O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Avenida Paulista, a mais nova Passarela da Homofobia



Hoje, confesso, teria medo de circular pela Avenida Paulista.

Não se trata de exagero, mas constatação.

Nem mesmo após a recente e imensa repercussão nacional em todas as mídias, colocando os homofóbicos na berlinda, estes cientes da possibilidade de estarem sendo gravados por vídeos externos, que naturalmente serão reproduzidos na televisão e web, nem as denúncias realizadas pela justiça, internações e pedido de prisão preventiva, jovens com aversão aos homossexuais se sentem inibidos de demonstrarem todo o seu preconceito e violência.

E como sempre revelam os noticiários praticam a violência, deixam uma das vítimas desmaiadas e, simplesmente, saem calmamente, sem qualquer receio ou admoestação.

Foi o que ocorreu com Gilberto Tranquilino da Silva e Robson Oliveira de Lima, ao saírem da boate GLS Tunnel, na madrugada do último sábado.

Conforme se extrai de notícias nos jornais, Gilberto e Robson, ambos de 28 anos, disseram ter deixado a boate por volta das 5 horas. Como Robson andava com dificuldade, por ter ingerido muita bebida alcoolica, Silva o abraçou para ajudá-lo a andar.

Perto da entrada da Estação Brigadeiro do Metrô, os amigos se depararam com o grupo de jovens que vinha na direção oposta, todos com pouco mais de 18 anos, entre eles duas mulheres. “Eles gritaram: ‘desgruda, desgruda!’”, contou Silva. “A gente se separou e seguimos em frente. Eles passaram e, depois, nos empurraram. O Gilberto caiu e um deles começou a dar socos e chutes nele.”

Após o ataque, as vítimas caminharam por mais alguns metros, até Lima desmaiar. "Encontrei um casal e eles ligaram para o 190", afirmou o atendente de telemarketing. PMs levaram Lima para o Hospital do Servidor Público Municipal. Medicado, recebeu alta. A Polícia Civil deve iniciar hoje a investigação do caso e ouvir os dois amigos.




A vítima homossexual que mais foi espancada pelo grupo criminoso, ao ponto de desmaiar, não quis seu rosto divulgado pela imprensa. Quem deveria ter vergonha são os agressores e, de certa forma, a polícia paulista, jamais a vítima.

Ainda não consegui digerir que a ação daquela primeira gangue homofóbica houvesse inicialmente sido capitulada pela polícia como autora de mera lesão corporal, quando, manifestamente, se tratava de uma quadrilha com dolo eventual para prática de homicídio.

Embora as atuações das delegacias de polícias que investigam estes dois últimos casos emblemáticos de homofobia ocorridos na Av. Paulista sejam quase irretocáveis, a verdade é que é vergonhoso para São Paulo que num outro final de semana, por volta do mesmo horário e avenida, inexistisse o policiamente que se exigia.

Da polícia civil e militar que cobre aquela área não se espera somente a reação e captura, mas também a prevenção, e esta, pelo que se constata, não existe.

Os covardes homofóbicos já possuem um padrão notoriamente conhecido. Reúnem-se em baladas e próximo ao amanhecer, passeiam pela Avenida Paulista espancando homossexuais. O que falta? Dar nome e endereço dos agressores e vítimas? Porque a ação criminosa, o horário e o local já são públicos!

Enquanto isto, também na mesma cidade de São Paulo, República, no hotel Shelton Inn, ocorre a 25º Conferência Mundial da ILGA (The International Lesbian and Gay Association), incluindo, pré-conferência da ILGA LAC (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais para a América Latina e o Caribe).

A homofobia, um dos piores males que atinge o Brasil e, neste mesmo momento, especialmente São Paulo, parece que ficou de fora da Conferência Mundial. Aliás, o antropólogo e decano do Movimento LGBT, Luiz Mott, responsável pessoal pela apuração de dados dos assassinatos homofóbicos no Brasil, sequer foi convidado pelos organizadores (brasileiros) do evento a participar ou estar presente no mesmo.

Como já exposto, este novo escândalo de homofobia na Avenida Paulista ocorreu na madrugada do último sábado. Estamos na terça-feira (07) e apesar de São Paulo, desde sábado (04) sediar tal evento apenas com MILITANTES LGBT, incluindo aí com cerca de 100 (cem) convidados de militantes brasileiros, nenhuma MANIFESTAÇÃO, PASSEATA OU ATO ocorre ou está sendo divulgado na programação!

E assim segue o Movimento LGBT brasileiro, sem organicidade e qualquer “time”.

A sorte é a mídia e a existência dos NÃO militantes de carteirinha com CNPJ de ONGs, como os estudantes da Mackenzie, que solidários já se articulam para realizar um ato contra esta nova violência.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Alexandre..Vergonhoso e revoltante mesmo! O pior é o movimento organizado glbt e os militantes de"carteirinha" deixarem de fora o Mott e não falarem um "piu" a respeito desses ataques homofóbicos. Agora me pergunto onde estão aqueles... militantes "reais" que constantemente picham pessoas como você, que denunciam essas barbaridades...Onde estão eles ::: Realmente, esse movimento glbt organizado e politico que aí está, dá nojo...Tenho pena dos meus amigos gays e lésbicas por terem que passar por essa covardia constantemente. Acho o fim da picada darem esse tratamento mesquinho e desrespeitoso ao Mott, depois de tudo o que ele fez e ainda faz pelos glbts..Lamentável..

Beijos,
Cristina Martins

ronaldo disse...

Olá Alexandre eu conheci o seu blog tem poco tempo, me chamo ronaldo moro no interior do MT, acho importante esses espaços que defendem a nós com tanta seriedade, a luta contra homofobia não é uma luta apenas de carater sexual, mais uma luta pela vida, todos os dias lutamos para sobreviver, eu ainda não sou um militante, mais faria qualquer coisa pra ajuda o segmento, pois somos todos irmãos, vc pode ate acha estranho esse termo, mais acredite so um gay pra saber o peso que se carrega nas costas, mais por isso não desisto, para que muitos não venhamos a morrer, mais se vier acontecer que seja lutando pois daria tudo de mim por um pouco de paz...adoraria receber um e-mail seu o meu é ronaldotexlandim@hotmail.com

Unknown disse...

O preconceito começa por nós mesmo...

Até compreendo que a sociedade heteronormatizada justifiquem que você negue sua homo ou bissexualidade "até debaixo de outro homem", mas achei tão desnecessário o estudante agredido no dia 14 dizer que foi um engano, que é heterossexual e não é gay...
Não cabe a mim julgar, mas não achei que ele siga muito bem os padrões heterossexuais dos quais estou acostumado a ver.

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