O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

A pergunta de todo lgbt que possua alguma autoestima hoje é: e agora, em quem votar para Presidente da República?

Convido a pensarem comigo o tema que hoje levantarei. Imagino que muitos, como eu, estão se sentindo desamparados, despidos, sem caminho, perdidos, amarrados pela ausência de esperança e opções diante daquilo que vemos dos principais candidatos a presidência da república.

Se Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva são os candidatos com maior probabilidade de ganhar a eleição para o cargo máximo que é o da presidência da república, mas se negam a reconhecer a sua CIDADANIA, negando seus DIREITOS, como votar em algum deles?

Não, jamais diria para votar nulo ou em branco. Eles (candidatos) não admitem, mas somos cidadãos e temos o dever e a responsabilidade de votarmos. Nosso voto é sim IMPORTANTE. Mais que eles desejam e admitem.

Votar no “menos pior”, considerando a proposta de governo de cada um deles, numa visão generalíssima e abstrata, seria uma hipótese. Mas dói. Dói porque eles teriam conseguido negar a minha existência, minha orientação sexual, meus direitos e, principalmente, minha dignidade e, ainda assim, humilhantemente fui um voto seu.

Tem que ser muito poliana e não estou nesta fase.

Li algumas vezes os comentários de uma pessoa a quem admiro e todos conhecem, Carlos Tufvesson, um militante guerreiro, odiado e invejado por muitos outros militantes. Alguns militantes petistas se ressentem por ele ser uma pessoa pública, famosa, bem sucedida profissionalmente e com imenso trânsito junto a vários renomados políticos brasileiros, como Sérgio Cabral, Cesar Maia, Eduardo Paes, Aécio Neves, entre outros. Embora ele não canse de dizer que não se renda a um partido político, em detrimento de seus ideais, ainda assim o acusam de ser burguês e apoiar à direita. Balela. Pois bem, prova disto é que ele hoje afirma que o candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, pode acabar levando seu voto.

Tem lógica.

Meus preconceitos irracionais fizeram, na primeira hora, sentir uma certa repulsa. O Partido PSOL me remete a lembrança dos xiitas e fundamentalistas, e fundamentalistas vocês sabem que me lembram aos evangélicos. Mas, os candidatos que estão aí não me deram escolha, tive que rever meus preconceitos.

Quero dividir isto com vocês.

É que justamente o candidato ancião, Plínio de Arruda Sampaio, contando aproximadamente com 80 anos de idade, se trata do único candidato a presidência da república que afirma peremptoriamente ser favorável ao casamento homossexual. É acredite, por tudo que li até o momento de seu histórico, não se trata de firula ou artimanha meramente circunstancial para angariar votos.

Plínio Sampaio, após desligar-se do Partido dos Trabalhadores, do qual foi um dos fundadores e histórico dirigente, ingressou no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Por não concordar com o rumo político do PT, Plínio desligou-se do partido. Em 2006, como candidato do PSOL a governador do Estado de São Paulo, chegou a dizer, durante debate que precedeu o primeiro turno das eleições, que o programa político do PT era idêntico ao do PSDB.

Ele é promotor público aposentado e ex-deputado federal e também um dos mais respeitados intelectuais de esquerda católica e também um dos mais árduos defensores da Teologia da Libertação entre o laicato.

Desde 1996 é diretor do jornal Correio da Cidadania, veículo de imprensa independente da cidade de São Paulo.

Em 2007, aos 76 anos, participou ativamente da histórica passeata na Avenida Paulista organizada no dia Dia Internacional da Mulher, pelos direitos da mulher trabalhadora e contra a política externa do presidente estadunidense George W. Bush.

Plínio de Arruda Soares não disse só uma vez ser favorável ao casamento, mas várias. Assim como é favorável ao aborto e a liberação da maconha. Sem dúvida, o vovô (respeitavelmente), além de intelectual é bastante moderno.

Sei que o candidato do PSOL está longe nas pesquisas. Mas acho que ele é a resposta certa para os candidatos que negociam com os católicos e evangélicos os direitos dos homossexuais. Quanto MAIS VOTOS Plínio Soares tiver, mais os outros candidatos (que nos renegam como cidadãos) poderão eventualmente entender que nossos votos possuem valor. Se Plínio de Arruda Soares não conseguir se eleger, o que não chegaria a ser surpresa ou escândalo, o meu, o seu e todos os votos nele juntosque significam o diferencial das propostas, ou seja, a aprovação do casamento homossexual, do aborto e da legalização da maconhatalvez passe a ser enxergado (pelos números e o valor destes números), como algo importante a ser considerado pelos demais candidatos.

Por enquanto, desde que Plínio Soares não surja com alguma proposta totalmente absurda e inadmissível, é uma razoável solução. Desta forma, não me sinto aviltado votando em quem não me aceita ou negocia meus direitos com as religiões homofóbicas e, além disso, tenho a real chance de utilizar meu único instrumento de recado que interessa aos demais candidatos para que passem a prestar atenção nos meus direitos: O VOTO.

3 comentários:

Lorena disse...

Sempre afinado... ^^)

Parabéns pelo blog.

James Figueiredo disse...

Carlos, excelente post.

Andei pensando nessas mesmas linhas - Digo, já que nenhum dos três grandes candidatos merece o nosso voto, um dos pequenos que recebesse uma visível vitaminada no número de eleitores, mesmo que pequena demais para mudar o rumo da eleição, CERTAMENTE chamaria a atenção. E se essa vitaminada fosse claramente o resultado de um influxo maciço de votos LGBT, aí conseguiríamos mostrar que estamos aqui e não somos invisíveis.

Dei uma olhada nos programas tanto do Plínio quanto do Zé Maria do PSTU, e o segundo apresenta um programa EXTREMAMENTE abrangente no que tange à questão LGBT, dá uma olhada:

http://www.zemariapresidente.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=63:um-programa-de-classe-contra-a-homofobia&catid=15:glbt&Itemid=37

De qualquer forma, ainda é uma questão na qual estou pensando - E ainda acredito que o nosso caminho é votar muito bem para deputados e senadores. Mas os candidatos menores podem, sim se revelar uma solução inesperada para pelo menos parte do problema.

Um abraço,
J.

Sil disse...

Muito bom post. Também não consigo engolir essa argumentação do 'menos pior' ou de oferecer migalhas (tipo seminários nacionais LGBT) e usar MEUS DIREITOS CIVIS como moeda de troca por votos!
Sendo assim, estou com Plínio a partir de agora.
(Tem o Zé Maria do PSTU também, hem)

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