O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 e homossexualidade




 

23 atletas olímpicos abertamente gays e lésbicas em Londres, mais dois treinadores. Há também dois atletas paraolímpicos gays. Isso se comparado com 11 em Atenas e 10 em Pequim, mostra algum progresso de atletas que assumem em público sua orientação sexual, mas ainda é um número bastante baixo.

A contagem feita pelo site OutSports.com possui na lista APENAS três homens: Matthew Mitcham, Carl Hester e Edward Gal.



Constata-se que os atletas ainda estão relutantes para sair do armário, especialmente os homens.

As lésbicas são muito mais numerosas: 19!

Entre elas temos uma brasileira, Mayssa Pessoa, goleira de hadball pelo Brasil.


Se considerarmos que apenas 23 atletas se assumem LGBT diante de um total de 10.409 atletas do mundo inteiro que disputam as Olimpíadas de Londres podemos concluir, sem riscos, como ainda é difícil ser aceita a diversidade sexual no meio esportista.

É grave, pois uma coisa que chama atenção no esporte é justamente a união dos povos, que interage, apesar das suas diferenças culturais e regionais. Há culturalmente um tácito respeito as diferenças.

Entende-se isto em nome do "espírito coletivo", tão importante para o esporte, atuando na convivência e aceitação das disparidades existentes num grupo ou seleção, em nome de um bem comum. 

Falar em espírito coletivo, não dá para esquecer um outro dito espírito, "o esportivo", o qual implica na característica de quem respeita as regras e sabe ganhar ou perder com elegância. 

Então indaga-se, porque atletas homossexuais sentem tanta dificuldade para assumir sua sexualidade num grupo marcado por características tão nobres?

Creio que o indício para possível resposta se constata no próprio anúncio daqueles que ousaram se assumir: Dezenove mulheres e três homens.  Minha resposta seria o MACHISMO!

No esporte, mulheres disputam com outras mulheres, o que minimiza o machismo que sofrem. No entanto, os homens não possuem escolha e dependem da convivência e disputa entre seus pares.

Minha suspeita é confirmada num trabalho acadêmico que faz menção ao caso e cita as considerações de Anne Flintoff, que ensina que a discriminação na Educação Física e no esporte é construída em cima de uma imagem estereotipada que reforça a identidade masculina dessas práticas culturais. Logo, a homossexualidade e a feminilidade são utilizadas como referências negativas.

Este artigo "Homossexualidade, educação física e esporte" de Carlos Fernando Ferreira da Cunha Júnior e Victor Andrade de Melo possui conclusões interessantes, mas bastante evidentes também: a) existe preconceito e discriminação para com homossexuais; b) Educação Física escolar e professor foram apontados como responsáveis pelo afastamento dos homossexuais das atividades físicas/esportivas fora da escola; c) os professores contribuem com a perpetuação do preconceito e da discriminação; d) os homossexuais têm poucos espaços para a prática de atividades físicas/esportivas.

O  atleta homossexual sofre os mesmos males de todos os demais profissionais LGBTs. Em regra, só sente o direito de opção para se assumir numa célula machista após ver publicamente reconhecida sua competência, não raro acima da média dos demais, quando enfim obtém algum respeito e, por conseguinte, liberdade.

A solução, como sempre, perpassa pela Educação!

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