Numa entrevista concecida a jornalista Carmen Lira Saade, do Jornal Mexicano - La Jornada -, nesta terça-feira, 31 de agosto, ainda tentando se justificar, Fidel confessou uma gravíssima perseguição praticada durante cinco décadas aos homossexuais.
A matéria jornalística começa com a advertência que apesar da ausência de qualquer sinal de desconforto por parte de Fidel Castro, provavelmente, a mesma não agradaria Fidel, reproduzindo uma série de questionamentos.
Na referida entrevista Fidel confirma que décadas atrás, por causa da homofobia, os homossexuais eram marginalizados em Cuba e muitos foram mandados para campos de trabalho militar agrícolas , acusados de contrarrevolucionários.
Fidel Castro tentou jogar a responsabilidade pela homofobia em Cuba para todos os lados, recorrendo, inclusive, a velha desculpa de todo homofóbico, qual seja, ressaltar que 'sempre possuiu amigos homossexuais'.
Mas assumiu: "foram momentos de grande injustiça, uma injustiça grave!" repetiu enfaticamente. Em seguida aduziu: "Estou tentando diminuir a minha responsabilidade em tudo isto porque, naturalmente, pessoalmente, não tenho preconceitos desse tipo. Sabe-se que os seus melhores e mais antigos amigos são homossexuais.
A jornalista então questionou como explicar este ódio pelo "diferente", e Castro sugeriu que tudo havia sido resultado de uma reação espontânea das fileiras revolucionários, provenientes de tradiçoes, lembrando que a discriminação no passado também ocorreram com os negros e mulheres, e, claro, homossexuais.
Mas bastou a mencionada jornalista questionar se a culpa não teria sido do "Partido", por não ter acabado com o que estava acontecendo na sociedade cubana, para que imediatamente Castro chamasse para si toda a responsabilidade: "Não", disse Fidel. "Se alguém é responsável , sou eu...".
Emendando o general: "É verdade que nesses momentos eu não podia cuidar do assunto ... Eu estava cercado, principalmente, pela crise, guerra, questões políticas ... ".
A partir daí foram muitas tentativas de justificativas: "ataques armados estavam acontecendo o tempo todo: nós tivemos tantos problemas terríveis, os problemas de vida ou morte, você sabe...", ..."Olha como você acha que foram os dias nesses primeiros meses da Revolução: a guerra com os Yankees, a questão das armas e, quase simultaneamente com eles, os planos de atentados contra a minha pessoa ..."... "Eu poderia estar em lugar nenhum , eu não tinha onde morar ... " A traição foi a ordem do dia...". Ressaltou ainda os problemas decorrentes da CIA, os inúmeros traídores comprados e o quanto tudo era complexo, "mas no final, de qualquer maneira, se tiver que assumir a responsabilidade, assumo a minha. Não vou culpar os outros...", disse o líder revolucionário, lamentando, apenas, não ter corrigido logo em seguida.
A matéria jornalística menciona que hoje Cuba está enfrentando o problema. Tanto é assim que sob o lema "A homossexualidade não é uma ameaça, a homofobia é", foi realizado em várias cidades o Dia Mundial Contra a Homofobia. Gerardo Arreola, correspondente La Jornada em Cuba, tem noticiado o debate e a luta que se realiza na ilha em respeito pelos direitos das minorias sexuais .
Mariela Castro, uma socióloga de 47 anos, filha do presidente cubano, Raul Castro, dirige o Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), uma instituição que, segundo ela, tem melhorado a imagem de Cuba após a marginalização da década de 60. "Aqui estão os cubanos e as cubanas, para continuar lutando pela inclusão, de modo que é a luta por todos e todas para o bem de todos e todas" disse Mariela Castro, escoltada por transexuais com uma bandeira cubana e uma colorida do movimento gay.
Desde os anos 90 a homossexualidade na ilha foi descriminalizada , mas isto não encerrou todos os casos de assédio pela polícia. Gays continuam sofrendo discriminação, ainda que em escala bem menor.
Fidel Castro possui uma IMENSA dívida com os lgbts cubanos. Sua confissão, tentativa de justificativas e até o rol de melhores amigos gays não afastam o grande ABSURDO ocorrido em Cuba. Homossexuais foram levados para o campo agrícola militar à título de serem contrarrevolucionários. Mais grave que isto só consigo lembrar as câmaras de gás nos campos de concentração de Hitler! Trata-se de um crime contra a humanidade para o qual não há justificativa ou desculpa.
A fala de Castro só confirma tudo que sempre soubemos e que socialistas xiitas sempre negaram. O drama vivido por homossexuais em Cuba, até então. E tudo, para Fidel, se justifica na sua própria pessoa. Ele tinha não tinha tempo para pensar em outra coisa senão 'os riscos que sua pessoa passava' e no 'seu' Partido Comunista.
Haverá o dia no qual olharemos para atrás e ficaremos, de verdade, muito horrorizados com confissões absurdas como esta de Fidel e não será diferente também em relação ao Brasil, pois espero que mais adiante, e torço para que não muito distante, ficaremos boquiabertos com a notícia que neste país eram assassinados inúmeros LGBTs por pura homofobia e nossos legisladores assistiam tudo de camarote, e mesmo assim se negavam a aprovar uma lei que criminalizava a discriminação assassina.
Um dia, quem sabe?
3 comentários:
Ótima notícia, sinto-me maravilhada pela coragem de Fidel em admitir o erro. Só me pergunto quanto tempo vai levar para o Vaticano tomar uma iniciativa parecida.
Vaticano?! Pegou pesado!
Se nem AQUI conseguimos o reconhecimento dos MINIMOS direitos, imagina o VATICANO!
Maravilhada? Para mim isso é caso de cadeia. Assumiu? Prende!
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