Recentemente teci alguns comentários sobre a peça teatral “Tango Bolero e Tcha Tcha Tcha”. Além de ressaltar a qualidade dos atores e da comédia, mencionei que para não perder a piada, também era possível não perder o amigo. A comédia tendo uma transexual como figura central foi de alta qualidade e, pasmem, respeitosa.
Hoje esse mesmo respeito e talento se repetiram.
Pedro Bial, propositalmente com uma camisa rosa, elaborou um texto da eliminação que foi a mais pura emoção. Conduziu os telespectadores a fantasia de suas crianças internas, para destacar o perfil dos emparedados Serginho e Dicésar. O BBB10 hoje perderia um dos personagens infantis que um dia aprendemos a admirar e nos encheram de alegria. No texto da eliminação, Pedro Bial comparou Serginho a Peter Pan e Dicésar a Dorothy, de “O Mágico de Oz”. Pouco antes de anunciar Serginho, ele ainda citou trechos da canção “Somewhere Over The Rainbow”.
Sergio Luis de Ramos Franceschini, Serginho ou Sr. Orgastic para nós, cumpriu o papel que assumiu para si mesmo nesta edição do BBB10: “Saber respeitar, saber compreender, ser amigo, sorrir, sonhar e se divertir.” Mostrou também que existem gays e gays, ou seja, que os homossexuais não são criações em série de fornalhas, sendo cada qual um diferente do outro. Ele, sem dúvida, um GAY que faz jus ao termo ALEGRE. Um homem feliz.
Para os LGBTs, pecou um pouco, nem mesmo sabia o que significava a sigla LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, e Transgeneros (Travestis e Transexuais) – que luta pelo reconhecimento aos seus direitos de cidadão. E, com sua história com Fernanda, alimentou uma falsa expectativa para famílias heterossexuais que é possível a mudança de orientação sexual de seu filho gay, sugerindo que bastaria a mulher certa.
Mas também acertou, ao oferecer o primeiro pedaço do bolo a todos os gays que não possuíram sua mesma sorte de ter o apoio da família e que até são expulsos de casa, assim como fez a diferença num diálogo surreal entre ele, Dicésar e Angélica acerca da demonstração de afeto em público, defendendo o direito de beijar publicamente seu namorado.
Mas Sérgio foi o espelho daquilo que muitos são fora do BBB10. A maioria não se interessa em se conscientizar sobre seu direito cidadão, não se une ou apóia causas gays e nem se preocupa em votar naqueles que podem, de verdade, lhe representar, na tentativa de realmente realizar mudanças. Mesmo nas Paradas, muitos lá vão para "fechar", dar "close", enfim, dançar, paquerar e se divertir.
No BBB, mesmo Sérgio fazendo parte do 'grupo dos coloridos', diferente do que ocorreu com a maioria do grupo dos sarados, não demonstrou empatia ao seu grupo e não só deixou de defender Angélica e Dicésar, como em alguns momentos, aplaudiu os ataques. Saiu da casa deixando Dicésar (a versão “Geni” para os colegas de programa) e torcendo pela vitória de Cadu.
Pedro Bial, mais consciente e sabedor daquilo que o grupo colorido poderia significar para uma população de telespectadores cheios de preconceitos, fez muito mais pelos LGBTs, do início ao fim, que Sérgio. Serginho não possuía qualquer obrigação de levantar bandeiras, já que estava ali para jogar e se divertir, mas tinha o dever de assumir a responsabilidade daquilo que sabia que representava, naquele momento, para toda uma sociedade.
Bial, até nisto foi generoso, em seu texto, exultou a criança que se negava a crescer de Serginho, nos apontando sua maior qualidade, A ALEGRIA DE SER E VIVER.
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