José Saramago classifica a Bíblia como "um manual de maus costumes" e "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana"
"Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!", disse o escritor, numa entrevista concedida à Lusa, a propósito do lançamento mundial do seu novo livro, intitulado Caim, este domingo, em Penafiel.
Na obra Caim, não faltam os desmandos homossexuais em Sodoma que quase vitimam dois anjos!
Ainda sobre o Livro Caim, Pilar del Rio fez alguns comentários que transcrevo:
"Que atracção mórbida têm os homens para inventar, ao longo dos tempos, religiões terríveis a que logo se escravizam? Que paixão aturdiu a humanidade levando-a a impor-se a si mesma códigos e proibições canalhas, ameaçar-se com fogos eternos, condenar-se absurdamente por toda a vida, centrar a existência em tabus alheios ao sentido comum e fazer de normas desumanas guias de conduta e de condenação? Sim: os chamados seres racionais estão loucos, por isso talvez não mereçam a existência. Essa é, em meu entender, a síntese do romance de Saramago, uma perplexidade que se afirmou em cada leitura: Não somos de fiar, Caim tinha razão ao executar o seu plano se nós seres humanos somos tão crueis, tão maus, tão aborrecíveis, que quando queremos inventar um ser superior temos que o carregar de sangue, ódio, morte, renúncia, sacrifício. O rancor do Deus da bíblia é o rancor que os humanos inventaram, dado que foram os seres humanos que propuseram as diferentes figuras divinas. E a crueldade, a velhacaria, o ardor guerreiro e o espírito de vingança são construções humanas a que se deu corpo legal e religioso para, de seguida, submeter-se com uma ligeireza insuportável. “Escravos de um Deus fictício” escreveu alguém, e é verdade: seja no Islão, nas religiões africanas ou ameríndias, no judaísmo, no cristianismo nas suas distintas variantes ou noutras confissões, em todas estão os códigos e o pecado. Numas impõem burkas, noutras proíbem fazer amor sem passar por um altar, e lapidam na vida terrena ou condenam à eternidade se se tratam com uma transfusão ou se investigam com células-mãe. E todas estão convencidas da sua excelência, da sua legítima capacidade para condenar, por exemplo, os homossexuais - todas as religiões têm uma fixação com o sexo, o que demonstra quão humanas são - e todas se sabem e sentem superiores. Nenhuma vê ridículos e fátuos os seus rituais, embora não entenda os dos vizinhos, são bárbaros uns para os outros, nunca amigos, nunca próximos: no universo religioso é onde mais claramente fica demonstrado que os humanos ao longo da sua passagem pelo mundo procuraram sempre motivos para o confronto e que, como ficou dito, a religião é um dos maiores, a par da bandeira e do território, três grandes falácias para dividir uma mesma espécie. Três grandes fraudes."
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2 comentários:
Mais que bonita, essa homenagem ao Saramago resume, de forma agradável, a sua linha de pensamento e algumas de suas obras.
Arrisco-me a complementar que em 1991, após publicar o Evangelho Segundo Jesus Cristo, o escritor abandounou Portugal por não suportar a pressão de muitos religiosos e, mais ainda, por causa do veto - pelo Subsecretário de Cultura da época - de seu nome na lista dos candidatos a um prêmio literário europeu.
Novidade foi saber que ele era um simpatizante da causa LGBT.
Muito bem escrito, Carlos. Como sempre.
Abraços.
Eita que tu é rápido hein? Brincadeira, na verdade já estava com um post pronto nos rascunhos e vc postou, com muita elegância, antes de mim, rsrsrsrsrs...
Engraçaco, estava lendo "Caim" justamente essa semana. O mundo perde um dos seus mais ilustres e lúcidos ocupantes.
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