O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sábado, 18 de dezembro de 2010

A polêmica criada pelo "Papai Noel dos Gays"


Boa parte do Movimento LGBT está criticando o presidente da ABGLT, Toni Reis, por ter dito publicamente ao Presidente Lula, durante encontro promovido pelo Palácio do Planalto comos movimentos sociais, que ele seria o Papai Noel dos Gays:

"O Lula é muito gente boa. Tem até a barba branca, é o Papai Noel dos gays"..

A justificativa é óbvia. Até para os níveis da América Latina, o Brasil nos últimos oito anos não conseguiu sequer se aproximar dos avanços e conquistas de direitos LGBTs dos países vizinhos e, especialmente, porque os LGBTs passam por uma situação crítica, com aumento da violência cada vez mais acirrada, sem a devida proteção legal que o Estado deveria tutelar.

Apesar de reconhecer como verdadeiras as criticas realizadas, ouso discordar da maioria daqueles que se manifestaram.

Não sou fã do Lula, critico severamente o Movimento Social, e seu maior representante, a ABGLT.

Principalmente, não tenho motivo ou interesse de puxar saco da ABGLT.

Por estes motivos, fico a vontade para dizer que não considero que Toni Reis tenha praticado nenhum "pecado" ao chamar Lula de Papai Noel dos Gays.

No presidencialismo, Lula, com o cargo de Presidente, é o líder do Poder Executivo, e, vamos reconhecer, embora não tenham sido presentes, podemos dizer que o Poder Executivo cumpriu parte de sua obrigação e reconheceu alguns direitos importantíssimos, como plano de saúde, imposto de renda e direito previdenciário. Foram ganhos reais e efetivos. E, sem dúvida, a posição do Presidente Lula foi determinante. Em termos, dentro do Poder Executivo, foi feito aquilo que poderia.

Até então somente o Poder Judiciário havia sido grande "aliado".

Nosso Congresso Nacional é o que merece todas as críticas possíveis e, ainda assim, será muito pouco.

Lula poderia intervir no Poder Legislativo? Quem disser que não estará com óculos cor de rosa, mentindo descaradamente. Todos sabemos que poderia. Faltou vontade política e também inúmeras manifestações pessoais em momentos críticos.

Entretanto, distinguir e reconhecer a atuação do Poder Executivo e do Poder Judiciário considero uma obrigação, sempre num tom honesto e, evidentemente, de cobrança também.

A situação piorou para os LGBTs nos últimos anos? Piorou, mas dentro da política cada vez mais discriminatória do Congresso Nacional. Realmente, comparar nossa situação aos outros países nos faz sentir vergonha. A aprovação pela Câmara de Deputados do Estatuto da Família que o diga. E se passar pelo Senado, espero que seja vetado, aí sim, pelo Presidente da República, que possui competência para tal. Sei que Lula até poderia assim proceder, mas tenho sérias dúvidas da presidenta eleita Dilma.

Acho bastante complicado e até injustas as críticas. Para cobrar, exigir, reclamar, é necessário também reconhecer, sem o que qualquer protesto parece apenas tendencioso, motivando que sequer seja ouvido. Toni Reis deveria sim reconhecer a atuação do Poder do Executivo e, a partir dela, passar para a devida cobrança e, pelo que li, chegou a fazer isto.

Segundo o Portal da Folha, O presidente da ABGLT lembrou que tem crescido manifestações homofóbicas no país, como os recentes ataques a homossexuais na avenida Paulista e reclamou também da atuação do Legislativo. "O Executivo bancou muitas coisas, mas o Legislativo está em falta com a gente", criticou. Ao fim do discurso, Reis entregou a Lula uma bandeira com as cores do arco-íris, do movimento gay.

Óbvio que não compartilho da opinião que Lula foi Papai Noel. Lula não fez mais que sua obrigação, afinal é um direito nosso. Mas me parece claro o sentido pretendido pelo Toni ao nomeá-lo desta forma. Acho até que fincou a bandeira do arco iris num espaço que ainda não é nosso território (como gostaríamos) e diante de olhos inimigos. A bandeira pode cair, mas pelo menos tentou.

Toni Reis fez bem em reconhecer as conquistas obtidas pelo Chefe do Poder Executivo, se pecado houve foi não ser tão contundente na crítica, quanto foi na forma da manifestação do elogio.

A meu ver o Movimento LGBT deveria reclamar pela ausência da firmeza nas criticas necessárias, mas não pelos elogios devidos.

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