O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Direito à Saúde e Informação– Dores de Cabeça, tipo “Cefaléia em Salvas” e Enxaqueca

O direito à saúde e o direito à informação são inquestionavelmente fundamentais.

Descobri recentemente algo que passei trinta e cinco anos da minha vida sem saber e sem ser diagnosticado corretamente. Não foi por falta de possibilidade econômica ou de busca de informação. Na verdade, busquei e não encontrei e depois de algum tempo me acomodei com as informações obtidas até então, tentando entender meu corpo e me adaptando a situação. Só agora descobri o que tenho “Cefaléia em Salvas“ e que, embora não tenha cura, existe tratamento que pode ajudar. Então partilho aqui a experiência dos erros e enfim do acerto.

Cefaléia em Salvas“ é uma dor pulsátil, violenta, unilateral que se manifesta num dos olhos, na órbita ou no fundo do olho. Na região comprometida ocorre queda da pálpebra, congestão ocular, obstrução nasal, coriza e o olho fica vermelho e lacrimejante. A enxaqueca surge aleatoriamente. É uma crise que vem e passa, embora possa reaparecer noutro momento. Na cefaléia em salvas não é assim. As crises vêm agrupadas e são diárias (de uma a oito por dia) durante um período que vai de dez dias a três meses. Esse agrupamento de crises desaparece de repente e pode demorar bastante para manifestar-se de novo o que acontece de uma hora para outra e sempre com as mesmas características de concentração.

A dor não é comum. É extremamente intensa, como se uma faca passasse pelos olhos e o pico dessa intensidade da dor ocorre com muita rapidez, em cinco minutos, não dando tempo dos analgésicos fazerem efeito, sendo praticamente inevitável deixar de passar pela insuportável dor. A crise pode durar de quinze minutos até três horas. Hoje, existe a possibilidade de tratá-la, as pessoas portadoras da cefaléia em salvas possuem em casa uma injeção para se aplicarem (subcutânea) ou oxigênio para utilizarem no momento da crise.

Os neurologistas afirmam que a cefaléia em salvas é a causadora da pior dor que existe na cabeça. Médicos afirmam que ela pode ser a dor mais intensa conhecido pela ciência médica.

Nos Estados Unidos, questionário aplicado em pacientes que tinham tido cefaléia em salvas, cólica de rins e cólica de vesícula, revelou que a cefaléia em salvas era considerada, por unanimidade, a pior das três dores o que justifica ser também chamada de cefaléia suicida. Ela também já foi descrita por pacientes do sexo feminino como sendo mais grave do que a dor do parto.
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Dr. Peter Goadsby, professor de Neurologia Clínica da Universidade College de Londres, um dos principais investigadores desta condição comentou:
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"Dor de cabeça em salvas é provavelmente a pior dor da experiência humana. Eu sei que é uma observação bastante forte para fazer, mas se você perguntar a um paciente de cefaléia em salvas se elas tiveram uma experiência pior, elas universalmente diram que não têm. Mulheres com cefaléia em salvas irão lhe dizer que um ataque é pior do que o parto. Então você pode imaginar que essas pessoas dão à luz sem anestesia, uma ou duas vezes por dia, durante seis, oito ou dez semanas de cada vez, depois de uma pausa. É simplesmente horrível.”

Meu médico neurologista sugeriu que assistisse no Youtube uma demonstração da crise da cefaléia em salvas, gravada por uma paciente que queria descrever com fidedignidade ao seu médico o que passava. Esse vídeo também traz todas as características e explicações da danada. A imagem fala por si só, apesar da composição meio a moda brasileira, um tanto melodramática, mas vale a pena assistir:



Desde 11 anos de idade tenho dores de cabeça que se diferenciavam da dita “dor de cabeça normal”. Como a família possui histórico de enxaquecosos, diagnóstico foi sempre fácil e rápido: enxaqueca.

E, na realidade, os sintomas sempre foram compatíveis, a dor era muito intensa na região dos olhos, irradiando para cabeça, ossos, dentes, ouvidos. Através da fotofobia, pelo total desconforto com a luz, a dor avisava que chegaria com tudo que tinha direito, inclusive náuseas. Sempre de um mesmo lado. Comer chocolates, bebidas alcoólicas fermentadas era dar o gatilho para dor começar no período de crises. Evidente, em suma, enxaqueca!

Primeiro tratamento da avó foi a aplicação de batatas na área. Óbvio, de nada serviram.

Analgésicos, mais analgésicos e sempre novos analgésicos e a dor passava algum tempo depois. Mas como o momento da dor era insuportável e, por uma determinada fase se repetia diariamente, a busca de um médico era inevitável. E assim começou a peregrinação de mais de trinta anos, todos diagnosticavam enxaqueca, passavam analgésicos, solicitavam uma série de exames, radiografias e encaminhavam para algum outro tipo de especialista. Foram vários: Clínico Geral, Dentista, Otorrinolaringologista, Ortopedista, Oftalmologista, Neurologista, Psiquiatra, Psicólogo, Homeopatia, Clinica da Dor, Florais de Bach, Terapias holísticas, Massagem, Acupuntura, Jin Shin Jyutsu e etc. Bastava surgir algo ou alguém com um título novo e eu estava lá, fazendo uma nova tentativa de reduzir as dores da dita enxaqueca.

Sempre ouvi outras pessoas que tinham enxaqueca e, instintivamente, tentava comparar a intensidade das dores, e evidente o meu sentimento dizia que a MINHA dor era muitíssimo pior, e me desculpava porque todos os nossos problemas tendem a ser considerados por nós mesmos como mais sérios ou importantes. No íntimo, questionava se esta comparação não seria um tipo de miséria humana, onde deseja um troféu, ainda que fosse pela pior dor, em seguida concluía que deveria ser um fraco e também menos resistente a dor, então me resignava.

Semana passada, ao visitar minha mãe que acabara de fazer uma cirurgia para retirada de um cisto no ovário, me dirigindo ao seu quarto vejo no elevador do Hospital Barra Dor um aviso acerca de uma palestra de dois médicos especialistas em dores de cabeça e enxaqueca. Infelizmente se tratava de um evento que já havia ocorrido dois dias anteriores, somente não haviam ainda retirado a divulgação. Solicitei a uma tia que se informasse sobre os nomes dos médicos e, como estava começando com a crise, resolvi fazer a busca dos nomes na internet chegando finalmente na Clínica da Dor de Cabeça e Enxaqueca, onde após reconhecer que possuía quase a integralidade dos sintomas previstos, recebi do médico o diagnóstico correto e a medicação certa para o tratamento.

A diferença é grande. Muito grande. Saber que existe um remédio injetável ou a possibilidade da inalação de oxigênio puro para o momento da crise, faz toda diferença. Além disto, com a prescrição de remédios específicos, a crise tende a diminuir muito a intensidade da dor e os números de dias da dita crise.

Existe uma página na internet que explica as inúmeras espécies de dores de cabeça e enxaquecas existentes, quem sofre deste mal ou conhece quem sofre, vale a pena dar uma olhada: http://www.dordecabeca.com.br/

No Orkut descobri uma comunidade da "Cefaléia em Salvas" e fiquei surpreso com os depoimentos e trocas de informações. Não era o único e todos procuram se ajudar. Há solidariedade.

A idéia aqui não é falar de sofrimento, dor, mas de informação, tratamento e saúde, especialmente, que a salvação ou tratamento pode estar bem perto de você, apenas ainda não descobriu, apesar de já ter procurado.
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Insista!

5 comentários:

BLOG DO DESABAFO disse...

Ola Carlos,vi seu blog na comunidade e resolvi fazer uma visita,parabéns pela matéria sobre CS.Eu comecei a fazer um blog na sexta passada ,ainda estou em fase de edição,mas um de meus temas será CS,gostaria muito que fossemos parceiros,afinal lutamos pela mesma causa,ah e adorei a reportagem que postou na comunidade.
Mais uma vez parabéns

Eduardo A. disse...

Pois é Carlos. Só quem sofre de enxaqueca para saber o que é esse mal. Muito bom o seu post! O site http://www.dordecabeca.com.br/ é bem rico em conteúdo, gostei muito.
Abraço.

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Ricardo e Eduardo, amigos da dor e da informação!
Abraços

Melissa disse...

Olá, Carlos.

Que bom estar ajudando a divulgar isso. Meu marido tem cefaléia em salvas e hemicrânia paroxística. Teve a extensa trajetória entre médicos e terapeutas e realmente parece ser um sofrimento sobre-humano... Eu estou pensando em como ajudar na parte de legistação, direitos, inclusive trabalhistas, não sei como poderia começar isso. Caso vc conheça alguém ou qualquer informação sobre essa parte, por favor, me avisa, ok? Te agradeço muito. Ah! também entrei nas comunidades do Orkut.
Meu blog é www.articulando.com.br.

Abraços, muita força e fé! Parabéns pela coragem de viver!

Melissa.

Anônimo disse...

Atenção: A cefaléia em salvas tem um tratamento que é quase uma cura. Sofri com essa dor durante 25 anos. Tinha crises que duravam muitos dias e às vezes tinha vontade de morrer. Foi diagnosticada como cefaléia em salvas por vários médicos. Era uma dor incontrolável que dava do lado esquerdo acima da mandíbula. Tomava Neosalgina direto. Após passar por vários médicos e exames de todos os tipos, encontrei um Neurologista em Juiz de Fora - MG, que me trouxe a solução. Não é milagre nem nada. Apenas me recomendou que, a qualquer sinal de estresse ou ansiedade, o que é comum a pessoas que sofrem com isso, tomasse um ansiolítico fraquinho (no meu caso Alprazolan), durante o dia. Não é pra dormir, apenas diminui a ansiedade e o estresse. Primeiramente, como estava em meio uma crise, tomei 1 comprimido de 0,5mg por dia durante 15 dias e após isso, tomo esporadicamente, somente quando sinto que estou muito nervoso, tanto que uma caixa de 20 comprimidos dura mais de um ano. Há mais de quatro anos não tenho mais essa terrível dor, mas tenho que ficar atento aos níveis de estresse, que agora estou suportando bem mais. Graças ao médico e à Deus, levo minha vida normal e espero que todos consigam também. Espero ter ajudado.

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