O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


domingo, 30 de maio de 2010

A BISSEXUALIDADE EM FOCO



Neste blog já falei sobre gays, lésbicas, travestis e transexuais, mas nada sobre bissexuais.

Me dei conta como é complexo falar da bissexualidade.

Mais pessoas estão admitindo ser bissexual - mas muitos de nós não sabemos realmente o que esta orientação sexual realmente significa.

Por outro lado, embora seja evidente que existam bissexuais (eu mesmo conheço alguns), para muitos heterossexuais e homossexuais não existe a bissexualidade, apenas pessoas que escondem sua sexualidade através dela, além de considerá-las promiscuas. E, incrivelmente, muitos bissexuais aceitam passivamente essa pecha e, por isso, a maioria esconde sua bissexualidade, sem coragem de dizer para o parceiro ou parceira. Hoje, para nova geração de jovens, o comportamento parece diferente, mais liberal.
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Talvez, por esta razão, reconhecer a bissexualidade é ainda meio confuso. A maioria de bissexuais assumidos que conhecemos são artistas, como Ricky Martin, por exemplo, o qual antigamente se afirmava ser um. Donde se conclui daquele antigo boato que propagavam muita fumaça a respeito, suscitada pelos heteros e homossexuais, que o fogo era real. Ele apenas fingiu ser bissexual para esconder sua homossexualidade.
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Há quem diga também que a bissexualidade é apenas uma fase: Pode até ser. Afinal muitos homens gays na tentativa de evitarem a homofobia da sociedade, desenvolvem uma relação sexual com uma mulher. Alguns até vão longe ao ponto de se casarem. Mas ainda assim, o indivíduo permanece homossexual. No entanto, sabemos que algumas pessoas sinceramente se consideram estar permanentemente bissexual por toda a sua vida adulta. Há ainda o bissexual da moda, o curioso e etc.
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Outras questões surgem. Igual intensidade de desejo dirigido a ambos os sexos seria a perfeita definição da bissexualidade? Para algumas pessoas sim, mas não me parece fidedigno, afinal, nem nossos desejos que pulsam por uma única orientação sexual (hetero ou homossexual) possuirão a mesma intensidade frente a parceiros sexuais diferentes. Um homem homossexual pode sentir mais tesão por um e menos por outro homem, o mesmo ocorrendo com as mulheres, sejam heteros ou homossexuais.
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Pesquisa realizada na Escola de Saúde Pública de Harvard, E.U.A. em 1994 constatou que 20,8% dos homens e 17,8% das mulheres pesquisadas, admitiram atração sexual/comportamento em relação a pessoas do mesmo sexo, em algum momento de suas vidas.
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Isto faz essas pessoas serem bissexuais. Acho que não. Este "algum momento de suas vidas" retira delas a orientação sexual em questão. Estavam, não eram.
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Na minha concepção, sob ponto de vista latino americana, para as mulheres é bem mais fácil transitar pela bissexualidade que os homens. A cultura machista até cultua e fantasia isto. No entanto, se um homem se afirmar bissexual o preconceito grita. Tanto os homens como as mulheres tratam logo de taxá-los de gays enrustidos.
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Está confuso? Eu estou, dá para perceber... Então vamos a literatura sobre o assunto.
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Alfred Kinsey

Em 1941, o americano Alfred Kinsey C. já havia realizado 1,6 mil das suas entrevistas e analisados os critérios "para uma explicação hormonal do homossexual? em uma primeira publicação. Nele, Kinsey apresentou uma escala de avaliação de trinta pontos mostrando trinta casos de sua coleção, que demonstrou trinta diferentes matizes e combinações entre comportamento exclusivamente heterossexual e exclusivamente homossexual. A partir desses exemplos, Kinsey concluiu que uma explicação hormonal do "homossexual" na melhor das hipóteses, é extremamente difícil, mas provavelmente impossível.

Entre suas explicações disse que “Qualquer explicação sobre o homossexual tem de reconhecer que uma grande parte dos adolescentes mais jovens demonstra a capacidade de reagir a ambos os estímulos homossexuais e heterossexuais, que há um número considerável de adultos que apresentam essa mesma capacidade, e que há apenas um desenvolvimento gradual de o exclusivamente homossexual ou heterossexual, exclusivamente os padrões que predominam entre os adultos mais velhos”.

Este primeiro ensaio, publicado inicialmente em um jornal endocrinológicas, não atraiu muita atenção apesar de suas declarações provocativas. Suas implicações verdadeiras foram provavelmente compreendidas primeiras apenas por pouquíssimos leitores. No entanto, quando Kinsey e seus colaboradores apresentaram suas famosas "Report", em 1948, causou uma sensação internacional. O texto baseou-se em mais de 11.000 entrevistas e apresentou as suas conclusões sobre o comportamento homossexual em uma escala de sete partes.
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Naturalmente, nova escala Kinsey de sete pontos foi basicamente uma versão simplificada de seu primeiro. Na verdade, essa realização, mais uma vez deixa claro que o importante nas escalas de Kinsey não é o número de (arbitrariamente determinado) subgrupos, mas a transição do fluido de um grupo para outro. Como Kinsey declarou:

“Os machos não representam duas populações discretas, heterossexual e homossexual. O mundo não é para ser dividido em ovinos e caprinos. Nem todas as coisas são pretas nem todas as coisas em branco. É um direito fundamental da taxonomia dessa natureza raramente lida com categorias discretas. Somente a mente humana inventa categorias e tenta forçar fatos em compartimentos separados. O mundo vivo é um continuo em cada um dos seus aspectos. Quanto mais cedo aprendemos sobre este comportamento sexual humano, mais cedo chegaremos a uma boa compreensão das realidades do sexo”.

Para Kinsey, então, a natureza foi muito variada a ser forçada a entrar no contraste Picayune "homo / bissexual". O homem como uma espécie possuía a capacidade de reagir a pessoas do mesmo sexo, assim como a estímulos sexuais do outro, desde que ele era herdeiro de uma herança correspondente mamíferos. Se alguma coisa tinha de ser explicado aqui, então era a exclusividade do comportamento em ambas as extremidades do espectro. Sem dúvida, este deveria ser atribuído principalmente à interferência cultural. Em qualquer caso, do ponto de vista da biologia, o comportamento homossexual como tal era tão "natural" como o comportamento heterossexual.

Segundo Kinsey, a escala de sete partes, posteriormente adquiriu um certo grau de renome internacional e foi reproduzida em muitos livros e obras de referência. Infelizmente, porém, foi muitas vezes erradamente interpretada, porque poucas pessoas se deram ao trabalho de ler as instruções próprias Kinsey e explicações.

Especificamente, ele enfatizou que a sua escala representada tanto ostensiva e experiências secretas, ou seja, não apenas as acções realizadas, mas também as reações puramente psíquicos que não levam a qualquer contato sexual. Assim, por exemplo, um homem casado, sem nenhum contato real homossexual que regularmente cumprido seus "deveres conjugais", mas, enquanto tal, fantasiado principalmente sobre os homens, não foi avaliado em 0, mas em 2 ou 3, de acordo com o quão forte ou frequentes os seus desejos e fantasias homossexuais eram. Por outro lado, um prostituto do sexo masculino que tinha apenas uma namorada, mas milhares de clientes do sexo masculino poderia receber a mesma classificação de 2 ou 3 se o seu real desejo sexual eram voltados para essa amiga e serviu os seus clientes do sexo masculino, sem qualquer desejo erótico de sua própria "apenas pelo dinheiro."

Tendo em conta a enorme discrepância, estatisticamente documentada entre o desejo e a ação, tendo em vista a enorme extensão da variação entre o comportamento exclusivamente heterossexuais e homossexuais, e tendo em conta as muitas mudanças ¡ª verdade reversões ¡ª entre eles, Kinsey já não via qualquer justificação para falar sobre "o homossexual", como ele ainda não tinha feito, embora, ironicamente, sete anos antes. Ele incentivaria a pensar mais claramente sobre estas questões, no sentido das pessoas não serem caracterizadas como heterossexual ou homossexual, mas como indivíduos que tiveram uma certa quantidade de experiência heterossexual e uma certa quantidade de experiência homossexual. Em vez de usar esses termos como substantivos que representam pessoas, ou mesmo como adjetivos para descrever pessoas, elas podem ser melhor utilizados para descrever a natureza das relações ostensivas sexuais, ou de estímulos que um indivíduo responde eroticamente.

Fritz Klein

Fritz Klein, autor do livro The Bisexual Option, (A opção bissexual, Volume 1993, Parte 2) defende que a bissexualidade é um problema para héteros e homos à medida que ameaça a distinção clara entre uma e outra identidade sexual.

“As preferências e aversões eróticas dos heterossexuais normalmente não permitem uma compreensão da homossexualidade. Homossexuais também se sentem desconcertados frente à atração por pessoas do sexo oposto. Isso cria dois campos distintos a partir dos quais bandeiras podem ser erguidas. E ainda que possam ser ameaças ideológicas uns para os outros, esses dois campos são claramente distintos. (…) [Um homem] confrontado com um homem bissexual precisa, ainda que inconscientemente, lidar com a possibilidade de que sua própria sexualidade seja ambígua. A razão pela qual ele fica aliviado ao ouvir que bissexuais não existem é que, assim, ele evita seu próprio conflito interior.”

Arlete Gavranic

Num texto da Arlete Gavranic, a mesma afirma que:

“segundo o psiquiatra e psicodramatista Ronaldo Pamplona, no seu livro Os onze sexos, nascemos homens ou mulheres - biologicamente falando, mas isso sozinho não definirá nossa vida sexual. Iremos desenvolver durante nossa vida a formação da identidade sexual. E a maioria dos autores que estudam a psique humana dizem que isso ocorre na infância, em média entre os 5 e 7 anos de idade. Na prática é a sensação que nosso sexo psicológico está de acordo ou não com nosso sexo anatômico."

A sexualidade do bissexual no dia-a-dia

"Essa bissexualidade pode ocorrer em se sentir de forma igual essa atração, como pode ser vivida com uma vida sexual mais frequentemente heterossexual e com relações homo - ocasionais - ou mais que ocasionais. Também pode ocorrer com uma vida sexual mais frequentemente homossexual e com relações hetero - ocasionais - ou mais que ocasionais".

Como as pessoas sabem se são bissexuais ou se são homossexuais?

"Uma pessoa bissexual percebe seu desejo, sua atração, por ambos os sexos. Se, por exemplo, um homem desconfia ser homossexual e não bissexual, é porque ele percebe sua não-atração, sua dificuldade de desejo por mulheres."

O que pode influenciar na busca de mais relações homo ou heterossexuais?

Por toda uma aprendizagem, pressão familiar e social, muitas pessoas com orientação bissexual podem restringir sua experiência a heterossexualidade ou a ter algumas aventuras ocasionais na homossexualidade. Mas se a orientação é bissexual os desejos bissexuais irão acontecer, na vida real, nas fantasias sexuais e em sonhos eróticos.

As pessoas podem assumir a bissexualidade em qualquer idade?

Sim. Existem muitas situações que podem interferir na vida das pessoas. Uma pessoa com uma orientação bissexual pode viver uma relação de amor intenso e significativo o que faz com que essa pessoa viva na heterossexualidade muito tempo. Mas é possível que se houver uma crise nessa relação, se houver uma separação, uma viuvez ou até a aproximação de alguém que se torne interessante e saiba seduzir, que o desejo bissexual venha à tona.”

Regina Navarro

Regina Navarro já questionou num artigo do JB se a bissexualidade será o sexo do futuro.

“Quase todas as pessoas afirmam que romperiam um namoro ou casamento se descobrissem que seus parceiros são bissexuais. Mas isso é uma questão cultural. Na Grécia Clássica (século V a.C.) a iniciação sexual de um jovem se dava com o seu tutor. E era considerado natural que os cidadãos gregos casados e respeitáveis tivessem relações sexuais com as esposas, as concubinas, as cortesãs e os efebos (jovens rapazes).

Marjorie Garber, professora da Universidade de Harvard, que elaborou um profundo estudo sobre o tema, compara a afirmação de que os seres humanos são heterossexuais ou homossexuais às crenças de antigamente, como: o mundo é plano, o sol gira ao redor da terra. Acreditando que a bissexualidade tem algo fundamental a nos ensinar sobre a natureza do erotismo humano, ela sugere que em vez de hetero, homo, auto, pan e bissexualidade, digamos simplesmente ''sexualidade''.

Será que o amor pelos dois sexos se tornará uma opção cada vez mais comum a ponto de predominar? A bissexualidade, como muitos afirmam, vai ser mesmo o sexo do futuro?”

Após as considerações das pessoas acima creio que a bissexualidade, tão fácil de entender e difícil para alguns aceitarem, ficou mais clara.

Eu, particularmente, acho que a bissexualidade vai ser o sexo do fututo, mas sem esta terminologia, pois a mesma já determina um rótulo. Creio que o rótulo e a sexualidade não combinam e no futuro isto cada vez ficará mais claro. Óbvio que digo isto, sem base em conhecimento psicossocial ou qualquer outro fundamento técnico. Trata-se de uma impressão, com base naquilo que vejo e sinto, cotidianamente.

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/intima/2005/03/04/jorcolitm20050304001.html
(http://www2.uol.com.br/vyaestelar/bissexualidade.htm)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Comédia Imbecil: Rafinha Bastos, um dos apresentadores do programa CQC, pede ajuda em causa própria, ou seja, a estupidez


Como Rafinha Bastos mesmo faz questão de frisar ao se referir aos seus textos em seu site, seu objetivo não é ofender, apenas é um homem com muitas opiniões nada convencionais e gosta de arrancar risadas com elas.

Com risadas ou sem risadas, portanto, a foto da camiseta e texto no twitter representam sua opinião.
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Se quer ou não ofender alguém, não muda o fato que ofende.

No seu Twitpic apresenta uma foto pedindo “ajude esta causa” no qual aponta para a camiseta que veste lembrando o símbolo do grupo arco-íris destorcida, mostrando os coloridos (representando os coloridos’ homossexuais) propositalmente separados do boneco escuro (representando o heterossexual), este figurativamente, com cara de mau, olhando para aqueles, dando socos no ar ou furiosamente retirando a mão ao lado dos homossexuais é ESCROTO, incita a violência e a discriminação.

A tal ajuda é para “CASA DO HETEROSSEXUAL” em letras bem grandes, e abaixo, em minúsculas, pejorativamente, indica, “Porto Alegre – RS”, de onde ele é natural.

Num só embalo sugere dois sentimentos desfavoráveis e preconceituosos, em letras, proporções e consequências diferentes, é claro.

Basta ler os comentários de seus asseclas para constatar como foi inspirativo para alguns liberar, ainda mais, a discriminação.

A mensagem para os heterossexuais de Porto Alegre é dúbia e pode até ser entendida como questionamente através da sátira, mas reafirma também uma pretensão de chacota preconceituosa, devidamente minimizada.
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Em relação aos LGBTs é diferente. É frontal, grandiosa e nada dúbia. Para débeis mentais talvez exista muita graça nesta ‘piada’, mas não para homossexuais que levam porrada nas ruas por homofóbicos e nem para aqueles que sofrem humilhações com piadinhas da mesma espécie em ambientes de trabalho, familiar e social, de uma forma geral.
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A expressão visual dos desenhos, a escolha do tamanho da fonte para cada palavra, seu comentário ao lado da foto, declaram a postura adotada pelo Rafinha na expressão desejada quando trata desse ou outro assunto.
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Sempre ouvi uma amiga em comum falar bem do Rafinha, mas passo a desconfiar de sua opinião a respeito deste elemento de dois metros com nome no diminutivo e cara de bobo.

Por fim, para demonstrar o meu bom humor, a sugerida 'estupidez' do machinho 'grande bobo' também se trata apenas de uma piadinha, com mero intuito de ser engraçado para os leitores. É lógico!
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foto 2: Ferruccio Silvestro, de 19 anos, agredido por homofóbicos em Niterói

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Inteligência homofóbica da CIA


Saiu na Folha de São Paulo a notícia: a "CIA cogitou ideia de criar "farsa gay" com Saddam, diz "Post"

"O jornal americano "The Washington Post" publicou nesta quinta-feira (25) no blog do jornalista Jeff Stein, sobre inteligência e espionagem, que uma unidade especial da agência de inteligência americana, a CIA, chegou a cogitar um plano secreto de "montar" uma farsa mostrando Saddam Hussein como sendo homossexual durante a invasão do Iraque, em 2003.

A ideia era de criar um vídeo mostrando o ditador mantendo relações sexuais com um menino adolescente, de acordo com dois ex-oficiais da CIA envolvidos pelo projeto, diz o jornal."

Incrível como a Inteligência americana é preconceituosa e reafirma seu preconceito ao associar uma figura a homossexualidade para desqualificá-la.

Na mesma matéria antes transcrita, há ainda outra revelação:

"A unidade chegou a fazer um vídeo mostrando Osama bin Laden e seus parceiros sentados ao redor de uma fogueira com garrafas de bebida alcoólica, tentando seduzir garotos, disse um dos oficiais ao "Washington Post".

Os atores teriam sido escolhidos dentre os "funcionários de pele mais escura" da unidade, disse o oficial.

As ideias nada convencionais também sofreram forte oposição de James Pavitt, na época o chefe da Divisão de Operações da CIA, e seu vice, Hugh Turner, que seguidamente manifestaram-se contra ações do tipo.

As ideias eram obviamente "ridículas", opinou um dos oficiais ao "Post".

"Elas vinham de pessoas que tinham passado a maior parte de suas carreiras na América Latina ou Leste Asiático e não entendiam as nuances culturais da região", disse."

Enfim, a coisa só piora.

Agora a grande Inteligência queria associar a homossexualidade a pedofilia, e não fez porque as idéias eram ridículas, advindas de inteligências vindo de uma carreira na "América Latina" ou Leste Asiático.

Evidente que justificativas seriam fáceis de dar nestas duas situações, pois os países em questão envolvidos são homofóbicos no superlativo. Mas não engulo. É a fome com a vontade de comer: lançar a homossexualidade como algo terrível para aqueles que são extremamente maus e merecem castigo!

Definitivamente, estes integrantes da CIA poderiam se candidatar a cargos políticos no nosso Congresso Nacional. Seria uma "inteligência" só reunida num mesmo lugar. O ranço homofóbico bombaria.


foto: www.acc-tv.com/images/globalnews/gp_cia_0107.jpg

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Travestis, muitas vezes vítimas da sociedade, e outras, de si mesmas



Infelizmente mesmo quando nos sensibilizamos com as mais injustiçadas e discriminadas entre as letrinhas da sigla LGBT, as Travestis, assistimos uma faceta que a realidade não quer nos poupar: a violência.

Hoje no programa que cada vez sou mais fã, Profissão Repórter, o jornalista Felipe Suhre registrou a rotina de Luana, travesti desde os onze, e acompanha seu trabalho durante quatro noites na Lapa do Rio de Janeiro.

Luana, sabidamente vigiada pelas câmeras da mais poderosa televisão brasileira e carregando um microfone oculto, depois de vender um peixe de um hipotético poder sobre as outras travestis, ser possuidora de mais de um imóvel e que habitualmente viaja para Itália, durante quatro noites tenta conquistar um cliente para fazer um programa, SEM CONSEGUIR. Luana estava ciente que as mesmas câmeras filmavam suas colegas de labuta saírem sem dificuldades com clientes, até três delas juntas. Num ato de vaidade ferida, raiva e principalmente, querendo parecer que estava 'saindo por cima' de uma situação na qual provavelmente se sentia exageradamente humilhada, fez o que de pior poderia: covardemente bateu de forma violenta num rapaz que sabia estar bêbado ou drogado e que não levou a cabo a promessa do programa, a qual ela já suspeitava não se efetivar.
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O jornalista Felipe Suhre me pareceu honesto quando disse não saber como reagir àquela situação, mas deveria saber. Se não na qualidade de jornalista, como cidadão. Sua intervenção diante daquela violência era obrigatória. Ele pode até ser supostamente incriminado por omissão de socorro, já que deixou de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa temporariamente inválida, desamparada e em iminente perigo de vida, ou mesmo por não pedir socorro da autoridade policial. O cinegrafista não deveria, até por força de seu papel naquele momento, de deixar de realizar o papel que era dele esperado, gravar a cena, mas o Jornalista Felipe apenas cruzou os braços e assistiu.
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A cena criminosa filmada não “caiu” e a edição preferiu pagar o preço da provável cobrança que surgirá desta omissão que deixar de mostrar um flagrante real. Até aqui correto, pois fez parte da realidade que um programa jornalístico não poderia se furtar a apresentar.
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No entanto, a atitude do jornalista não foi o único deslize.
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A pauta indicava três situações diferentes com enfoque no mesmo tema: prostituição. Uma prostituta de hotel de luxo, uma prostituta de bordel e uma prostituta travesti que fazia ponto na esquina de rua.

Não chegou a surpreender o fato da Renata, prostituta 'de luxo', possuir um estilo de vida comum, ser fofa e tudo parecer muito normal. Business! Tempo é dinheiro!

A prostituta 'de bordel', Ana Paula, emociona, dá vontade de dar colo, saltava da tela seu efeito empático, desprovida de qualquer pretensão, com naturalidade e sem vitimismo, revela seu desamparo num histórico de ausência de formação cultural e intervenção social, nascida de prostituta no nordeste e sobrevivendo na profissão que conheceu, mas com muita dignidade, afetividade e respeito pelo próximo. Linda ela, se sensibiliza com a inteligência de uma criança, seu filho. Mãe solteira de uma gravidez de cliente, a qual pretende cuidar sozinha, que mesmo de barrigão está ali, no bordel, literalmente trabalhando.

Novamente, voltamos a Luana, a travesti. De todas as versões de prostitutas já era, previamente, a mais discriminada, por ser a da esquina e, principalmente por ser travesti.

Ao ser apresentada a história da prostituta travesti os responsáveis pelo programa sabiam que, em rede nacional, perante os telespectadores, todas as travestis existentes seriam maculadas pela imagem daquela travesti escolhida por eles.

Luana fez o que fez, mas em nome da ética e da responsabilidade social que carrega um programa sério de jornalismo, o mínimo que poderia se esperar era que além de apresentar aquela travesti aparentemente decadente e violenta, também demonstrasse a história de outra prostituta travesti de rua, a maioria delas, que fosse tão digna quanto as outras prostitutas heterossexuais apresentadas no programa.

Profissão Repórter não estaria agindo com parcialidade, mas justiça. Afinal, a ênfase do preconceito contra as travestis já é pintada com cores fortes na sociedade, são publicamente alvos de violências nas ruas e, entre todas as prostitutas, são aquelas que mais sofrem discriminação, inclusive, com dificuldade infinitamente maior de serem acolhidas em outras atividades profissionais.

Na minha opinião, dois erros graves existiram desta vez no programa. Mostrou a omissão de socorro de um jornalista e uma grave e culposa atuação da direção do Profissão Repórter ao deixar de procurar apresentar a realidade – da média – das travestis prostitutas de rua, acentuando uma discriminação já tão forte e cheia de consequências fatais.
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Quanto a Luana, esta errou por ela e, ilogicamente, como onda sísmica, por todas as travestis inocentes que lá não estavam.
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terça-feira, 25 de maio de 2010

Povo do Estado do Rio de Janeiro, você sabe quem é o Deputado Federal Jair Bolsonaro? Será?!

É aquele Militar reformado que virou político que não se fixa em Partidos. Já mudou de partidos políticos pelo menos 07 vezes: foi do PDC (1989-1993), PP (1993), PPR (1993-1995); PPB (1995-2003); PTB (2003-2005), PFL (2005),PP (2005-2010).

A sua assiduidade em Comissões Permanentes e Especiais em que é titular, atualizado pelo congresso em foco, até abril de 2010, dá conta que o Deputado de 226 sessões, faltou praticamente a metade, ou seja 50%, 114 delas, sendo apenas 18 justificadas. Faltou as sessões plenárias pelo menos 34 vezes.

Defende a tortura, a censura, o nepotismo e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente.

Na entrevista dada para a revista ‘Isto É”, no ano de 2000, deu as seguintes declarações:

Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.

A polícia agiu corretamente no Carandiru?
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.

Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.

Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.

O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.

Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não
. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.

Esta pérola de Deputado, já até pregou o fechamento do Congresso!

"Para o crime que FHC está cometendo contra o país sua pena devia ser o fuzilamento." (dezembro de 1999)

"Isso é que dá torturar e não matar." (junho de 1999, sobre as acusações de tortura do ex-padre José Antônio Monteiro que levaram à demissão do delegado João Batista Campelo da Polícia Federal)

"Se fuzilassem 30000 corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o país estaria melhor." (maio de 1999)

"Se fosse o presidente, fecharia o Congresso, porque ele não funciona."
(maio de 1999)

"O grande erro da ditadura foi não matar vagabundos e canalhas como Fernando Henrique." (julho de 1997)

"Gastaram muito chumbo com o Lamarca. Ele devia ter sido morto a coronhadas." (julho de 1996)

Evidente, Jair Bolsonaro também já se manifestou contra gays nas forças armadas, e nesta oportunidade, mencionou sua opinião sobre o orgulho gay:

“Um casal unido sob a benção de Deus, ao esperar um filho, nunca diz que teria orgulho se o mesmo se revelasse gay no futuro. Que hipocrisia é esta de passeatas de “orgulho” gay?
Respeitemos a opção sexual dessa minoria, mas não podemos tolerar quando estes querem que os aceitemos, no seio de nossa família, ou em algumas profissões, como se isto fosse um padrão de vida para servir de exemplo e orgulho para todos.”

Quando o STJ manteve a adoção de crianças por casal de mulheres, causando polêmica e controvérsias entre parlamentares, o deputado Jair Bolsonaro, falou sobre princípios morais e constrangimentos para a criança.

"Acho uma excrescência, não religiosamente falando, mas do aspecto moral. Acho que o STJ também deveria deliberar quem seria chamado de papai e de mamãe. Realmente é o fim da família. Que saudade do regime militar, onde a família estava em primeiro lugar. Lamento a decisão do STJ."

Recentemente, em 12/05/2010, quando o nobre deputado se juntou aos parlamentares evangélicos que atacavam a união homossexual, soltando nova pérola, nada surpreendente, vindo dele:

"Fico imaginando um filho de 12 anos de idade indo para a escola sendo perguntado pelo colega: ‘Joãozinho, a sua mãe é o careca ou o bigodudo’? Eu preferia não ser adotado por ninguém”, ironizou Bolsonaro. “Entendo que o legislador é pra enquadrar as minorias e legislar para as maiorias”, acrescentou o deputado fluminense.

O político em questão, obviamente, respondeu algumas denúncias na Corregedoria da Câmara de Deputados. OITO!!! Mas foi absolvido.

Isto mesmo, a Corregedoria arquivou oito denúncias contra Jair Bolsonaro (PP-RJ), que chamou o presidente Lula de “homossexual” e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de “especialista em assalto e furto”, e tripudiou busca por mortos na Guerrilha do Araguaia.

O então corregedor da Casa, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), sugeriu que o parlamentar fosse apenas “alertado" de que, em caso de reincidência, poderá responder a processo por quebra de decoro parlamentar.

No governo Fernando Henrique Cardoso, a Câmara foi menos complacente com o parlamentar fluminense. Em programa exibido pela TV Bandeirantes em 2000, o deputado sugeriu o fechamento do Congresso. E, para espanto dos entrevistadores, afirmou que durante a ditadura militar deveriam ter sido fuzilados "uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso". Por pregar o fuzilamento do então presidente da República, a Mesa Diretora decidiu, em fevereiro daquele ano, suspender o mandato do deputado por 30 dias. Capitão e paraquedista do Exército, Bolsonaro é o único parlamentar a defender abertamente a ditadura militar.

O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff entraram na mira de tiro da metralhadora verbal de Bolsonaro em 23 de junho de 2005, durante pronunciamento feito na Câmara. "Cumprimento o presidente Lula por ter nomeado para a Casa Civil uma pessoa técnica, especialista em assalto e furto", disse Bolsonaro, ao se referir à nomeação da ministra-chefe da Casa Civil.

No mesmo discurso, o deputado chamou o presidente de “homossexual”. "Se a corrupção existe nesta Casa, quem a pratica, o homossexual ativo, é o presidente Lula. Temos de começar um movimento para desbancar o presidente da República. Não queremos homossexual passivo, nem ativo, neste governo", afirmou.

As frases homofóbicas levaram o Grupo Dignidade - pela Cidadania de Gays Lésbicas e Transgêneros a representar o deputado. A representação foi encabeçada ainda pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e pela então deputada Teresinha Fernandes (PT-MA).

Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi retratado como "terrorista, precursor de Bin Laden e especialista em tortura, sequestro e carro-bomba". Quando comandava o Ministério da Justiça, o advogado Márcio Thomas Bastos foi apontado por ele como "defensor de marginais de alta periculosidade". Aos petistas, Bolsonaro disse que eram "piores do que baratas".

Na porta de seu gabinete, o deputado do PP afixou um cartaz ironizando a procura dos restos mortais dos militantes de esquerda desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia. O cartaz dizia:

Desaparecidos da Guerrilha do Araguaia: quem procura osso é cachorro”.


"Coloquei cartaz mesmo, pois estão usando dinheiro público para coisas inúteis. Não sei por que eles estão reclamando. Essa ditadura foi uma ditadura de merda, pois sumiram só 300 pessoas; e em Cuba, na ditadura do Fidel, foram 17 mil mortos", dispara Bolsonaro.Por causa do cartaz, o PCdoB ingressou na Câmara com pedido de instauração de processo ético-disciplinar contra o deputado. ACM Neto também arquivou essa representação e pediu apenas que o cartaz fosse retirado da porta do gabinete de Bolsonaro.

O Deputado Jair Bolsonaro também já ganhou o prestigioso Prêmio ‘Pau de Sebo’, concedido pelo Luiz Mott do GGB, por referir-se aos homossexuais como "boiolas" em discurso na Câmara e por declarar: "não queremos homossexual passivo nemativo neste governo!"

Você acha já extenso o currículo do Deputado Federal Bolsonaro? Mas não pense você que para por aqui.

Em relação ao nepotismo e as verbas públicas o Deputado Jair Bolsonaro também defende com a mesma garra suas convicções.

Quanto a contratação de familiares, o deputado Jair Bolsonaro (PFL-RJ) defendeu a prática dizendo "que só quem é casado com uma jumenta é que defende o fim do nepotismo", classificando o debate de "demagogia", "palhaçada" e "hipocrisia". Enfim, ele que já empregou filho e mulher no gabinete, defendeu a contratação de parentes que não são "jumentos".

Quando foi realizada uma matéria, pelo jornalista Lucio Vaz, da farra do dinheiro público sob título, “Voando com dinheiro público”, descobrimos também que Jair Bolsonaro (PP-RJ) guardou a maior parte da verba para comprar selos. Ele gastou R$ 54 mil para enviar 90 mil cartas a seus eleitores num só mês.

Mas realmente, acho que a melhor síntese de quem seja o Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi aquela que aconteceu há alguns anos, quando ele colocou um cartaz na porta de seu gabinete na Câmara dos Deputados com os dizeres “Desaparecidos do Araguaia, quem procura osso é cachorro”, zombando das famílias das vítimas e dos esforços do governo federal para encontrar as ossadas dos guerrilheiros mortos pela ditadura e enterradas em local que o Exército nega em revelar. Isto diz bem quem é este deputado.


Em homenagem ao Deputado coloco o vídeo da campanha da OAB/RJ sobre essa mesma questão:



Depois de constatar isto numa mera busca na internet, a pergunta que não quer se calar é: quem são os eleitores do Deputado Jair Bolsonaro??? Será que eles realmente conhecem o histórico político deste homem?

Fontes:
http://www.excelencias.org.br/@casa.php?ft=1
Entrevista em Isto É Gente no ano de 2000
http://www.terra.com.br/istoegente/28/reportagens/entrev_jair.htm
http://veja.abril.com.br/120100/p_049.html
http://odia.terra.com.br/portal/conexaoleitor/html/2010/2/jair_bolsonaro_contra_gays_nas_forcas_armadas_65003.html
(Mott pau de sebo) http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:wTzeYkgVg4kJ:www.ggb.org.br/oscar_2006.html+Jair+Bolsonaro+LGBT&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
quinta-feira, 29 de abril de 2010
STJ mantém adoção de crianças por casal de mulheres
http://menteconservadora.blogspot.com/2010/04/stj-mantem-adocao-de-criancas-por-casal.html
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_publicacao=32902&cod_canal=1
Fonte: Concresso em Foco
http://www.ofir4news.com.br/politica/politica/43996-camara-absolve-deputado-que-xingou-lula-e-dilma
http://www.deunojornal.org.br/materia.asp?mat=146844&pl=Jair Bolsonaro
http://www.deunojornal.org.br/materia.asp?mat=25997&pl=Jair Bolsonaro
http://www.deunojornal.org.br/materia.asp?mat=172459&pl=Jair Bolsonaro
foto: www.jblog.com.br/.../20100118-bolsonarovale.jpg

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Travesti é tratada como lixo humano, fácil de usar, queimar e jogar fora!


Ontem foi noticiado que um estudante de Direito e praticante de jiu-jítsu foi preso em flagrante na manhã de anteontem, sob acusação de ter assassinado um travesti no bairro do Jardim Botânico, zona sul do Rio. De acordo com a delegada da Divisão de Homicídios, Tatiana Queiroz, Leonardo Loeser de Oliveira, de 27 anos, ainda tentou queimar o corpo da vítima. A polícia quer identificar a vítima e suspeita que seja um travesti que trabalhava no centro do Rio, na Lapa.

A delegada responsável pelo inquérito afirmou que afastou a homofobia como causa, uma vez que o assassino tinha hábito de se relacionar com pessoas do mesmo sexo com aparência feminina, segundo palavras dela.
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O problema é mais profundo. Parece que para muitos, como para o assassino em questão, matar, queimar e sumir com o corpo de uma travesti não precisa sequer se tratar de homofobia. E como se travesti fosse uma espécie de lixo humano, descartável, fácil de usar e também de jogar fora.
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O preconceito com as travestis ainda é muito grande. Eu sei bem disto porque, algum dia, vergonhosamente, confesso que também já o tive. Absurdo! Elas são guerreiras, sofrem a discriminação milhões de vezes mais que todos os demais lgbts. A elas são negados desde uma convivência familiar e social comum a todos e até mesmo um mero emprego decente e convencional. Fácil criticar, difícil é estar na pele delas.
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Para se ter idéia de como as travestis são discriminadas, basta constatar que de vítima passou a ser investigada se não seria a algoz, por crime de ameça ou extorsão, e pasmem, para o pai do assassino, o choque não foi descobrir que seu filho é um assassino, mas que se relacionava com uma travesti: "Estamos investigando se ouve ameaça ou extorsão por parte do travesti”, explicou a delegada. Apesar de idoso, o pai do suspeito também foi ouvido pela polícia. “Ele está mais chocado com o fato do filho manter relações homossexuais do que com o crime”.

Na abertura do VII Seminário LGBT no Congresso Nacional, ocorrida no dia 18/05/2010, Keila Simpson (foto acima), vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), emocionou o público do auditório ao ler o texto "História de todas nós" de Rafael MenezesVice Presidente do Grupo Cabo Free. O texto, de forma poética, embora incisiva, fala do cotidiano das travestis, que enfrentam o preconceito na família, na escola, nas ruas e nos serviços públicos, além da violência que torna o Brasil o país campeão mundial de assassinatos de LGBT, com uma morte registrada a cada dois dias.

A sensibilidade de Rafael Menezes (foto ao lado) é grande. Apesar de novo, já foi agraciado com o Troféu Xica Manicongo por seu trabalho na produção de vídeos e Campanhas institucionais de combate ao preconceito e discriminação às travestis e transexuais.

Após a notícia deste horrendo assassinato de mais uma travesti (até o momento anônima) que provavelmente estava na Lapa tentando ganhar a vida para sobreviver, só me resta transcrever para os leitores o texto "História de todas nós" e abaixo juntar o vídeo extraído do youtube, onde mostra a cena de citação da Keila no referido Seminário:

Por Rafael Menezes:

"História de todas nós

Eu sou o avesso do que o Sr. sonhou para o seu filho. Eu sou a sua filha amada pelo avesso. A minha embalagem é de pedra mas meu avesso é de gesso. Toda vez que a pedra bate no gesso, me corta toda por dentro. Eu mesma me corto por dentro, só eu posso, só eu faço. Na carne externa quem me corta é o mesmo que admira esse meu avesso pelo lado de fora. Eu sou a subversão sublime de mim mesma. Sou o que derrama, o que transborda da mulher. Só que essa mulher sou eu, sou o que excede dela.
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Ou seja, eu sou ela com um plus, com um bônus. Sou a mulher que tem força de homem, que tem o coração trabalhado no gelo. Que pode ser várias, uma em cada dia da semana. Eu tenho o cabelo que eu quiser, a unha da cor que eu quiser. Os peitos do tamanho que eu quiser, e do material que puder pagar. O que eu não trocaria por uma armadura medieval , uma prótese blindada talvez. A prova de balas, a prova de facas. Uma prótese dura o suficiente para me proteger de um tiro e maleável o suficiente para ainda deixar o amor entrar.

Bailarina troglodita de pernas de pau. Eu fui expulsa da escola de dança e aprovada em primeiro lugar na escola da vida. Vestibular de morte, na cadeira da “bombadeira”, minha primeira lição. Era a pele que crescia e me dava a aparência que eu sonhava. Conosco, a beleza e a morte andam de mãos dadas.

No mesmo trilho de uma vida marcada por dedos que apontam ate o fim da existecia.
Na minha esquina. Sim, aqui as esquinas tem donos. A noite, meninas como eu ou como outra qualquer, usando um pedaço de tecido fingindo ser uma saia, brincos enormes, capazes de fazer uma mulher comum perder o equilíbrio e um salto de acrílico de altura inimaginável, que a faz sentir-se inatingível. Ela merece uma medalha.

Para um carro, um homem ao volante que deixa em casa sua mulher, e quer ser mulher, ate mais feminina que nós talvez. Porque dessa vez os litros de silicone, os cabelos tingidos, os brincos enormes, o saltos altíssimos não impressionaram a ele. Seu desejo é pelo que ela não mostra nas ruas, ela vai ter que se ver como homem mais uma vez. E a vida segue. Muitas morrem, outras nascem cada vez mais novas. E assim elas vão, desviando dos tiros, esbarrando no preconceito, correndo da polícia. Mas sempre com um batom nos lábios, um belo salto nos pés e na maioria das vezes um vazio no coração.

Ela não precisa de redenção."

sábado, 22 de maio de 2010

Vozes Simpatizantes de dentro da Igreja Católica na Argentina

A voz de outra Igreja

Doze padres de Córdoba, na Argentina, se manifestaram a favor do casamento gay e questionaram a hierarquia católica. "Jesus jamais condenou os homossexuais", disseram.
A reportagem é do jornal Página/12, 20-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Um grupo de 12 sacerdotes de Córdoba manifestou nesta quarta-feira sua posição favorável à lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo e criticou a hierarquia eclesiástica católica por citar o direito natural para rejeitar a reforma ao Código Civil que é debatida no Congresso argentino. "Citar a 'lei natural' para se opôr a essa legislação é só uma posição fixista, dura, congelada da realidade pretendida como 'natural', sem entender os complexos processos naturais", advertiram os religiosos, integrantes da agrupação Sacerdotes do Terceiro Mundo Enrique Angelelli.

Diante da meia sanção que o projeto de lei recebeu na Câmara dos Deputados e o início do debate no Senado, os padres consideraram que "aprovar, acompanhar e aprofundar" a iniciativa os "coloca no caminho do Evangelho de Jesus".

A opinião favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo foi difundida em uma declaração chamada "Contribuições ao debate sobre as modificações à lei do casamento civil", que foi assinada pelo grupo de sacerdotes que é presidido pelo presbítero Nicolás Alessio, pároco de San Cayetano, da cidade de Córdoba.

Após lembrar que "Jesus jamais condenou nem mencionou a homossexualidade", os religiosos reiteraram que são a favor de "uma lei que permita que pessoas do mesmo sexo sejam 'matrimônio' e vivam profundamente o amor e a sexualidade". Além disso, disseram entender a homossexualidade como "uma maneira distinta, diferente, diversa de viver a sexualidade e o amor".

Os sacerdotes, que integram a arquidiocese de Córdoba, estimam que "um legislador pode professar profundamente sua fé cristã e católica" e, por sua vez, "com total liberdade de consciência, pensar, definir e agir diferentemente ao que a hierarquia eclesial propõe".

"Jesus jamais condenou nem mencionou a homossexualidade. Enfrentou, sim, os soberbos, os que se acreditavam puros, os que tinham o poder opressor, os que escravizavam, os que humilhavam. Sempre pôs a lei a serviço de uma maior humanização e, sobretudo, os proscritos, os esquecidos, os últimos", indicaram no documento.

Em declarações em rádio, Alessio reconheceu que as opiniões do grupo se encontram "nas antípodas" do Episcopado. "Somos a favor de uma igualdade de direitos, do casamento, da família de homossexuais, da família gay", considerou. E defendeu que "os que não querem que o casamento gay adote 'filhos' é porque, no fundo, consideram que são doentes" e "partem desse prejuízo".

"Mas se partimos da base de que são pessoas tão normais como você e como eu, porque não vão poder adotar?", perguntou Alessio.

A Comissão Episcopal de Acompanhamento Legislativo, que é presidida pelo bispo Antonio Marino, havia ratificado sua "total rejeição" ao projeto aprovado na Câmara, especialmente que os casais de mesmo sexo possam adotar crianças.

A Comunidade Homossexual Argentina (CHA) elogiou o documento. "Deve ser muito reconfortante para os cristãos que existam outras vozes dentro da Igreja, que, no marco dos mesmos evangelhos, tenham outra postura não discriminatória sobre o amor entre duas pessoas do mesmo sexo", ressaltou César Cigliutti, presidente da CHA.

O grupo afirma também que há um “fundamentalismo anacrônico" naqueles que citam a Bíblia para "justificar seus próprios preconceitos".

A reação do bispo de Córdoba foi imediata. Segundo a agência de notícias estatal argentina, Télam, ele divulgou um comunicado afirmando que as declarações de Alessio e dos outros onze "não representa de forma alguma o sentimento da Igreja Católica" e pediu que os senadores de Córdoba se oponham "para o bem do país e de suas futuras gerações."

Para Alessio, “nem os bispos nem o Papa aceitam a realidade, de que hoje vivemos em um mundo plural”.

Em Córdoba, segundo pesquisas realizadas por institutos privados, 53,4 % da população é contra a lei que estende o casamento civil para homossexuais. Alessio tem consciência. "A Córdoba tradicional é conservadora, por isso nos castigam por todos os lados e nos repudiam. Mas é preciso saber que há outro Córdoba, de uma sociedade com pessoas abertas".

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Há risco de falso resultado positivo de HIV após vacina H1N1


JB Online publicou e confirmei na página do Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Sáude. É fato.

" O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, liberou uma nota técnica número 128/2010 sobre a possibilidade de resultados falso-positivos em testes imunoenzimáticos para HIV entre pessoas que receberam a vacina contra Influenza A (H1N1). A nota, que você pode ler na íntegra logo abaixo, é categórica ao afirmar que deve-se ter muita cautela na divulgação dos resultados. Ela está circulando de maneira restrita entre médicos. A nota diz ainda que tal fato foi constatado em exames feitos após a vacinação. "Isso ocorre porque ao tomar a vacina, o corpo começou a produzir anticorpos Imunoglobina M (IgM), que é produzido diante da primeira exposição a um antígeno", afirma.

A seguir, a íntegra da nota:

"Saúde alerta sobre risco de resultado falso positivo em testes de HIV de pessoas que tomaram vacina contra H1N1
O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, através do Ministério da Saúde, orientou aos serviços de saúde sobre a possibilidade de obtenção de resultado falso positivo em testes imunienzimáticos, realizados para detectar anticorpos contra o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) do tipo 1.

De acordo com a Nota Técnica nº 02/2010 - GGSTO/DIDBB/ANVISA, de 08 de março de 2010, devido à forma acelerada de produção industrial da vacina contra do vírus da Influenza A (H1N1), com a utilização de novas tecnologias de produção e adjuvantes, não há no momento dados disponíveis sobre todos os efeitos adversos, porém foi observado que pessoas que tomaram a vacina, ao fazer o teste de HIV-1 apresentaram resultado falso positivo, ou seja, os resultados indicam que o vírus está presente, quando, na verdade, não está.

Isso ocorre porque ao tomar a vacina, o corpo começou a produzir anticorpos Imunoglobina M (IgM), que é produzido diante da primeira exposição à um antígeno. E reações não específicas ou a presença de anticorpos dirigidos a outros agentes infecciosos que podem ser antigenicamente similares ao HIV podem produzir resultados falso positivo no teste.

Segundo a orientação, em caso de amostras reagentes nos testes de HIV-1, é recomendada a realização de outro teste para verificado o resultado, sendo que este segundo não deve ser reagente em caso de reação cruzada com anticorpos produzidos em resposta à vacina contra o vírus Influenza A.

Porém, o resultado negativo nestes testes, não descarta a infecção pelo HIV, já que o paciente pode estar no estado de soro conversão, ou ainda, estar com outra enfermidade que interfira nos resultados do teste de HIV.

Nestes casos, a investigação deve ser realizada até o resultado final do diagnóstico para o vírus, ou até que a reatividade cruzada da IgM produzida contra a vacina seja desfeita em relação aos testes de HIV-1.

Os profissionais de saúde ficam responsáveis pelo diagnóstico sorológico do HIV-1, e devem informar aos pacientes que receberam a vacina contra o vírus H1N1, sobre a possibilidade de resultado falso-positivo nos testes que detectam o vírus da Aids. Caso necessário, também devem convocar os pacientes para a realização de nova coleta após 30 dias, até que o diagnóstico seja definitivo.
Para conferir a nota, disponível também no site www.aids.gov.br (links documentos e publicações, lista completa):

foto: Sionelly Leite/Alagoas24horas/Arquivo

Padre Polonês cria "masmorra erótica" na Igreja Divino Espírito Santo no RJ


A Justiça do Rio enviou nesta sexta-feira à Polícia Civil o decreto de prisão preventiva do padre polonês Marcin Michal Strachanowski, 44, suspeito de transformar a casa paroquial da igreja Divino Espírito Santo, em Realengo (zona oeste), numa espécie de "masmorra erótica".

Policiais da 33ª DP (Realengo) fazem buscas para tentar localizar o sacerdote.

O padre não foi localizado na paróquia nesta manhã. Segundo a polícia, o passaporte do suspeito foi apreendido no ano passado e a Polícia Federal já foi alertada.

O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) informou que o pedidode prisão foi decretado na quinta-feira (20) pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão Dias Teixeira. Segundo a denúnciado Ministério Público Estadual, o religioso teria algemado um jovem, na época com 16 anos, a uma cama e feito sexo oral nele, na casa paroquial.

A vítima afirmou que o sacerdote chegou a oferecer dinheiro com a exigência de "silêncio" e o ameaçou, dizendo que "já sabia as flores que colocaria em seu caixão".

"As provas colhidas durante a investigação apontam o indiciado como uma pessoa compulsivamente ligada a sexo com adolescentes. O acusado arregimentava esse rebanho de inocentes jovens para levá-los a sua casa paroquial, subestimando sua alta relevância espiritual para transformá-la numa espécie de 'masmorra erótica' onde submetia estes jovens, inclusive com emprego de algemas, as orgias descritas entre risos nas 'conversinhas' mantidas com seus amigos na internet", escreveu o juiz na decisão.

No processo, o jovem detalha as tentativas do padre em aliciá-lo, inclusive com "beijos lascivos mediante emprego de constrangimento". O adolescente havia deixado a igreja em 2006, após dois anos servindo como coroinha, mas o sacerdote o convenceu a voltar a frequentar a paróquia em 2007. O abuso teria ocorrido próximo ao Carnaval daquele ano.

"Ele solicitou a presença do jovem na casa paroquial, que estava deserta. No quarto, no segundo andar, após algemá-lo à cama, o despiu e nele praticou sexo oral e tentativa de sexo anal ", mostra a denúncia.

Ainda de acordo com a denúncia, em 2006 a vítima --que exercia a função de coroinha na paróquia-- se desligou do grupo religioso, sendo novamente procurado pelo padre denunciado no final do mesmo ano e no início de 2007, ocasião em que iniciaram conversação e troca de correspondências e mensagens de "cunho pornográfico" via internet.

"O denunciado, ainda usando de coerção, colocou um dinheiro no bolso da vítima, e exigiu silêncio, ameaçando que todos ficariam sabendo do ocorrido. Posteriormente, percebendo a recusa do menor em receber suas ligações, o denunciado, ao ser atendido ameaçou de morte a vítima. E o perfil desenhado pela prova indiciaria sua franca capacidade de usar sua postura de padre para executar 'lavagem cerebral'", destaca a denúncia.

O padre é acusado pelos crimes contra os costumes e corrupção de menores. Se condenado por atentado violento ao pudor, ele pode pegar até dez anos de prisão. Embora o crime atualmente tenha sido revogado por lei, à época dos fatos estava previsto no Código Penal.

Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 1ª Vara Criminal de Bangu, na zona oeste, afirmou que o religioso transformou a Casa Paroquial numa espécie de "masmorra erótica". "Os indícios brilhantemente colhidos durante a investigação apontam o indiciado como uma pessoa compulsivamente ligada a sexo com adolescentes", afirmou o magistrado.
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Em nota divulgada hoje, a Arquidiocese do Rio de Janeiro informou que "lamenta o ocorrido" e afirma que "o referido sacerdote já se encontra suspenso de suas funções paroquiais". A arquidiocese afirmou que, além do processo criminal, também corre o processo canônico que foi instruído pelo Tribunal Eclesiástico.
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O padre está errado, sem dúvida. Mas que essa história parece mal contada, isto parece.
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Vamos combinar que um jovem de 16 anos que chega a se deixar algemar numa ato preparatório de jogo sexual, não parece que tenha sido "coagido" como a notícia informa. Tampouco alguém com esta idade, nos dias de hoje, é tolo e não sabe se expressar para dizer 'sim' ou 'não' para uma cantada sexual. Tanto é assim, que o sexo anal não foi consentido.
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Há abuso, sem dúvida, do padre que se vale de sua batina e da subordinação de um coroinha. No entanto, parece que algumas pessoas estão tentando se aproveitar dos escandâlos e dos abusos dos padres para tirarem alguma vantagem econômica da Igreja Católica.
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Um erro não justifica outro. Ainda assim a Igreja bem que merece essa bordoada, já que o celibato me parece ser justificado muito mais na proteção dos bens da igreja, para que os padres não tenham que deixar bens e pensões para herdeiros que realmente um dogma celestial.
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Governador de São Paulo instituiu o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT



São Paulo ganhou de presente na semana de combate a homofobia o DECRETO Nº 55.839, DE 18 DE MAIO DE 2010.

Nele o Governador do Estado de São Paulo, ALBERTO GOLDMAN, no uso de suas atribuições legais, instituiu o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT, composto por metas e ações a serem cumpridas no biênio 2010-2011.

O cumprimento das metas e ações que compõem o Plano será acompanhado e monitorado, nos respectivos âmbitos de atuação, pela Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo com o auxílio do Comitê Intersecretarial de Defesa da Diversidade Sexual, e pelo Conselho Estadual dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.


Entre as metas propostas, estão:


- capacitações de agentes públicos;


- campanhas institucionais;


-promoção da Lei Estadual Anti-Homofobia (Lei 10.948/01);


- Promoção do decreto que garante o tratamento pelo nome social para travestis e transexuais;


- inclusão da temática da diversidade sexual no curso de formação de policiais;


- o levantamento de estatísticas a respeito de crimes homofóbicos no estado;


-a ampliação da DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).



O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro estado a contabilizar oficialmente os crimes decorrentes de homofobia. O Superintendente Cláudio Nascimento revelou ter alcançado, em um ano, o registro de 300 casos policiais.

O Estado de São Paulo determinar que se faça o mesmo é de altíssima relevância para o País, pois além de ser o estado mais populoso, também é referencial até por possuir a Maior Parada Gay do Mundo.

Significa dizer que a homofobia sairá de debaixo do tapete e se tornará pública, obrigando o Estado a se confrontar com esta doença social.

O Estado de São Paulo está bem aparelhado na política governamental LGBT e nem poderia ser diferente. Não fez favor, cumpriu sua obrigação. Nem por isso, deixa de merecer parabéns, assim como seus militântes LGBTs locais, sem os quais, certamente, nada disto ocorreria.

*Foto Goldman extraída do site http://rogeliocasado.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ocorre a 1ª Marcha Nacional Contra a Homofobia em Brasília pelo reconhecimento da cidadania LGBT


Tem sido uma semana muito próspera em Brasília e o dia 19 de maio ficou registrada a 1ª. Marcha Nacional Contra a Homofobia.

Os esforços dos militantes para organizar este evento nacional foi imenso. O número de LGBTs presentes a Marcha (estimado em 10.000 pelos organizadores e 2000 pela polícia local) não representou, nem de longe, o número real daqueles que gostariam de estar presente ao evento.

As caravanas que se dirigiram a Esplanada dos Ministérios, infelizmente, não tiveram condições de acolher o número de LGBTs que desejava se dirigir a Brasília e estar com os demais na luta pelos seus direitos. Brasília é longe para vários cidadãos LGBTs brasileiros e a viagem de ônibus foi longa e penosa. Mas cada um deles nos representou. Estou orgulhoso pelo evento e dos LGBTs presentes. Não tivesse uma audiência hoje, teria comprado uma passagem e estaria lá, não só para estar ombro a ombro com os colegas, mas pelo prazer de lutar e assistir alguns fatos que somente soube por correspondências e jornais.

Não teria preço, por exemplo, VAIAR MUITO, mas muito mesmo Magno Malta (PR-ES), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Gerson Camata (PMDB-ES) em frente ao Congresso, em conjunto da multidão lgbt O valor gasto com a passagem aérea teria representado uma gorjeta, diante de tal prazer. Vaiar em grupo esses senadores, não tem preço!

E infelizmente perdi também os gays darem uma “situada” nos humoristas, Carioca e Cezar Polvilho, do Pânico na TV, que estavam trajados de Dicesar e Serginho, que foram a marcha fazer graça se valendo de entrevistas jocosas com as travestis presentes. Depois de horas de viagem, num protesto tão importante e sério para vida de todos os LGBTs, ver travestis serem debochados por estes dois jornalistas, fez com os gays presentes reagissem de forma imediata, cercando-os para impedir que continuassem o desrespeito em outras entrevistas. Um LGBT presente gravou o momento e ao final você pode assistir o ocorrido.

De fato o que se constata é que a Marcha não era um carnaval e nenhuma festa. Todos estavam ali como cidadãos para lutar por seus direitos e como tal, exigiam, no mínimo, respeito.

A mídia nacional não se interessou muito pelo evento e, por uma dessas infelizes coincidências, perdeu o foco de interesse por outros acontecimentos, no mesmo dia, não menos importantes, como as vitoriosas votações do projeto lei Ficha Limpa e reajuste dos aposentados no Senado e a invasão dos índios a Câmara de Deputados.

A importância da marcha não se cingia a mídia. Ela representou, na realidade, a expressão da maturidade da militância pelos direitos lgbts. Ninguém estava ali com o primeiro intuito de diversão, tratava-se antes, de uma reivindicação. Fez certamente uma grande diferença na conscientização do militante lgbt e, principalmente, para aqueles a quem se dirigem as reclamações, nossos políticos do Poder Legislativo.

Perceptivelmente, uma coisa é ouvir ou ler a respeito das demandas LGBTs, outra diversa é ter no seu calcanhar essas pessoas, com rostos, falas e reivindicações. Inclusive, legitima não só representantes de associações LGBTs como o corpo de políticos que integram a Frente Parlamentar da Cidadania LGBT.

Aliás, observando na TV Senado os aposentados que, durante dois dias inteiros, encheram o plenário do Senado Federal para exigir a aprovação do projeto que lhes favoreciam, ainda que todos os políticos estivessem voltados para a votação da Ficha Limpa, notava-se, com clareza cristalina, junto a cada um dos Senadores, a diferença perpetrada por aquelas presenças.
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Após a 1ª. Marcha Nacional, o presidente em exercício da Câmara, Marco Maia (PT-RS), recebeu representantes de movimentos em favor dos direitos dos homossexuais, acompanhados por integrantes da Frente Parlamentar da Cidadania LGBT, deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e Pérpetua Almeida (PCdoB-AC), em que a principal vindicação foi a aprovação do Projeto de Lei 4914/09, do deputado José Genoíno (PT-SP), que aplica à união estável de pessoas do mesmo sexo os dispositivos do Código Civil referentes a união estável entre homem e mulher, com exceção do artigo que trata sobre a conversão em casamento.
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O presidente em exercício da Câmara lembrou que o projeto está sendo analisado neste momento pela Comissão de Seguridade Social e Família e que acompanhará seu andamento através da Frente Parlamentar. Como se pode notar, como é difícil obter alguma coisa deste Poder Legislativo!!!
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Enquanto isto, novas vitórias se somam, administrativamente, no Poder Executivo. Conforme, recentemente, havia prometido a diretora de Promoção de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência, Lena Peres, o Ministério do Planejamento publicou no Diário Oficial uma Portaria garantindo o direito das servidoras públicos federais travestis ou transexuais de usarem o nome social (como preferem ser chamados) em cadastros dos órgãos em que trabalham e até nos crachás de identificação, assim como, também largamente noticiado, outro benefício foi reconhecido pela mesma administração pública federal, através do Itamaraty, que passou a conceder passaportes diplomáticos ou oficiais para companheiros de servidores homossexuais que trabalham nas representações do Brasil no exterior.
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Donde se chega à conclusão que vivemos dentro de um país cheio de contrates. Alguns possuem direitos e outros não. Se uma lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual for um funcionário público federal, terá reconhecidos inúmeros direitos que os cidadãos lgbts comuns não têm. Estes continuam a depender de uma demanda judicial vitoriosa para verem alguns de seus direitos reconhecidos. Tudo isto por causa do Poder Legislativo e seus políticos homofóbicos, que se negam reconhecer os LGBTs como cidadãos que pagam impostos e devem ter, igualmente, seus direitos garantidos constitucionalmente, finalmente reconhecidos.
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Fotos:
1-site UOL Elza Fiúza/ABr
2- Pânico na TV - site MundoMais
3-Agência Câmara de Notícias - JBatista

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eleições 2010: Mineiros, quem é esse homem, Deputado Federal Miguel Martini (PHS-MG)?

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Hoje descobri.

Até agora não sei se por sorte ou azar.

Realmente terei que reconhecer o fator “sorte” se considerar que ele não costuma aparecer muito às sessões da Câmara Federal e muito "azar" por justamente quando este político resolve aparecer eu tenho a infelicidade de me encontrar com suas falas mofadas.

A melhor definição para dizer quem é ele talvez seja a informação que consta no site congresso em foco, reiterada em, 01 de Fevereiro de 2010, através do site DIVINEWS, com a seguinte chamada: “Deputado de Minas Miguel Martini (PHS) é o maior gazeteiro da Câmara Federal – 95,7% – (110 faltas, todas justificadas) - veja os outros mineiros”.

Portanto, a resposta é que se trata do deputado federal CAMPEÃO DE FALTAS às sessões no Congresso no ano de 2009. Na realidade, de 115 sessões, esteve presente apenas em 05 delas, isto mesmo... Faltou 110 sessões e esteve presente em 05 delas. As 110 faltas foram justificadas. Haja justificação!
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É também o Deputado Federal que tem um Projeto de Lei 3.518/08 em conjunto do Deputado Henrique Afonso no qual pretende abrir a discussão no Brasil se lugar de criança é mesmo na escola! Sim, ele quer que as crianças não sejam obrigadas a ir para escola! Parece que o Deputado defende o afastamento realizado pelos pais que seus filhos não estejam sob a influência negativa de coleguinhas e as modernidades escolares.
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Mas não é o único projeto do Deputado. Teve também aquele projeto de decreto legislativo de n. 1050/2008, proposto por ele, para sustar os efeitos da Portaria nº 1.707, de 18 de agosto de 2008, do Ministério da Saúde, que institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Transexualizador, a ser implantado nas unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.
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É ainda o deputado que, no debate sobre união civil, ao responder a pergunta de um telespectador no “Programa Participação Popular” da TV da Câmara, acerca da sua reação se um filho fosse homossexual, o mesmo esclareceu que não havia possibilidade de seus filhos serem homossexuais. A justificativa foi que ele teve uma família estruturada e soube dar uma boa estrutura aos seus dois filhos, os quais aprenderam a diferenciar “o que ser um homem e ser uma mulher”. Segundo ele, sua filha é casada e espera uma criança e seu filho é homem e vai se casar. Finaliza dizendo que não saberia dizer sobre uma possível possibilidade, “PORQUE ELA NÃO ACONTECERIA NA MINHA FAMÍLIA”.

Donde se conclui que, para este Deputado, TODO PAI E MÃE QUE POSSUEM FILHOS HOMOSSEXUAIS SÃO OS RESPONSÁVEIS POR TAL HOMOSSEXUALIDADE DOS FILHOS. Sem qualquer escrúpulo, o deputado faltoso culpa os pais pela sexualidade dos filhos, sob justificativa que dentro de tal família faltou modelo e orientação correta dos pais. Pai todo poderoso, tenha piedade deste homem, dos filhos e netos! Ele realmente não sabe o que fala.

Pelo debate contido no programa acima referido, parece ser também um dos responsáveis pela retirada da previsão legal da adoção por casais homossexuais que estivessem sob união estável. O Deputado, aliás, fez questão de frisar no programa que aqueles que pretendiam a viabilidade da adoção em uniões homossexuais “perderam” e que, na verdade, desejavam criar atalho para o casamento homossexual no Brasil, alertando ainda que pretende obter vitória, nos projetos em andamento, para proibir expressamente tal adoção.
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É também quem disse alguns dias atrás numa Audiência Pública a pérola “Há uma minoria tentando impor, para que o anormal seja considerado normal”, se referindo aos homossexuais como “anormais”.
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Martini afirma que uma entidade familiar liderada por dois homossexuais não atende a esse modelo. "Não tem o objetivo de formar família e procriar. Não é sadio para a formação das crianças e agride a ordem natural das coisas", afirma o deputado. "Não é uma questão de fé, mas de convivência social."

Enfim, nem sabia que existia este senhor, mas hoje sei quem é o deputado de Minas Gerais, Miguel Martini (PHS). Um homofóbico, o campeão de faltas na Câmara de Deputados no ano de 2009, com propostas de projeto de lei bastante esdrúxula, que não teme ser ignorante e falar besteiras em público, nem mesmo de culpar os pais de homossexuais pela orientação sexual de seus filhos.
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Me sinto ofendido e desrespeitado por políticos como este senhor, que se diz cristão e ainda se atreve a sugerir uma anormalidade para os homossexuais.

Nossa arma é o voto. Então se você é mineiro ou conhece algum eleitor de Minas Gerais, encaminhe para ele quem é este senhor. Faça a sua parte.
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Fontes:
http://www.divinews.com/minasgerais/geral/8102-deputado-mineiro-e-o-recordista-de-faltas-na-camara-federal-957-de-faltas-110-todas-justificadas.html
http://www.divinews.com/images/depfedfaltosos.pdf
http://www.camara.gov.br/internet/tvCamara/default.asp?lnk=DIREITOS-DOS-HOMOSSEXUAIS-BL.3&selecao=MAT&programa=110&velocidade=100K&materia=74119
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