O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Unidos da Tijuca estimula Apartheid por orientação sexual


Há dias ouço falar sobre a polêmica criada pela escola de samba Unidos da Tijuca com a criação de um terceiro banheiro exclusivo para LGBTs. Com a criação, passa a existir banheiro para homens heterossexuais, banheiro para mulheres heterossexuais e o tal terceiro banheiro para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

As desculpas esfarrapadas do diretor de comunicação da Escola de Samba, Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, não convencem nem a uma criança.

Afirmou que era uma demanda “do grupo”, e também porque homossexuais masculinos ou femininos não se sentiam à vontade em usar os banheiros “comuns”.

Alguém conhece alguma mulher (seja heterossexual, bissexual ou homossexual) que goste de se sentar em vasos sanitários utilizados pelos homens mijões (heterossexuais, bissexuais ou homossexuais)?

Mas o diretor quer nos convencer que até as lésbicas pediram isto, pois não se sentiam a vontade, pasmem, de entrar nos banheiros femininos!!!

Segundo ele quer fazer crer, não se trata de um ato de discriminação, embora lá dentro seja (de forma absolutamente ilegal) proibida a demonstração de afeto público homossexual! Se um casal homossexual pretender dar uma bitoca será imediatamente interpelado, apesar de existir lei que não permita este ato discriminatório!

Na entrevista do Jornal 'Bom Dia Brasil' a escola levou uma transformista e dois gays ursos que fazem parte de um grupo na escola. Risível e triste. A parcialidade decorrente dos interesses e envolvimento pessoal com a escola deixou claro que estavam ali em socorro da escola e para tentar descaracterizar a homofobia deflagrada.

Um destes homossexuais, Edu Saad, coreógrafo da Unidos da Tijuca, disse que existem homossexuais e travestis que freqüentam a escola e que gostaria de usar o banheiro para que gays, e especialmente as transformistas, possam usar como camarim!

Camarim!?

Se fosse “comum” shows de transformistas nos ensaios das escolas de samba – o que, absolutamente, não é - a Unidos da Tijuca não estaria criando um “banheiro”, com xixi, fezes e vômitos, mas o dito camarim, com luz, espelhos, balcão, araras e etc, atrás do palco.

Essas desculpas absurdas só consolidaram o convencimento que se trata de um ato discriminatório.

Afirmar que se trata de pedido de LGBTs é desafiar demais a nossa inteligência. Só se for aqueles arregimentados - agora - pela Escola. Se a preocupação é com os homossexuais, não precisa sequer atender pedidos, basta cumprir a LEI e deixar de cercear o direito de homossexuais demonstrarem afeto aos seus pares naquele local!

Vamos tirar a máscara e falar a sério?

A Unidos da Tijuca quis resolver aquilo que considera um “problema”. É a atual escola no Rio de Janeiro mais freqüentada por homossexuais em seus ensaios. A direção da escola provavelmente entende que sua comunidade heterossexual possui “reservas” em dividir o banheiro com os homossexuais e, simplesmente, seguiram o péssimo exemplo de outras escolas de sambas, inclusive o Salgueiro, criando um banheiro exclusivo para LGBTs.

Trata-se de uma escancarada tentativa de induzir a SEGREGAÇÃO por orientação sexual.

E é apenas uma tentativa “de induzir”, porque sabe que não pode se atrever a exigir que homossexuais utilizem aquele banheiro criado, sob pena da mascarada palhaçada se tornar um evidente crime hediondo.

Essa inversão hipócrita é deplorável! O banheiro não foi criado a partir da preocupação da escola com o “conforto” dos LGBTs, mas, exclusivamente, para atender os heterossexuais da comunidade que não gostam de dividir banheiro com gayzinhos, sapatões e travestis.

Assumam, é mais digno, apesar de continuar deplorável!

O mais triste disto tudo é constatar que, lastimavelmente, os personagens apresentados para dar “as desculpas” junto a mídia acerca da pretendida segregação são homossexuais em conluio com aqueles que decidiram discriminar. E estes diretores da escola e a própria comunidade heterossexual, em sua maioria, negros e pobres, tão vítimas do preconceito quanto os gays.

Fico feliz de constatar a imediata reação do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através do Superintendente que cuida das questões de diversidade sexual, Cláudio Nascimento, condenando o ato.

6 comentários:

ronaldo disse...

Bom eu não acho, pois em muitas vezes somos maltratados ao tentar entrar em banheiro (por isso evito ao maximo) mais isso na é pior, banheiro é o de menos use da sua casa, e o arquivamento da PLC 122, não eperemos de braços cruzados ue os governantes nos salvem, como vamos nos precupar em ter filhos se ainda nem podemos viver em paz, hoje ja é 07/01/11, ja se foram sete dias sem qu nada fosse feito.

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Ronaldo,

Muito bom você lembrar do PLC 122/2006 que pretende criminalizar a homofobia, porque no meu entender, é exatamente desta discriminação, por parte da escola de samba, que estamos falando.

Quanto a sua alegação de que "muitas vezes somos maltratados ao tentar entrar em banheiro" é, no mínimo, surpreendente!

Recebo inúmeras correspondências de LGBTs discriminados pelo país, faço parte de listas de discussões LGBTs e até hoje, jamais ouvi essa sua afirmativa "muitas vezes somos maltratados ao tentar entrar em banheiro".

A verdade é que, aqueles que defenderam a Unidos da Tijuca, em detrimento dos LGBTs, contribuiram para que a sociedade considerem que desejamos privilégios. Pior, que na hipótese, privilégio para ser discriminado.

CA

Flávio Julio disse...

Se queremos ser tratados como iguais pela sociedade temos de nos sentir iguais e agir como. Essa segregação só torna ainda pior a homofobia já existente no país.

ronaldo disse...

Olha aqui onde moro no MT tem sim, vo citar um exemplo de quando estavamos na Conferencia Nacional GLBT,soubemos de duas travestis expulsas de um shopping ao tentar usar o banheiro feminino,agora acho muito dificil uma mulher aceitar dividir o espaço com alguem que ela pensar ser um homem, e continuo achando afirmar que banheiro GLBT seja apartheid, pq sempre vã existir os mais afoitos que não vão se conter,e tentar alguma coisa com hetero e entra pelo cano, obrigado por responder meus comentarios adoro seu blog acho mega esclarecedor,sou seu fã

Anônimo disse...

Amigo,
que coisa mais absurda! A impressão que me dá, é que quanto mais o tempo passa... mais para trás andamos com estas questões.
Só lamento!
Beijos
Cristina BR

Anônimo disse...

Vocês são iguais à TODOS NÓS. Somos todos HUMANOS. Já existe lei pra qualquer prática homofóbica prevista no CP. Não custa nada correr atrás dos direitos sem querer provilégios...

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