O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

De bom no jornal 'O Globo', desta sexta, só isto: "Para que intermediários? Edir Macedo para presidente."


Hoje a chamada de capa do Jornal O Globo diz "Comunidade Gay aponta retrocesso". Essa primeira notícia do dia já me deu uma revigorada, depois de tantas capas evangélicas. Infelizmente, ao ler o conteúdo, não durou nem dois minutos.

Se trata de desencontro entre aquilo que é sustentado pelo movimento social e os jornalistas? Seria falta de informação ou incompetência do autor da matéria, jornalista Gilberto Scofield Jr.?

De repente, pela leitura da matéria jornalistica, o próprio Movimento Social, sob justificativa de esclarecer que gays não querem casamento religioso, reafirmaram o desejo pela união civil, num discurso incompleto e confuso que só alimentou - ainda mais - a confusão entre casamento civil e casamento religioso, ratificando as besteiras dos presidenciáveis.

Não sei o que é pior: os candidatos, o movimento social ou a imprensa!

E o Grupo Arco-Íris no RJ? Será que está pactuando mesmo com uma proposital invisibilidade gay durante o período eleitoral?

Toni Reis, presidente da ABGLT, afirmou que deseja a união civil e que nunca foi bandeira o casamento religioso. Por estas palavras temos que concluir que para os LGBTs 'o céu está de brigadeiro' e estamos esperneando pelo casamento civil à toa, afinal, apesar dos candidatos falarem que casamento é sacramento, ambos presidenciáveis são favoráveis a 'união civil'.

Não foi utilizada a primeira oportunidade de trazer à baila, e de público, o sentimento de revolta existente para LGBTs que constata que os dois candidatos desconsideram a laicidade e manipulam palavras e lei, que maldosamente desconsideram a OBVIA distinção entre casamento CIVIL e RELIGIOSO.

Essa distinção entre casamento civil e casamento religiosos, tão reclamada nas listas internas LGBTs, não foi sequer mencionada na matéria jornalistíca.

Sobre o fato da Dilma utilzar como moeda de barganha com os evangélicos o Decreto do Plano Nacional de Direitos Humanos 3 e o projeto de lei que criminaliza a homofobia somente o militante Carlos Tufvesson teria se pronunciado, mesmo assim apenas para denunciar que os candidatos estariam "compactuando com a intolerância das religiões". Francamente, isto todo mundo já sabe, o que não sabe é a razão do frontal desrespeito dos candidatos no tocante ao PNDH 3 e PLC 122. Sobre isto, absolutamente nada foi cogitado.

Na matéria, André Fisher se cinge a pronunciar sobre o embate do voto progressista e conservador. Sim, e daí? Quando você lê, passa a conversar com a matéria: porque? como? quais as consequencias? e quais pontos estão sendo atingidos junto aos LGBTs neste momento? nadica de nada!

Além de nada ser dito sobre a distinção do casamento civil e religioso, também não houve qualquer pronunciamento sobre a Dilma Rousseff prometer VETAR integralmente ou dispositivos legais de eventuais projetos de leis aprovados pela Câmara de Deputados e Senado Federal que "afetem" os evangélicos. O que é também gravíssimo! A candidata que faria como Pilatos passou para o lado oposto e ainda vai contra os LGBTs, mesmo se o Congresso votar favorável?!

Nada foi mencionado acerca da obrigatoriedade formal de apoio aos projetos LGBTs definido no Decreto do PNDH-3 e da contradição acerca da questão pela Dilma?

Nenhuma palavra sobre a omissão do candidato José Serra sobre o PLC 122, após seu vice dizer e negar a equiparação dos LGBTs a cachorros no cio que fazem sexo em público.

A matéria do Jornalista Gilberto Scofield Jr. é vazia de conteúdo e razão. Veio falar daquilo - a pretensa confusão entre a união civil e casamento religioso - que está exaustivamente pacificado pelos próprios candidatos Dilma Rousseff e José Serra, para o qual ambos não criam qualquer confusão e já afirmaram e reafirmaram serem favoráveis (a união civil).

Espero que esse vazia e redundante matéria no jornal O Globo tenha sido responsabilidade exclusiva do jornalista. Não posso e nem quero acreditar que a militância LGBT seja tão inapta e esteja tão perdida!

Já muito melhor foram as duas outras matérias que parecem que não foram realizada pelo Scofield, sobre o PNDH-3 e o Grupo Arco-Íris.

Havia passado despercebido que o Grupo Arco-Íris teria adiado, pela segunda vez, a data da Parada Gay para não "atrapalhar" a campanha de Dilma Rousseff, associando o Governador Sérgio Cabral aos gays. Marcelo Garcia, ex-secretário de Assistência Social da cidade do Rio ainda diz mais: "membros do grupo Arco-Íris têm cargo no governo. A decisão foi uma troca política, para evitar que o evento acontecesse no meio do segundo turno".

A Parada seria realizada em setembro, passou para 10 de outubro e agora para 14 de novembro. É fato que o Grupo Arco-Íris estava em absoluta crise interna e que o primeiro adiamento se fez, aparentemente necessário, mas e o segundo adiamento? Coincidência? Não creio em coincidências. O Grupo Arco-Íris está totalmente aparelhado pelo Poder Público, quem parece mandar lá - de fato - é o Claudio Nascimento, Superintendente no Governo de Sérgio Cabral. O grandioso absurdo disto, se realidade, é que ao agir assim estaria confirmando que o PEGA MAL SER LGBT em época eleitoral e, o Grupo deveria proclamar em novembro A VERGONHA ao invés de ORGULHO GAY!

Realmente, se for confirmada essa atitude política do Grupo Arco-Íris, o último que sair pode desligar a luz, trancar a porta e jogar a chave fora. Não são muitos lá dentro e nem parece que está distante disto acontecer. O Rio de Janeiro clama por uma associação autonôma e independente do governo e de partidos políticos. Aliás, apesar do Rio de Janeiro possuir o único deputado federal gay eleito, Jean Wyllys, posso declarar sem medo de errar que o GRUPO ARCO-IRIS não levantou o dedo mindinho para que isto acontecesse, pelo contrário, seus membros faziam campanha pessoal para outros candidatos. Tá bom ou quer mais?

A sensação de indignação e perda de oportunidade não são descritíveis aqui.

A melhor notícia de hoje vem da nota do jornalista Ancelmo Gois:

"É como diz Ruy Castro:
Para que intermediários?
Edir Macedo para presidente."

PS: O Grupo Arco-Iris enviou nota negando os fatos narrados pela imprensa. E, cabe fazer a errata que não encontrei confirmação que a Parada foi adiada duas vezes. Na verdade, foi remarcada do dia 10 de outubro (antes do segundo turno) para dia 14 de novembro (depois do segundo turno).

7 comentários:

Papai Gay disse...

Nossa, não sabia desse adiamento da parada gay. Realmente, vou comemorar a "vergonha" gay...

SÉRGIO CAMARGO disse...

Devemos questionar o efeito de se "estatizar" o movimento, e qual sua real autonomia. Pouco têm realmente coragem de dizer SOU GAY, DEFENDO POLÍTICAS GAYS. Casamento gay,salvo outro juízo, não deve envolver religião apenas, visto ser tema de Direito, jurídico, constante do Código Civil em vigor. Há que se ter um amplo debate, dialético, com vários setores da sociedade, e não apenas o político e religioso. Vejo um momento favorável à OXIGENAÇÃO... SOU GAY SIM, mas muito além disso sou um profissional atuante, quero exercer meu espaço na sociedade, sem ser taxado. SÉRGIO CAMARGO

Unknown disse...

Carlos querido,

Em carta divulgada nessa sexta-feira (15/10/10) Dilma Rousseff se compromete a sancionar o PLC 122, caso aprovado pelo Senado "Nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil"

Essa é a íntegra do ponto 5 da Carta

5. Com relação ao PLC 122, caso aprovado no Senado, onde tramita atualmente, será sancionado em meu futuro governo nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil;

Como vc é da área do Direito e com certeza conhece o texto do PLC 122 deixo a pergunta: Existe algum trecho no texto que viole a liberdade de crença e culto que são garantias da Carta Magna?

Um abraço!

Link com a íntegra da Carta
http://blogdadilma.blog.br/

Unknown disse...

Também li o jornal e agora acabo de ler seu blog. Cara, o que você diz foi exatamente o que senti!

Ricardo Aguieiras disse...

Carlos, dear!
Me explica o seguinte, você que é advogado, um grande advogado:
- Pra que serve uma PL122 mutilada? Se os pastores, bispos, padres, rabinos e sei lá o que poderão, com essa mutilação, nos atacar e disseminar o preconceito aos seus fiéis, dentro dos templos... isso é "Liberdade de Expressão" ou é "Liberdade de Ódio"??? Se eles, os fundamentalistas, são hoje maioria, poderosos, fortes e se aproveitam da ignorância do povo e, infelizmente, SE APROVEITAM TAMBÉM DA IGNORÂNCIA D@S CANDIDAT@S; o que irá acontecer conosco? então um pastor, por exemplo, chega, bunitinhu e fala que "gays são a representação do demônio na Terra", e, ao ouvir isso, um fiel sai matando gay acreditando que mata o demônio, isso não é a própria validação do crime de ódio? Em vez de reconhecerem os nossos Direitos não estão validando e reconhecendo a violência como Legal?
Enfim, tristemente e tragicamente... será que terei que pedir asilo político, enquanto homossexual?
Beijos,
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br
http://dividindoatubaina.wordpress.com/

Anônimo disse...

NOTA OFICIAL

O Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT vem publicamente desmentir rumores publicados nos veículos de comunicação, de forma oportunista como munição politiqueira, por pessoas que não vivenciam o dia-a-dia de nossa Instituição.

O Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT ratifica a decisão autônoma de sua diretoria e corpo técnico da mudança da data da 15ª Parada do Orgulho LGBT para o dia 14 de novembro, divulgado amplamente desde final de agosto, tendo em vista as seguintes questões:

- A mudança do quadro de diretores da Instituição, que acarretou a substituição das documentações nos processos liberativos dos recursos financeiros para a execução do evento;

- Gerar mais tempo hábil para a sua produção e execução;

- O evento ser realizado num feriado prolongado;

- A decisão, a partir deste ano, da realização do evento em todo segundo domingo de novembro. Entendemos que muitas pessoas planejam sua vinda para a Parada e uma data fixa auxilia nesse planejamento;

O Grupo Arco-Íris, que promove a cidadania LGBT e combate a homofobia há mais de 16 anos no Rio de Janeiro, deixa claro que foi uma decisão, tão somente administrativa e que é um grupo suprapartidário e autônomo. Além disso,
em hipótese nenhuma sofreu quaisquer tipos de pressões de cunho eleitoral para o
adiamento da Parada. E esclarece ainda que, os membros do Grupo que assumem um cargo público, automaticamente ficam desligados de suas funções na Instituição,
sem possuir quaisquer poderes decisórios no campo administrativo.

Desta forma, contamos com a presença de todos e todas no terceiro maior evento do Rio de Janeiro, a 15ª Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, no dia 14 de novembro, às 13 horas, na Av. Atlântica, Posto 6.

Julio Moreira
Presidente do Grupo Arco-Íris de
Cidadania LGBT

Anônimo disse...

molto intiresno, grazie

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