Um manifesto foi postado no site da Arquidiocese do Rio com pronunciamento acerca do III Programa Nacional de Direitos Humanos, com um longo abaixo-assinado de bispos e arcebispos.
Transcreverei uma pequena parte, porque "o todo" é enfadonho e repetitivo:
“A CNBB reafirma sua posição muitas vezes manifestada em defesa da vida e da família e contrária à discriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homo-afetivos.
Rejeita, também, a criação de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União, pois considera que tal medida intolerante, pretende ignorar nossas raízes históricas”.
Evidente que uma instituição como a Igreja Católica para fazer críticas tão severas ao programa do CNDH leu o seu conteúdo.
A pergunta que não quer se calar: ONDE OS BISPOS E ARCEBISPOS LERAM NO DECRETO COM O PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS A DEFESA AO "CASAMENTO" ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO?
Não que o Movimento LGBT não deseje conquistar o reconhecimento civil ao casamento, ao qual faz jus, por direito, consoante princípios basilares na Constituição Federal. Mas onde foi que pessoas tão eruditas, com conhecimento profundo de filosofia e do direito canônico, que professam o compromisso pela verdade, honestidade e sinceridade LERAM a defesa do decreto em questão ao "CASAMENTO" de homossexuais?
Para uma pessoa desatenta isto passaria impune. Mas não é a hipótese.
O primeiro esclarecimento que se faz é que há uma diferença absurda entre os institutos do "casamento" e "união estável", lá no decreto mencionada como união civil. O casamento confere infinitamente mais direitos ao casal que a união estável.
No decreto repudiado pela CNBB e endossada pela manifestação da Arquidiocese do Rio de Janeiro, infelizmente, não se cogita casamento, apenas um direito menor, a união estável.
O segundo aspecto que se faz importante ressaltar é a MALDADE INESCRUPULOSA engendrada pelos BISPOS e ARCEBISPOS, uma vez que leigos não conseguem delimitar a abrangência e distinções variáveis da terminologia CASAMENTO.
A palavra "casamento" induz pelo próprio nome e costumes a idéia de um noivo no altar da igreja aguardando a noiva de véu e grinalda para a celebração do dito casamento. Por isso, a palavra "casamento" passou a ser entendida no sentido de como se religioso fosse. O mesmo que se dá com o termo "vamos tomar uma brahma" ao invés de "cerveja".
No entanto, "casamento" também é a celebração que se pode fazer apenas no cartório de registro civil, INDEPENDENTE da atuação de qualquer religião ou ser realizada dentro de uma igreja.
Todos sabem que o casamento pode ser somente cível, mas nem todos lembram disto, especialmente quando observam que quem reclama é a Igreja Católica! Fica parecendo mais que os designados por eles como antinaturais desejam afrontá-los na igreja, obrigando aos padres a realizar um "casamento" entre pessoas do mesmo sexo.
Não é a primeira vez que os preconceituosos fundamentalistas se valem desse ardil, indo a público com essas distorções, para comover a população e induzí-los a erro, colocando-se no papel de vítima e os homossexuais como algozes.
Quem é o verdadeiro algoz nesta história??? Ou será que alguém acha que os cultos e estudiosos bispos e arcebispos não sabem a crucial diferença existente entre tais terminologias?
Não senhores bispos e arcebispos, mais uma vez vocês devem se dirigir aos confessionários para pedir perdão a Deus, antes de celebrar a Eucaristia, por mais ESTE PECADO!
E não se trata de um pecado qualquer, é um pecado reincidente, já praticado pela Igreja Católica que teve que pedir perdão não só a Deus, mas também aos que sofreram o holocausto.
E cumpre reiterar que o Decreto do PNDH, assinado pelo Lula, se refere apenas a dar "apoio" a união civil das pessoas do mesmo sexo, o que já é uma bobagem porque se trata de um mero programa cheio de promessas com fins eleitoreiros (como ocorreu com FHC no final de mandado e nada aconteceu depois), o qual precisaria passar ainda este ano pelo Congresso Nacional para que se efetivasse em seu governo. Justo mesmo seria que o Decreto dissesse que deveria ser implementada na legislação nacional a garantia ao exercício do CASAMENTO pelos casais homossexuais.
Minha sugestão ao Lula é que não vá reclamar ao Bispo! Pelo contrário, faça jus a reclamação e altere o Decreto para substituir a palavra "união" por "casamento". Nós agradeceríamos penhorosamente aos Bispos e Arcebispos, homens de boa-fé, pela devida correção.
2 comentários:
Prezado Carlos Alexandre Neves Lima, vc falou e esclarecidamente tudo o que tah entalado na minha garganta... --Paul
Querido Paul Beppler,
Todos da militância nacional conhecem você que, mesmo longe, atua ativamente aqui.
Portanto, fico feliz em receber um comentário seu,
Abraço
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