Desde 18 de novembro vem sendo dado destaque a declaração deste elemento realizado durante o programa “Participação Popular”, da TV Câmara. No aludido programa os deputados Jair Bolsonaro e Paulo Henrique Lustosa (PMDB/CE), presidente da Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente discutiam sobre a Lei da Palmada, quando Bolsonaro soltou a pérola:
“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem”.
Bolsonaro percebendo os holofotes não parou mais, abandonou o debate político entre os seus pares sobre a 'lei da palmada' em criancinhas e passou a frequentar programas de televisão para tratar da questão da criancinha meio gayzinho que deve levar um “couro” dos pais e corrigir sua orientação sexual.
O Programa Manhã Maior, da Rede TV, convidou o deputado federal Jair Bolsonaro e um dos diretores da ABGLT, Beto de Jesus (foto ao lado), para um debate sobre a polêmica inaugurada pelo político. Bolsonaro após ratificar acerca de suas posições reacionárias, para se referir aos homossexuais ultrapassou todos os limites do admissível:
E EU OLHO PARA VOCÊS (apontando para o público que assiste) E FALO O SEGUINTE: VOCÊS QUEREM QUE O SEU FILHO NO FUTURO TENHA A MINHA CARA OU A CARA DO MEU COLEGA AQUI DO LADO (Beto de Jesus, gay, diretor da ABGLT)? DÁ PARA COMEÇAR AÍ O DEBATE?
Beto de Jesus tentou reagir à ofensa e confessou de público que se sentia injuriado e que o deputado deveria responder por suas ofensas.
Houve uma representação da ABGLT encaminhada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a qual foi admitida e em breve entrará em discussão na referida Comissão pelos parlamentares.
Não foi, é ou será o suficiente.
A presença de Bolsonaro é por si só uma contradição a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados e dentro das regras do código de ética que os regulam, dificilmente algo mais concreto ocorrerá.
Tanto é assim que na aludida Comissão foi dada mais ênfase a questão do Bolsonaro ter exposto o sentimento de “asco” em relação àquela comissão que propriamente sua conduta homofóbica, ao defender que os pais devem dar um “couro” se o filho começa a ficar meio gayzinho e, absolutamente NADA acerca da suposta ofensa moral direta praticada ao Sr. Beto de Jesus.
Há sentido, pois a possível ofensa moral praticada foi pessoal e, por conta disto, caberia ao Sr. Beto de Jesus, se assim desejasse, oferecer a ação penal própria em face do Deputado.
E aqui, finalmente, entro na questão me conduziu ao tema de hoje, a imunidade parlamentar prevista no artigo 53 da Constituição Federal da República:
"Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”
No mesmo julgamento, a Ministra Carmem Lúcia, menciona o Inquérito nº 2.390/DF, publicado em 30.11.2007, julgado pelo Tribunal Pleno, onde a mesma foi igualmente relatora ratificando o mesmo entendimento:
6. No julgamento do Inquérito n.2.390/DF, de minha relatoria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu:
“Queixa-crime ajuizada por ex-Senador da República contra Deputado Federal, por infração aos arts. 20, 21 e 22 da Lei de Imprensa. Delitos que teriam sido praticados por meio de declarações feitas em programa de televisão apresentado pelo querelado. Alegação de imunidade parlamentar (art.53 da Constituição da República): improcedência. As afirmações tidas como ofensivas pelo querelante não foram feitas em razão do exercício do mandato parlamentar: hipótese em que o querelado não está imune à persecução penal (imunidade material do art. 53 da Constituição da República)’ (DJ. 30.11.2007, grifos nossos).
Portanto, pelo que se lê das lições extraídas por estas decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (e existem outras que não transcrevo para não me tornar repetivivo e exustivo) a imunidade parlamentar do deputado Bolsonaro não alcança esta conduta repudiosa praticada diretamente a pessoa de Beto de Jesus.
O Código de Ética da Câmara de Deputados é limitada e dificilmente Bolsonaro responderá no final deste mandato pelos seus supostos abusos, além disto, vozes de alguns parlamentares que pertencem a mesma Comissão já se levantaram em defesa do parlamentar.
vídeo youtube: http://www.youtube.com/watch?v=QkHOSP4bxrAVI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
4 comentários:
Prezado Carlos,
tive o desprazer de assistí-lo no Superpop, programa da mesma Rede TV, onde o infeliz deputado soltou mais essa pérola.
Se você conhece o histórico da vida política e privada do Deputado Bolsonaro perceberá que o que ele disse foi "algo insignificante". Não me interprete mal. Por favor. Não estou reduzindo a ofensa recebida pelo diretor da ABGLT. O que quero dizer é que a Câmara nada o fará, pois muitas coisas que aquele ex-militar já fez e disse, foram acobertadas por manobras políticas de seus colegas. Cito 10:
1 - A Mesa Diretora da Câmara arquivou de uma só vez oito representações contra o Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), acusado de dar declarações "violentas de ódio e desrespeito" em pronunciamentos na Casa, entre 2004 e 2005.
2 - Chamou o Presidente Lula de “homossexual” e a Ex-Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de “especialista em assalto e furto”.
3 - A Casa arquivou uma representação contra ele após uma briga com a Deputada Maria do Rosário (PT-RS), que quase terminou em agressão física.
4 - Na porta de seu gabinete, afixou cartaz tripudiando a procura dos restos mortais dos militantes de esquerda desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. O cartaz dizia: “Desaparecidos da Guerrilha do Araguaia: quem procura osso é cachorro”.
5 - Declarou ainda: "Essa ditadura foi uma ditadura de merda, pois sumiram SÓ 300 pessoas; e em Cuba, na ditadura do Fidel, foram 17 mil mortos"
6 -Recebeu seis punições por pronunciamentos agressivos e entrevistas polêmicas. Foram três censuras verbais e duas por escrito. Em todos os casos, escapou da abertura de processo de cassação do mandato.
7 - Durante o governo FHC, em programa exibido pela BAND, o deputado sugeriu o fechamento do Congresso e afirmou que durante a ditadura militar deveriam ter sido fuzilados "uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
8 - É o único parlamentar a defender abertamente a ditadura militar.
9 - José Genoino, ex-preso político e militante da Guerrilha do Araguaia, foi tratado pelo parlamentar como "delator de colegas", os petistas, Bolsonaro disse que eram "piores do que baratas".
10 - Quando Capitão de arma da artilharia do Exército, Bolsonaro foi acusado pelo então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, de indignidade para o oficialato (quem é militar sabe que isso é grave).
Flávio Julio,
A sua conclusão se assemelha a minha. Nada ocorrerá com Jair Bolsonaro. Essa foi apenas mais um dos inúmeros absurdos praticados por ele.
Com o histórico que possui, já não daria para acreditar que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias atuará de forma efetiva, quanto mais estando próximo do final de mandato legislativo.
Exatamente por esta razão entendo imprescindível se construir a prática de ser exercida a cidadania denunciando judicialmente quando presentes os requisitos de supostos crimes.
Só a condenação criminal criará efetivas consequencias e impedirá que políticos sejam impedidos de atuar impunemente.
Abs,
Carlos Alexandre
aff o bolsonaro so fez isso pra ganha voto ele nem e homofobico
Anônimo,
Ganhar voto é um direito dele para representar como quem pensa como ele. Ele tem aversão aos gays, portanto, ele é homofóbico e ainda se orgulha de ser.
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