Sílvio de Abreu é o autor da novela "Passione" da Rede Globo que já declarou para mídia que atores homossexuais não devem assumir a sua orientação sexual para não prejudicar seus trabalhos na televisão. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o autor disse que a revelação pode decepcionar o público feminino, que prefere ver os galãs heterossexuais no vídeo. Esta sua visão com uma boa parcela de preconceito já deu o que falar, inclusive neste blog.
Pois bem, Silvio de Abreu no capítulo de sábado (07/08) da novela presenteou a quem assiste sua novela com algumas cenas inusitadas, mas em especial uma:
O personagem conhecido como Saulo (Werner Shünemann), se dirigiu ao mordomo de sua casa, Arthuzinho (Julio Andrade), com as seguintes pérolas:
Pois bem, Silvio de Abreu no capítulo de sábado (07/08) da novela presenteou a quem assiste sua novela com algumas cenas inusitadas, mas em especial uma:
O personagem conhecido como Saulo (Werner Shünemann), se dirigiu ao mordomo de sua casa, Arthuzinho (Julio Andrade), com as seguintes pérolas:
- O GAZELA, vai lá, liga para minha mãe...
-Ôo VIADINHO, eu mandei ligar... VAI!
É ofensivo? É!
Retrata uma violência moral, um abuso? Retrata.
É uma ficção? Sim.
Tento não ser aquele tipo de militante chato, sem senso de humor e que, desnecessariamente, com tudo se incomoda. Todo extremista é equivocado por natureza.
Mas a reflexão é importante e, portanto, outras perguntas também precisam ser respondidas
Você vê alguma cena de novela (depois do advento da severa lei que pune o preconceito racial) algum personagem chamar de macaco, negrinha ou outros adjetivos preconceituosos para outros personagens negros? NÃO! Pode assistir no 'vale a pena ver de novo', mas não nas novas novelas. Por bem menos, houve uma série de protestos pelo Movimento Negro quando Helena (Taís Araujo) apenas pediu perdão de joelho para Tereza (Lilia Cabral) na novela Viver a Vida de Manoel Carlos.
Retrata uma violência moral, um abuso? Retrata.
É uma ficção? Sim.
Tento não ser aquele tipo de militante chato, sem senso de humor e que, desnecessariamente, com tudo se incomoda. Todo extremista é equivocado por natureza.
Mas a reflexão é importante e, portanto, outras perguntas também precisam ser respondidas
Você vê alguma cena de novela (depois do advento da severa lei que pune o preconceito racial) algum personagem chamar de macaco, negrinha ou outros adjetivos preconceituosos para outros personagens negros? NÃO! Pode assistir no 'vale a pena ver de novo', mas não nas novas novelas. Por bem menos, houve uma série de protestos pelo Movimento Negro quando Helena (Taís Araujo) apenas pediu perdão de joelho para Tereza (Lilia Cabral) na novela Viver a Vida de Manoel Carlos.
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A justa preocupação da mídia em não reproduzir a discriminação aos negros, judeus, crianças e etc não é a mesma quando se trata de homossexuais. Numa determinada oportunidade o "Observatório da Imprensa" se manifestou sobre a questão envolvendo negros e o Dia Nacional de Combate ao Racismo: "O papel da comunicação social é o de transmitir significados entre as pessoas para a integração das mesmas na sociedade, o que se dará necessariamente com a promoção da igualdade entre os grupos que a compõem". Esse contraste de tratamento que se verifica entre a correta preocupação com as demais minorias e o total descaso com os homossexuais (reproduzida com evento desta novela), já é um sinal de alerta grave, suficientemente claro.
Qual a intenção do autor da novela? Bem, isto só ele pode responder, mas para quem assistiu toda a cena, inclusive a ameaça realizada para sua esposa Stela (Maitê Proença) de forma bastante pejorativa, entenderá que as falas do personagem que é mau (e estão livres das amarras do politicamente correto), em algumas situações pretende obter a antipatia de quem o assiste, e em outras, uma graça impiedosa. Humor perverso mesmo. E foi esta última hipótese que aparenta ter ocorrido hoje. A maioria, especialmente os homofóbicos, que assistiram o personagem Saulo hoje chamando o mordomo de GAZELA e VIADINHO achou isto: GRAÇA!
O 'viadinho' e 'gazela' poderiam muito bem estar inseridos num contexto de ficção até de forma construtiva. A ficção mostrar a homofobia e o grau de sofrimento de suas vítimas, sem ter a graça como finalidade para quem assista.
O fato do autor de tal agressão ser do vilão machista no folhetim que provavelmente será assassinado, não muda a gravidade do caso. O autor Silvio de Abreu foi extremamente infeliz em mostrar uma violência moral pretensamente risível que todos os homossexuais estão tentando modificar na sociedade brasileira. Hoje a criança que assistiu à novela e tenha um amiguinho com o jeitinho do Arthurzinho certamente repetirá o modelo e as falas ofensivas de 'viadinho' e 'gazela' para seu coleguinha (bullying homofobico). Pior, não só as criancinhas, infelizmente.
Silvio de Abreu precisa saber da sua responsabilidade pela profunda dor que Arthurzinhos da vida, especialmente crianças e adolescentes, podem sofrer por conta da eventual repetição desta sua fala criada na novela. Tratou-se de um incentivo e modelo para aqueles que vierem repetir o que o personagem Saulo falou em cena, até porque não houve o menor esboço de reação pelo agredido e ainda porque estes potenciais agressores também puderam observar em seus lares o espanto e graça que possivelmente muitos acharam ao assistir esta infame cena.
Aliás, o personagem do criadinho submisso e bastante afetado já constrói um estereótipo com falsa generalização para os gays, num país culturalmente machista e homofóbico, crítica esta especialmente pertinente se considerarmos que foi construído por um autor de novela que diz que galã deve aparentar virilidade e não pode parecer homossexual.
Lamentável.
Qual a intenção do autor da novela? Bem, isto só ele pode responder, mas para quem assistiu toda a cena, inclusive a ameaça realizada para sua esposa Stela (Maitê Proença) de forma bastante pejorativa, entenderá que as falas do personagem que é mau (e estão livres das amarras do politicamente correto), em algumas situações pretende obter a antipatia de quem o assiste, e em outras, uma graça impiedosa. Humor perverso mesmo. E foi esta última hipótese que aparenta ter ocorrido hoje. A maioria, especialmente os homofóbicos, que assistiram o personagem Saulo hoje chamando o mordomo de GAZELA e VIADINHO achou isto: GRAÇA!
O 'viadinho' e 'gazela' poderiam muito bem estar inseridos num contexto de ficção até de forma construtiva. A ficção mostrar a homofobia e o grau de sofrimento de suas vítimas, sem ter a graça como finalidade para quem assista.
O fato do autor de tal agressão ser do vilão machista no folhetim que provavelmente será assassinado, não muda a gravidade do caso. O autor Silvio de Abreu foi extremamente infeliz em mostrar uma violência moral pretensamente risível que todos os homossexuais estão tentando modificar na sociedade brasileira. Hoje a criança que assistiu à novela e tenha um amiguinho com o jeitinho do Arthurzinho certamente repetirá o modelo e as falas ofensivas de 'viadinho' e 'gazela' para seu coleguinha (bullying homofobico). Pior, não só as criancinhas, infelizmente.
Silvio de Abreu precisa saber da sua responsabilidade pela profunda dor que Arthurzinhos da vida, especialmente crianças e adolescentes, podem sofrer por conta da eventual repetição desta sua fala criada na novela. Tratou-se de um incentivo e modelo para aqueles que vierem repetir o que o personagem Saulo falou em cena, até porque não houve o menor esboço de reação pelo agredido e ainda porque estes potenciais agressores também puderam observar em seus lares o espanto e graça que possivelmente muitos acharam ao assistir esta infame cena.
Aliás, o personagem do criadinho submisso e bastante afetado já constrói um estereótipo com falsa generalização para os gays, num país culturalmente machista e homofóbico, crítica esta especialmente pertinente se considerarmos que foi construído por um autor de novela que diz que galã deve aparentar virilidade e não pode parecer homossexual.
Lamentável.
5 comentários:
Olha, blog muito bom. Faltou citar o que também acho grave e comum em novelas: a relação depreciativa do patrão com o trabalhador doméstico. Banalisar isso é imoral.
Por isso que discordo profundamente das idéias políticas desse blog. Somente o governo de lula criaria um programa como o pro-uni, que possibilita um Artuzinho da vida lá no Amapá cursar as melhores faculdades do pais. Isso pra não citar outros. Se os avanços para os lgbts não estão acontecendo com Lula e Dilma, para o pobre estão sim, e é um fenomeno que os Julios andrade, elite como o personagem de Werner Schurman não conseguem entender.
A relação com o Irã é a meu ver diplomática, assim como as declarações do presidente.
Ricardo,
Obrigado pelo comentário, mas se você ler com mais cuidado as demais postagens constatará que o presente blog não tem como escopo propalar idéias políticas contra Lula, Dilma, Serra, Marina ou quem quer que seja. Não há intenção de política partidária aqui, mas de alcançar a conquista de direitos, independente do político X ou partido Z.
Aqui os políticos ou partidos que sejam favoráveis as questões LGBTs serão aplaudidos e aqueles que fizerem cena, cercearem direitos serão criticados.
O movimento LGBT já é bastante partidarizada, o que, particularmente, não concordo.
Abraço
Carlos Alexandre
Obrigado pelo esclarecimento, como você também não quero soar extremista. Vou continuar acompanhando o blog.
Abraço,
Ricardo
É impressionante a hipocrisia da Globo...
Lá a grande maioria é homosexual disfarçado... vamos combinar!
Sou eu... disfarçada... rs
Beijos querido!
Ricardo,
Que bom!
Mas até entendo sua crítica, viu?! É que, independente de partido, quem está no governo sempre possui uma responsabilidade maior e, por conseguinte, uma crítica mais severa. Mas independe quem seja o governo. Hoje, por exemplo, estou furioso com a maioria dos candidatos!!!
Abs,
Minha amiga disfarçada,
Você se disfarça tão bem que nem eu sei quem você é, fico apenas na suspeita.
Beijos
Carlos Alexandre
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