Notas e de Protestos de Tupã/SP, Cláudia do Nascimento Domingues, Claudio Nascimento da SuperDir; a coordenadora do Departamento de Projetos Especiais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargadora Cristina Gaulia; o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Celso Perez; e a Defensora Pública Karla Beatrice Merten.
Gostaria de ter assistido todos, mas infelizmente tinha que me dirigir a Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro, onde também havia uma sessão solene pelo Dia Internacional dos Direitos LGBT, por iniciativa da Vereadora Laura Carneiro.
Até onde sabemos foi a primeira vez que o espaço da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro foi ocupado solenemente no dia do stonewall. A ocupação possui sentido para além da solenidade e foi todo tempo transmitido pelo canal de televisão da Câmera.
Presidiu o ato a Vereadora Laura Carneiro (PTB), que convidou a participar da bancada o Vereador Jefferson Moura (PSOL), Carlos Tufvesson, Ana Rocha (Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres), Júlio Moreira do Grupo Arco-Íris; Georgina Martins (grupo Mães pela Igualdade) e Beatriz Cordeiro, representando as transexuais e as travestis.
Carlos Tufvesson não conseguiu se conter e se emocionou por duas vezes. As manifestações de mãe Georgina, do coordenador Carlos Tufvesson e da transexual Beatriz Cordeiro foram especialmente emocionantes, humanizadas com fatos, reflexões e reivindicações.
Num dado momento foi dada a palavra as pessoas presentes que desejassem se manifestar e aí foi um novo turbilhão de emoções, destacando-se o sociólogo que fez seu "despacho emocional" público homenageando sua esposa, uma transexual, o ator-poeta-bailarino, Bayard Tonelli, do grupo Dzi Croquetes e da transexual Gisela Torquato.
As manifestações de cada um dos oradores dariam várias postagens.
Carlos Tufvesson, após pedir permissão a Presidente que conduzia a solenidade, fez questão de ler a carta do deputado federal Jean Wyllys.
Na saída o protesto realizado pelo grupo arco-íris fechou a noite. Muitos manifestantes com cartazes encerraram o ato pacífico ali da Câmara de Vereadores.