O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quando Malhação se transforma numa escola de verdade


Sei que estou falando muito daquilo que passa na televisão. Mas vamos dar valor ao que possui.

Não acompanho Malhação, assisti outro dia (10/12) uma cena hiper educativa sobre homofobia e bullying e até comentei aqui. Imaginei que a abordagem já havia terminado, mas hoje, de repente, vi uma cena fantástica envolvendo ainda a mesma questão. A primeira coisa que pensei é que os autores da novela juvenil estão levando a sério a questão.

Por incrível que pareça, quando assisti a fala do personagem Eric, interpretado pelo ator Duam Socci (foto ao lado), me emocionei.

Descrevo como surpresa porque acredito que quem não acompanha uma novela ou série, e veja apenas uma determina cena, mantenha certo distanciamento crítico, tendendo mais para uma visão racional.

A cena que menciono foi a intervenção de Eric junto aos colegas preconceituosos da escola que, mais uma vez, “castigavam” a personagem homossexual Cadu ao fazer uma apresentação musical.

O enfrentamento e discurso do personagem de Eric foi muito lúcido e emocionado. Infelizmente não me preocupei em utilizar o recurso da NET para voltar à cena e registrar o texto porque imaginei que obteria no site da Malhação, mas me enganei, não há.

O que ele falou era óbvio, mas mesmo assim, naquela situação, me pegou de surpresa. Fez referência as pessoas que não gostam do diferente, mas que ninguém deveria se importar com quem o amigo Cadu (a quem defendia) namorava, se homem ou mulher, ressaltando que elas até poderiam não gostar, mas tinham o dever de respeitar. Mas disse isto com uma dignidade tão grande e sincera que calou a todos, inclusive quem assistia pela televisão. Foi um texto (que não sei reproduzir) muito bacana do autor da novela da tarde e muito bem realizado pelo ator Duam Socci.

Ao tentar resgatar a cena para reproduzir aqui, voltei ao site da novela e constatei que a homofobia e homossexualidade já estão algum tempo em pauta em Malhação e continuam sendo discutidas com alguma profundidade.

Super dez este trabalho cidadão do autor da novela, Emanuel Jacobina (foto a direita).

Malhação se vale de mil artimanhas para conseguir se comunicar com o seu público jovem.

Mistura a ficção com os hábitos atuais das redes sociais, a ponto do vídeoblog da personagem Duda (Nathalie Jourdan) e o blog da personagem Catarina (Daniela Carvalho) ultrapassarem os limites do enredo exposto na telinha de Malhação e serem reproduzidos no Globo.com no próprio site da novela Malhação, com o tema homofobia neles.

O ator, Binho Beltrão (foto), que interpreta com toda dignidade a personagem gay, nas cenas que vi, me passa a sensação de vítima da cruel perseguição preconceituosa, mas não transmite a imensa dor e aflição que sabemos ser vivido por qualquer gay numa escola, se descoberto. De qualquer forma, gostei do tratamento escolhido para o personagem, sem estereótipos, que serve como manto para tentar justificar os risos dos deboches desrespeitosos, que alimentam a discriminação com cores ainda mais fortes.

Não que não deva ser retratado o menino de voz fina e traços mais femininos. O preconceito com estes nem grita, berra, e por isto ainda mais necessário, mas cada coisa em seu momento. Didaticamente, primeiro deve surgir a apresentação dos temas homossexualidade, homofobia, bullying.

Quando digeridos emocionalmente tais conceitos, então os jovens estarão mais aptos a enxergarem a homofobia sob outro ponto de vista, e, por conseqüência, conseguirão associar a necessidade do respeito a todos, inclusive junto aqueles que aprenderam a rejeitar e tripudiar, os visivelmente homossexuais.

Como se vê, o debate que Malhação traz ainda poderia ser maior, pois as questões que circundam este universo é riquíssimo e quase imponderável.

A presente temporada de Malhação é rica, pois embora não traga um gay perseguido por ter voz e traços femininos não deixa de mostrar uma jovem com perfil masculino, embora seja aparentemente heterossexual.

A personagem Duda – interpretado maravilhosamente por Nathalie Jourdan (foto) - é uma menina com todos os traços masculinizados e vista desta forma por seus colegas de escola, o que também é compartilhado pelos telespectadores, induzidos pelas imagens.

Só a própria personagem não nota.

Na realidade, quando se é jovem e se esta na fase da descoberta da sexualidade, dúvidas surgem, sem qualquer definição fácil,- o tempo todo exigida por todos os lados-.

A personagem de Duda passa por isto. E consegue mostrar que não se deve ceder à vontade dos outros. Ela se respeita. Chega a aceitar a dúvida, mas não se define em nada que não tenha certeza ou vontade apenas para fugir da aflição ou encontrar um lugar ao sol ou a sombra. Pelos outros personagens e telespectadores ela seria lésbica, entretanto, hoje a personagem parece ser heterossexual e está envolvida com um rapaz.

Através desta personagem o autor Emanuel Jacobina demonstra imparcialidade, ensina que respeito se conquista e que o amor próprio é um componente imprescindível para ser, seja o que for.

2 comentários:

Unknown disse...

http://malhacaocatpe.blogspot.com/2011/04/quando-malhacao-se-transforma-numa.html aqui eu postei no meu blog e ainda indiquei o seu :D. Adorei a matéria

Unknown disse...

Malhação lixo da esquerda,não ensina nada pros jovens ,só vagabundagem,sexoe drogas.....

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