O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Evangélicos ou questões religiosas não decidirão o segundo turno da eleição para Presidência da República. Talvez a hipocrisia faça isto.

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Estava lendo o artigo “Voto em Marina não é ecológico, mas também não evangélico” de Antonio Luiz M.C. Costa, editor internacional de CartaCapital, e confirmei o que já me parecia evidente.

Em que pese os resultados das pesquisas realizadas por marketeiros políticos, experts em fabricar candidatos marionetes que se vestem, falam e agem exatamente como os índices e respostas obtidas nas aludidas pesquisas, está sendo superestimada a importância do voto religioso e conservador, conforme analista da CartaCapital.
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Com delicadeza, o analista da CartaCapital denuncia o “mal entendido” que está determinando o rumo das campanhas políticas e faz isto com números e dados incontestáveis:

“...

Em grandes números, 25% da votação de Marina veio de São Paulo, 28% dos outros estados do Sudeste, 21% do Nordeste, 11% do Sul (principalmente Paraná), 8% do Centro-Oeste e 7% no Norte – muito pouco, por sinal, de seu estado natal, o Acre. Suas votações mais fracas foram as dos estados mais pobres do Nordeste, Maranhão, Piauí e Alagoas (também Sergipe, exceção nesse aspecto) e dos estados politicamente mais polarizados ou com intensas disputas de terras – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará – onde há menos espaço para conciliação e “terceira via”.

Só por isso, já é de se pensar que Marina ocupa de fato o espaço que reivindicou ao longo da campanha: de um progressismo moderado, uma terceira via “centrista” entre o PT e o PSDB
...

É uma camada principalmente urbana, que progrediu em relação aos pais pobres e mal educados, tem certa educação, até superior, está decentemente empregada e precisa cada vez menos de programas sociais como o Bolsa-Família, do SUS ou de novos projetos de saúde e saneamento. Ao mesmo tempo, é mestiça, não está à vontade com a “alta cultura”, tem gostos populares e se sabe desprezada pela elite tradicional. Não se identifica totalmente com as prioridades da esquerda – redução da desigualdade e crescimento econômico – mas também não com as da direita – conservação de privilégios disfarçados em competência e meritocracia. Busca um meio-termo que, assim como Marina, não sabe definir com precisão e chama de “mudança”.
...

Esta interpretação se reforça quando se desce ao detalhe dos votos por município. Recife, capital do estado natal de Lula, não tem uma proporção excepcional de evangélicos pelos padrões brasileiros: apenas 17,6%. Mas 37% dos recifenses votaram em Marina (42% em Dilma, 19% em Serra). Já o município pernambucano de Abreu e Lima, o mais evangélico do estado (31,2%) teve 27% de votos em Marina, 52% em Dilma e 15% em Serra.

No Rio de Janeiro, Marina teve 29% em um município de alta concentração de evangélicos (30%) como Belford Roxo, 32% na capital (17,7% evangélica) e 37% em Niterói (15,3% evangélica), enquanto Dilma teve 57%, 43% e 35%, respectivamente, nesses municípios (e Serra 12%, 22% e 25%).
...

O mais importante, porém, é que candidatos, partidos e analistas percebem que a decisão do segundo turno não depende de propaganda religiosa ou anti-religiosa, de se ser contra ou a favor da legalização do aborto, mas de convencer um eleitorado centrista e flutuante, desconfiado tanto da esquerda quanto da direita, de que seus interesses práticos e racionais estão mais de um lado que de outro. É muito mais fácil para Dilma do que para Serra – até porque a vitória de Dilma depende de conquistar apenas 16% do voto em Marina, mesmo sem contar os 1% de Plínio que, no segundo turno, poderão votar nulo ou em Dilma, mas jamais em Serra. Mas superestimar a importância do voto religioso e conservador só vai atrapalhar.”

Neste mesmo blog já havia dito isto, sob outra perspectiva. Chamei a atenção que o estado do Rio de Janeiro é celeiro dos fundamentalistas religiosos: Marcelo Crivella, Anthony Garotinho, Pastor Manoel Ferreira, Silas Malafaia, Cardeal Dom Evaristo Arns e a Associação de Juristas Católicos do Rio de Janeiro. Eles são considerados as maiores referências de formadores de opinião da ala evangélica e católica. Atuam e atuaram sempre de forma obsessiva e bastante agressiva em relação a união civil homossexual (união estável homoafetivo e casamento homossexual), assim como adoção por casais gays e o projeto lei que pretende criminalizar a discriminação por homofobia.

Apesar destes fundamentalistas religiosos estarem sediados no Rio de Janeiro, no primeiro turno das eleições fluminenses, os mesmos não conseguiram – nem de longe – impedir que Sérgio Cabral fosse eleito em primeiro turno com larguíssima vantagem, apesar da existência de candidatos religiosos ao governo de estado. E Sérgio Cabral, como lembrei naquela oportunidade, não só é o primeiro governador que se fez presente na Parada Gay do Rio, como também é o responsável pelo ajuizamento da ação de descumprimento de preceito constitucional (ADPF) junto ao Supremo Tribunal Federal para que seja reconhecida a união estável para todos os casais homossexuais de todo o Brasil! Aliás, ele já havia, enquanto Senador, proposto emenda a Constituição no mesmo sentido.

Então como explicar que, apesar de todos estes evangélicos e católicos extremistas, com fixação contra os homossexuais, alguns tão reverenciados nacionalmente pela candidata do PT, Dilma Rousseff, não tivessem todo o poder que lhe são vertiginosamente atribuídos no seu próprio estado?
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Simples, “esse” poder não existe!

Agora estamos na fase de campanha para o segundo turno da eleição presidencial e os dois candidatos, José Serra e Dilma Rousseff disputam os votos de Marina Silva.

Por alguma razão absurda, estão sendo considerados estes votos de Marina Silva como sendo dos evangélicos e, por conta disto, os evangélicos e a questão do aborto são as vedetes do momento.

Os evangélicos, evidente, adoram esse temor e trabalham bem encima deste marketing fazendo ameaças e terror (vide recentes notícias dos evangélicos do estado de Espírito Santo) lembrando aos candidatos que suas reinvidicações não se restringem ao aborto, já que sempre foram absolutamente contrários a união civil e adoção homossexual.

Enquanto isto, do outro lado do muro as mulheres e LGBTs assistem a hipocrisia dos dois candidatos que se desdizem sobre estes direitos antes esperados e o desprezo dos mesmos a Constituição Federal do Brasil e o Estado Democrático de Direito, que estão sendo substituídos pela Bíblia e os dogmas religiosos.
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Não há muita opção para os eleitores, já que tanto Dilma e Serra seguem o mesmo equivocado caminho, mas o sentimento geral faz crer que alguma reação virá dos eleitores. É só esperar para ver.

Mesmo o eleitor que não tenha hábito de se dedicar a estes assuntos, sente quase intuitivamente que algo está contraditório e que está sendo prejudicado por conta de escancarados interesses políticos. O que é aceitável para o político ou partido, com certeza não o é para os eleitores que possuem uma visão bem mais ética e coerente com a sua realidade.
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Uma candidata mulher desconsiderar a necessidade vital de outra mulher e um candidato que leva consigo a pecha de excelente administração política na saúde desconsiderar a saúde e vida da mulher é algo muito simples de se entender. Nada disto ficará impune.
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Ainda que inexista um terceiro candidato para denunciar isto aos eleitores, quem já passou pela necessidade ou sabe dela, lembra. O pior é que ambos os candidatos optaram pela trilha da hipocrisia com base numa premissa totalmente equivocada, superestimando evangélicos e dogmas religiosos. Triste.

4 comentários:

Anônimo disse...

Carlos, quem é o melhor para os GLBTs??? Dilma ou Serra

Anônimo disse...

Se não temem perder votos para evangélicos e católicos, por que justamente este ano foi mudada a data da Parada Gay de Copacabana, de 10 de outubro de 2010 para após o segundo turno (14 de novembro)?

E mais, nem Serra e Índio querem estar ao lado dos gays. Por que será?
Radicalismo?

Por que Fátima Cleide perdeu feio em Rondônia. estado com alta concentração de evangélicos ?

Até um grupo de lésbicas fizeram propaganda contra ela e votaram no candidato cristão Agnaldo Muniz.

Se acham que o voto evangélico não tem peso no Rio, por que dois candidatos ao Senado, nitidamente pró-causa gay - César Maia e Piciani - perderam feio para Crivella (com tempo bem pequeno de TV e sem coligação alguma).

Não subestimem o poder do voto cristão. Em 2020 (portanto daqui a 10 anos) seremos metade da população brasileira.

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Anônimo 1 - Não sei. Declarei meu voto no primeiro turno, Plínio Sampaio. No segundo turno, até agora, é NULO. Evidente que deveremos esperar o pronunciamento de ambos os candidatos para saber exatamente suas posições em relação aos LGBTs.

Anônimo 2 - Você é uma pessoa desinformada e totalmente equivocada, com todo respeito.

Primeiro cabe esclarecer que a data da Parada Gay do RJ foi alterada por conta de problemas internos do Grupo que a organiza, com mudanças quetionáveis de sua presidência.

Se Serra quer ou não estar do lado dos LGBTs é algo que só eles podem afirmar, mas pela preocupação do Indio da Costa, em seu twitter, de "tentar" desmentir sua posição em relação ao PLC 122 mostra exatamente o contrário de sua afirmação.

A razão de Fátima Cleide não se reeleger é, antes de tudo, uma lástima para os cidadãos de seu estado. Mas democracia é isto mesmo, Macaco Tião e Tiririca que o digam. E, como você diz, talvez o que ganhou tenha, infelizmente obtido êxito por conta dos votos gays equivocados. Cada um tem o representante que merece.

Por último, chega a ser risível para não dizer outra coisa. O ÚNICO CANDIDATO AO SENADO MANIFESTAMENTE FAVORÁVEL AOS LGBTs, Lindberg Farias, foi eleito Senador com larga vantagem. O homofóbico Marcelo Crivella, por sua vez, o qual é repudiado até por grande ala dos evangélicos, só conseguiu se eleger porque gastou muito dinheiro em comerciais colocando o MAIOR DE TODOS OS CABOS ELEITORAIS em sua campanha, o LULA. O rostinho era de Crivella nas urnas, mas os votos não eram para o evangélico, mas sim LULA.

E, ridiculamente, donde você tirou que Picciani e Cesar Maia era LGBTs? Picciani não se pronunciou e nem houve qualquer ligaçao com LGBTs, e, só perdeu porque os eleitores que ODEIAM CRIVELLA foram induzidos a erro pelas pesquisas eleitorais, acreditando que Cesar Maia possuía chances retirá-lo do segundo lugar.

Os evangélicos estão muiiiiito longe de ter o poder que propalam. É fato.

A religião, e no caso os evangélicos, merecem respeito, mas apesar do fanatismo religioso existente, não acredite tanto que eles não venham obter cultura e inteligência suficiente para distinguir o que é estado de direito e religião. Não os substimem, como fazem atualmente.

Lamento por você, sua falta de informação e estreiteza de pensamento.

Carlos Alexandre

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Anônimo 1 - Não sei. Declarei meu voto no primeiro turno, Plínio Sampaio. No segundo turno, até agora, é NULO. Evidente que deveremos esperar o pronunciamento de ambos os candidatos para saber exatamente suas posições em relação aos LGBTs.

Anônimo 2 - Você é uma pessoa desinformada e totalmente equivocada, com todo respeito.

Primeiro cabe esclarecer que a data da Parada Gay do RJ foi alterada por conta de problemas internos do Grupo que a organiza, com mudanças quetionáveis de sua presidência.

Se Serra quer ou não estar do lado dos LGBTs é algo que só eles podem afirmar, mas pela preocupação do Indio da Costa, em seu twitter, de "tentar" desmentir sua posição em relação ao PLC 122 mostra exatamente o contrário de sua afirmação.

A razão de Fátima Cleide não se reeleger é, antes de tudo, uma lástima para os cidadãos de seu estado. Mas democracia é isto mesmo, Macaco Tião e Tiririca que o digam. E, como você diz, talvez o que ganhou tenha, infelizmente obtido êxito por conta dos votos gays equivocados. Cada um tem o representante que merece.

Por último, chega a ser risível para não dizer outra coisa. O ÚNICO CANDIDATO AO SENADO MANIFESTAMENTE FAVORÁVEL AOS LGBTs, Lindberg Farias, foi eleito Senador com larga vantagem. O homofóbico Marcelo Crivella, por sua vez, o qual é repudiado até por grande ala dos evangélicos, só conseguiu se eleger porque gastou muito dinheiro em comerciais colocando o MAIOR DE TODOS OS CABOS ELEITORAIS em sua campanha, o LULA. O rostinho era de Crivella nas urnas, mas os votos não eram para o evangélico, mas sim LULA.

E, ridiculamente, donde você tirou que Picciani e Cesar Maia era LGBTs? Picciani não se pronunciou e nem houve qualquer ligaçao com LGBTs, e, só perdeu porque os eleitores que ODEIAM CRIVELLA foram induzidos a erro pelas pesquisas eleitorais, acreditando que Cesar Maia possuía chances retirá-lo do segundo lugar.

Os evangélicos estão muiiiiito longe de ter o poder que propalam. É fato.

A religião, e no caso os evangélicos, merecem respeito, mas apesar do fanatismo religioso existente, não acredite tanto que eles não venham obter cultura e inteligência suficiente para distinguir o que é estado de direito e religião. Não os substimem, como fazem atualmente.

Lamento por você, sua falta de informação e estreiteza de pensamento.

Carlos Alexandre

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