Algumas pessoas consideram EXAGERO quando se fala da HOMOFOBIA. Alegam que não existe o ÓDIO a homossexualidade. Para ocultar a rejeição, as desculpas são variadas. O cristão até diz que "ama o pecador" e o cidadão ‘comum’ se vale de pretenso humor como cortina, se referindo ao tema de forma depreciativa, como por exemplo "viadagem" e outros termos assemelhados, mas sempre amparado no argumento que possui amigo gay se confrontado.
Na verdade estas pessoas esquecem que há uma linha muito tênue que separa o preconceito para a agressão, até porque a discriminação já é uma agressão por si só. A diferença é que a discriminação, agressão abstrata absurdamente "aceita", pode tomar corpo e se transformar numa agressão maior, concreta com marcas na pele, portanto, visível o suficiente que impeça sua negação.
O evento do rapaz que namorava outro no cinema foi largamente anunciado nos meios de comunicação e O BEIJO foi anunciado como a razão de sua prisão, reforçando a idéia para algumas pessoas preconceituosos que a LEI está ao seu lado e que é inadmissível aceitar qualquer demonstração de afeto em público de homossexuais. Estas notícias descuidadas e até equivocadas, acabam chancelando uma fantasiosa autorização para que homofóbicos se sintam no DIREITO de reagir, sem qualquer receio, ao que entendem ser NOCIVO a sociedade.
Evidente que o preconceito já estava lá dentro deles, esperando a oportunidade de se manifestar, mas a corroboração do clamor público e jornalística cria uma equação perigosa e extremamente danosa.
Foi o que ocorreu no mesmo estado de São Paulo, cenário da prisão do rapaz que namorava o menor no cinema, com muito foco de luz e câmeras, e quase imediatamente depois, também protagonista da barbárie praticada por um grupo de jovens em face de homossexuais que circulavam na Avenida Paulista.
Os dois eventos, um subseqüente do outro, não foi a toa.
Neste domingo, pelo menos três pessoas foram vítimas de grupo na manhã. A polícia deteve cinco e investiga se agredidos foram vítimas de homofobia.
O grupo fez um primeiro ataque por volta das 6h deste domingo nas proximidades do metrô Brigadeiro, agredindo dois rapazes. Um deles conseguiu fugir e se esconder no metrô. O outro foi agredido e levado para o Hospital Oswaldo Cruz. A família não autorizou o hospital a divulgar informações relativas ao estado de saúde do rapaz.
Em seguida, cerca de 200 metros adiante, eles atacaram o estudante de jornalismo Luis Alberto, de 23 anos, com duas lâmpadas fluorescentes.
Um radialista de 34 anos que passava pela Avenida Paulista presenciou o ataque na altura do número 700 e chamou a polícia.
O delegado Alfredo Jang, do 5º Distrito Policial, na Aclimação, em São Paulo, afirmou que as agressões a três rapazes na Avenida Paulista foram uma ação "gratuita e covarde". Quatro dos agressores são adolescentes e devem ser encaminhados à Fundação Casa ainda neste domingo. O único agressor maior de idade foi indiciado por lesão corporal gravíssima.
O delegado Alfredo Jang, do 5º Distrito Policial, na Aclimação, em São Paulo, afirmou que as agressões a três rapazes na Avenida Paulista foram uma ação "gratuita e covarde". Quatro dos agressores são adolescentes e devem ser encaminhados à Fundação Casa ainda neste domingo. O único agressor maior de idade foi indiciado por lesão corporal gravíssima.
Questionado se as agressões se tratavam de uma ação homofóbica, o delegado disse: “Pelo jeito foi mesmo”, declarou. Isso porque, de acordo com testemunhas, um agressor gritou durante o primeiro ataque: "Suas bichas, vocês são namorados. Vocês estão juntos".
Ao contrário do que foi informado inicialmente pela assessoria de imprensa da Polícia Militar, os jovens não são skinheads. “São jovens brancos, saudáveis, que usam roupas normais e não têm tatuagens”, observou o delegado.
Um fotógrafo que pediu para ser identificado apenas como Rodrigo, de 20 anos, estava perto da Estação Brigadeiro na companhia de um amigo, de 19 anos, quando um grupo de rapazes se aproximou. Disse que o grupo usava roupa de marca. “Eles pareciam totalmente inofensivos. São boyzinhos mesmo. Eles usavam roupas de marca”, afirmou Rodrigo, de 20 anos, que tomou um soco no rosto e conseguiu escapar do grupo escondendo-se dentro do Metrô.
“Quando passaram pela gente, vimos que um deles levava duas lâmpadas grandes nas mãos. Ele me chamou. Quando virei, ele já me atacou no rosto com a lâmpada. Em seguida, usou a outra lâmpada”, contou. Como ele reagiu, o restante do grupo atacou-lhe ainda mais com socos e pontapés.
Pais e familiares dos jovens detidos estavam na delegacia, mas não quiseram conversar com a imprensa. Apenas uma mãe conversou com os jornalistas. “Todos são crianças. Estão chorando [lá dentro]”, declarou uma mãe, que se identificou como Soraia, de 37 anos, e se disse publicitária. Ela afirmou que os jovens estudam em um colégio no Itaim Bibi. A mãe disse estar constrangida com a confusão em que o filho se envolveu.
“Foi uma atitude infantil. A palavra [para descrever o que sinto] não é vergonha, mas estou sensibilizada porque os meninos estão machucados”, declarou. Soraia relatou ainda que os jovens disseram ter sido provocados. O filho dela, que tem 16 anos, está com um olho roxo. Ela disse que seu filho vai ficar mais em casa agora e que “se preciso, vai buscar ajuda especializada”.
Uma vítima foi levada para o hospital. A polícia investiga se os agredidos foram vítimas de homofobia. Isso porque, de acordo com testemunhas, um agressor gritou durante o primeiro ataque: "Suas bichas, vocês são namorados. Vocês estão juntos".
O grupo de agressores continuou caminhando e, na altura do número 700, atacou com lâmpadas fluorescentes o estudante de jornalismo Luis Alberto, de 23 anos, que saía de uma lanchonete com outros dois amigos. “Quando passaram pela gente, vimos que um deles levava duas lâmpadas grandes nas mãos. Ele me chamou. Quando virei, ele já me atacou no rosto com a lâmpada. Em seguida, usou a outra lâmpada”, contou.
“Se não tivesse reagido, teria apanhado menos, mas eu não me arrependo”, contou. Depois de reagir, o restante do grupo foi para cima de Luis Alberto para defender o colega. “Me deram uma chave de braço e continuaram a bater”, disse.
Enquanto isto, o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia é engaveta por aqueles que se dizem obedecer ao preceito cristão de amor ao próximo. Entendo como sendo deles, a principal responsabilidade por estes eventos violentos. Não consigo entender como colocam suas cabeças no travesseiro e conseguem dormir.
7 comentários:
Eu entendo como eles conseguem dormir. Eles atribuem a culpa pela agressividade dos outros a nós homossexuais, pois se nós estivéssemos "seguindo a palavra de Deus", sendo "fiéis a Ele", "adorando a Ele" em primeiro lugar, nada disso estaria acontecendo. Falo isso com conhecimento de causa Carlos, pois já ouvi vários depoimentos de religiosos fanáticos. Sem mencionar que eu nasci e fui criado dentro do evangelho e conheço muito bem os argumentos, pois já os ouvi. "Graças a Deus" tenho uma família (materna) que me aceitou e me dá todo o apoio, mesmo essa família sendo evangelica.
Já acompanho seu blog há algum tempo, mas é a primeira vez que vou comentar.
Você simplesmente disse - e muito bem - TUDO o que penso. E de uma forma muito clara. Não sei também como essas pessoas conseguem dormir, sendo coniventes com toda essa violência.
Parabéns pela postagem!
E o Fantástico põe isso no ar e não fala claramente que foi homofobia, em seguida mostra por uns 15 segundos, no máximo, a passeata gay no Rio e PRONTO! Como se tivessem noticiado por obrigação apenas... É triste!
Parabéns pela postagem, Carlos Alexandre!
Também sou advogado, no Rio de Janeiro - RJ, e sempre me bati contra a intolerância e a violência praticada em nome dela, com a conivência da sociedade e autoridades.
Postei matéria sobre o tema no meu blog, o Dando Pitacos. Se você quiser conferir, o endereço é http://apatotadopitaco.blogspot.com/2010/11/intolerancia-e-impunidade.html
Um grande abraço...
Todos os agressores foram soltos hoje.
A defesa alegou não se tratar de homofobia, mas de briga comum (será que vão querer punir as vítimas por RIXA também?). Apenas um desentendimento "normal" entre os jovens, que resultou em "vias de fato" após um dos homossexuais agredidos ter paquerado um dos playboyzinhos homofóbicos, digo, um dos supostos agressores, o qual não teria gostado nem um pouco daquela 'constrangedora' situação, sentindo-se no direito de espancar o gay paquerador.
Ora, pelo que entendi, pretende o advogado "legitimar" o crime praticado por seus clientes na "paquerada" do homossexual que sofreram. Ou seja, pelo que entendi, se outro homem te olhar na rua por mais de 3 segundos e você for heterossexual, poderá então descer-lhe uma camada de pau.
Continuando...
Em minha humilde opinião, a estratégia da defesa, quando da instrução processual, não merece prosperar, pois se houve o revide tão somente porque um dos playboys homofóbicos foi paquerado pelo homossexual, então por si só a HOMOFOBIA já está caracterizada. E isto partindo do remoto pressuposto de que o homossexual estaria sendo desrespeitoso e infiel o suficiente para paquerar o agressor ao lado do seu parceiro, o que considero pouco provável e meio fantasioso.
Entretanto, apesar do fato triste e ODIOSO, acredito que todos já tenham feito alguma besteira na vida, nem tão grave, de fato. Por isso, não creio que o lugar desses playboyzinhos homofóbicos de merda que se achavam os fodões seja mesmo junto de criminosos de verdade. Depois do constrangimento todo que passaram, acho que aprenderam a lição e creio que não irão mais sair por aí espancando pessoas. A prisão só os tornariam futuros delinquentes.
Cordiais saudações a todos os leitores deste brilhante blog.
Eu acho que tinham que ser presos mesmo assim...
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