O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A promíscua relação da religião com o estado mostra a sua cara!

Adorei.

A corda que o Poder Público no Brasil tem dado para os religiosos evangélicos agora mostra a sua cara! 

Quem pensava que eles deteriam sua pauta tentando impor o comportamento e pensamento do povo em relação aos gays, aborto ou genética agora têm diante de si a escancarada falta de desfaçatez. Os evangélicos querem até determinar aquilo que o Brasil apresenta num show de encerramento das Olimpíadas!

Como assim Marisa Monte se apresentar lembrando Iemanjá, a rainha do mar? Para eles, não pode!!! Os argumentos são os mesmos para atacar homossexuais: a bíblia e aquilo que para eles são o modelo da família e sociedade brasileira. O Brasil teria que apresentar shows "cristãos", como se os espíritas fossem párias!

Para argumentar se arvoram comparações esdrúxulas e ofensivas, nas estatísticas do IBGE e pasmem, até em números de medalhas obtidas! 

Numa clara ofensa a religião alheia, instituto que é protegido expressamente por leis ordinárias e especiais, além da própria constituição, os evangélicos agridem os espíritas de forma frontal. Imagine que como fazem com os homossexuais, comparando-os a pedófilos e prostituição, resolveram fazer o mesmo com uma entidade da religião espiríta, dizem eles: "Em muitos textos na Internet a divindade Iemanjá aparece associada a prostituição. Será que o produto que o Governo brasileiro quer vender para as nações é a prostituição, assim como tem sido a marca das novelas exportadas?".

Apontam estatísticas também: "Segundo o Censo 2010 do IBGE, a religião do Candomblé tem 167 mil seguidores no Brasil, 0,1% da população, contra 165,3 milhões de Cristãos". Quando foi que no espiritismo deixou de existir Oxalá? Até onde sei, a par de discussões existentes, eles também acreditam num Oxalá que, segundo ouço por aí, representaria o Cristo dos católicos. E ainda que assim não fosse, quantos brasileiros que não pertencem ao candomblé e devotam da mesma forma respeito e cultuam a figura de Iemanjá, até culturalmente? Que tipo de gente é essa que usa o nome de Deus em vão para usar e abusar e impor sua vontade? 

Mas tão absurdo quanto o fato de associar a imagem de Iemanjá a prostituição foi o argumento do número de medalhas relacionadas a conduta "não cristã". A apelação aqui foi forte!

Nas Olimpíadas de 2000 em Sydney, Austrália, segundo os evangélicos o Brasil apontava como favorito em algumas modalidades esportivas, entretanto, na preparação dos atletas o COB trouxe o palestrante Roberto Shinyashiki que realizou um ritual do fogo, fazendo com que todos os atletas brasileiros realizassem a passagem pelo fogo. A consequência, ainda na versão deles, foi a punição, pois eles afirmam que "o ritual é, segundo o texto bíblico, uma abominação ao Senhor. Naquele ano o Brasil não conquistou nenhuma medalha de ouro. Foi envergonhado por um erro do Comitê Olímpico Brasileiro que decidiu trazer um ritual estranho".

O que eles explicitamente desejam?

Em suas próprias palavras: "Está na hora das nossas autoridades, federais, estaduais e municipais, reconhecerem a grande mudança no Brasil. Sonho em ver a manifestação da música Gospel nos eventos de 2014 e 2016. A Copa do Mundo e as Olimpíadas são as grandes oportunidades dos brasileiros dizerem em quem eles creem".

O problema não está no desejo de fieis crentes desejarem se ver representados pela cultura e fé que lhes convém, mas no fato de agredirem as demais, desejarem impor seus pensamentos como a única correta e, principalmente, impor a todos como uma regra a ser seguida, cheio de ameaças fictas, numa clara tentativa de exterminar qualquer pensamento e comportamento que se manifeste de forma diferente das suas regras e dogmas. 

Esta aí, para quem quiser enxergar, a situação na qual nos encontramos com a permissividade das autoridades públicas federais, estaduais e municipais com essa gente que não se limita a exercer sua profissão de fé no espaço que lhe cabe. São perigosos e devem ser qualificados exatamente como são.

O governo da cidade do Rio de Janeiro cumpriu seu papel apresentando no show de encerramento das Olimpíadas em Londres aquilo que representou muito bem o espírito cultural do povo carioca e da nação brasileira, independente da raivinha manifestada pelo segmento religioso, no caso, evangélico. E não fez mais que sua obrigação.

O Estado laico não apóia correntes religiosas direta nem indiretamente, tampouco professa uma ideologia irreligiosa ou anti-religiosa. A laicidade do Estado é pré-condição para a liberdade de crença garantida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e pela Constituição brasileira de 1988, sem que se admita confundir, com isto, a soberania popular em matéria de política e cultura. Os religiosos, seja a religião que sigam, devem ser respeitados na sua fé e como cidadãos, mas de modo absoluto repudiados em qualquer tentativa de interferirem indevidamente no Estado Democrático de Direito. Está aí algo que deveria se tonar tipificado pela lei penal e considerado crime hediondo!

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