O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Réveillon 2010 - After hours na praia do Arpoador

A festa nas areias do Arpoador é o que há. Bate de mil a zero em qualquer festa de cobertura na orla.

Já havia conhecido a festa em ano anterior, após sair de uma festa privada e a-do-rei. Achei que a agradável surpresa foi eventual, mas o povo que conhece volta sempre e a faz acontecer todo ano. Gente bonita, charmosa e descolada, música excelente, as caras e bocas são literalmente de felicidade e espontaneidade e a mistura de tudo isso, é perfeita. Sabe aquela sensação de festa muito, muito legal? É assim after hours na praia do Arpoador, em frente ao Parque Garota de Ipanema!

Além do ambiente amistoso, também é seguro porque a polícia se faz muito discretamente presente e não há hipótese de afogamento, já que a turma dos salva-vidas é grande! As bebidas ficam por conta dos quiosques do calçadão no Arpoador (que não deram conta da demanda no final da madrugada).

A freqüência é marcada pelo povo que costuma estar ali o ano inteiro, muitos surfistas, mas a característica maior e a falta de muros ou cercas. A festa é para quem quiser e quem vier. O povo vai ao delírio com a música eclética. O bom gosto musical domina. São duas caixas de som, um DJ, algumas bolas coloridas que o povo joga para o alto e rola e pronto. Festa feita e bota feita nisto.

Ontem estava careta, não rolava de beber e, alguns intervalos, minhas antenas ficavam ligadérrimas a tudo em volta. O que vi foi muitos grupos de amigos que obrigatoriamente interagiam com outros (se regra houvesse, esta seria a única existente), azaração rolando solta a todo favor, muitos casais de namorados, mulher bonita sobrando e evidente, alguns de cara cheia, mas nada que fosse inconveniente. A pista era na areia, sandálias e chinelos amontoados entre grupos, pista cheia, mas com espaço para dançar. A quantidade de gente de cueca, calcinha e sutiã na água fazia parecer que isto era a coisa mais cotidiana possível, assim como o bagulho era fumado como se estivéssemos em Amsterdã e a polícia não estivesse ali presente. Mas estavam aquelas duplas de Cosme e Damião que pareciam ser da área, sorridentes, não saiam do calçadão e cumprimentavam o povo que parecia conhecê-los. Portavam aquele treco que na academia levamos para beber água. Acho que água não era, mas cumpriram seu papel exemplarmente. Parecia um espaço livre de todas e quaisquer regras, exceto ser feliz.

Mais uma vez, me orgulhei de ser carioca. Em alguns momentos subia para o calçadão para dar uma olhada mais panorâmica da festa na areia. O clima da festa não permitia discriminação. Embora a predominância absoluta fosse de heterossexuais, contei pelo menos uns dezoito casais homossexuais que se comportavam de forma idêntica aos casais heteros, com demonstração pública de afeto. Olhos nos olhos, muitos bitocas e beijos na boca, carícias, abraços e mãos dadas. Tinha um casal em especial que dançava coladinho de forma muito charmosa e cheio de carinho. Lindo de ver. O que me chamou atenção é justamente que apesar dos gays representarem ali menos de 10% dos presentes, não vi um olhar de censura, um comentário maldoso ou mal estar. Neste momento me lembrei de alguns comentários da lista de discussões que falavam sobre um Rio de Janeiro diferente, cheio de discriminação. Lamentei por eles não estarem ali, partilhando da mesma civilidade.

O derradeiro ponto alto da festa é o nascer do sol. Todos foram para as pedras do Arpoador e para a praia do Diabo. Simplesmente linda a vermelhidão no céu com o sol nascendo. Quem ainda não havia sucumbido ao mar, foi ali o momento de se jogar. E o after hours continuava, mas ali foi o meu final do início de 2010, cercado por vários amigos felizes.

Então veio a realidade, a longa caminhada até o carro, estacionado a quilômetros de distância, ainda que fosse ali mesmo em Ipanema. Fomos todos caminhando e entramos na rua Farme de Amoedo. A rua que é conhecida pela praia gay, neste dia, fazia jus ao nome. Os LGBTs fecharam a rua em uma das quadras, mais parecia que estava na Banda de Ipanema em período de carnaval. Me atreveria dizer que era 100% gay, com tudo que costumamos ver, inclusive, com algumas baixarias públicas desnecessárias.

De qualquer forma, suponho que essa boa convivência da diversidade sexual não se ateve a Ipanema. Dei uma olhada em algumas fotos do Orkut de pessoas que estavam na festa da Praia de Copacabana e, aparentemente, por lá não foi diferente daquilo que constatei na after hours da praia do Arpoador. Também estava cheio de LGBTs que demonstraram explicitamente seus afetos homoeróticos, em público e sem traumas.

Então, viva 2010! Que com ele venha o reconhecimento de direitos!

2 comentários:

Sequelanet disse...

O importante é o respeito. E que 2010 abra a mente das pessoas e que o preconceito diminua ainda mais.
abraços

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Edu, a palavra respeito resume bem o que todos esperamos.
Abraço e obrigado pela visita

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