Após adiamento, finalmente ocorreu a 15ª Parada do Orgulho Gay neste domingo (14), a qual foi composta por 13 trios elétricos para “animar” a Parada.
A Polícia Militar afirma que 250 mil pessoas ocuparam a orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio, para a 15ª Parada do Orgulho Gay, neste domingo (14). Apesar de estar marcada para as 14 horas — os primeiros os trios elétricos começaram o desfile duas horas depois. Organizadores do evento contestam os números e dizem que o público presente foi de 1,2 milhão. Portanto, alguém parece estar muito estrábico, não sei se a Policia Militar ou os organizadores, pois se trata de uma diferença gritante, de quase 1 milhão de pessoas.
Eu não fui e sei que vários outros gays também não puderam comparecer, por conseguinte, não sei se exageram para mais ou menos, mas a regra é que a polícia militar seja a menos parcial na apuração.
Até o Governador, que sempre se faz presente, também não compareceu nesta edição da Parada, sob alegação do antigo problema com o joelho, apesar de ter comparecido há vários eventos e inaugurado, inclusive, três prédios do complexo Judiciário Estadual uma semana atrás. Não há notícias, portanto, conclui-se, que também o Prefeito do RJ não foi.
Não tenho dúvida, a maioria presente vai pela festa, infelizmente. Exceção a regra são algumas pessoas mais politizadas ou que sofreram a violência na pele, como aquele noticiado pelo G1 do site do Globo, o cabeleireiro Guilherme da Silva, de 22 anos, que prestigiou a Parada GLBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) pela primeira vez. “Eu me assumi há um ano e estou adorando estar aqui. Vim pela festa, mas também para lutar contra o preconceito. Semana passada fui vítima de xingamentos na praia da Barra, na Zona Oeste”, revelou o jovem, que compareceu vestido de mulher.
Uma reportagem do canal de notícias Globo News deixa claro isto. Na frente a jornalista entrevistando Claudio Nascimento sobre o Projeto Lei da Câmara 122, que pretende criminalizar a homofobia e ao fundo muita música, dança, fantasias e pegação daqueles que compareceram ao evento. Não casava o discurso do entrevistado com o cenário, trilha sonora e figurantes.
Apesar do Movimento LGBT carioca dizer que aquele acontecimento se realizava em protesto da homofobia, foram exatamente os homofóbicos que conseguiram ser os protagonistas da edição da Parada, dar o real destaque e levar para todas as residências a questão da homofobia.
Houve até certa resistência dos organizadores da Parada em aceitar o fato, conforme se pode constatar na página do Facebook, onde a Dra. Rita Colaço, militante e historiadora, proprietária do blog “Boteco Comer de Matula” protestava com veemência, UM DIA DEPOIS, acerca da sonegação da informação do crime homofóbico ocorrido em decorrência da Parada: “Incrível. Nenhuma nota sobre o acontecido no pq garota de ipanema...É de uma alienação e alheiamento completos".
Não tenho dúvida, a maioria presente vai pela festa, infelizmente. Exceção a regra são algumas pessoas mais politizadas ou que sofreram a violência na pele, como aquele noticiado pelo G1 do site do Globo, o cabeleireiro Guilherme da Silva, de 22 anos, que prestigiou a Parada GLBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) pela primeira vez. “Eu me assumi há um ano e estou adorando estar aqui. Vim pela festa, mas também para lutar contra o preconceito. Semana passada fui vítima de xingamentos na praia da Barra, na Zona Oeste”, revelou o jovem, que compareceu vestido de mulher.
Uma reportagem do canal de notícias Globo News deixa claro isto. Na frente a jornalista entrevistando Claudio Nascimento sobre o Projeto Lei da Câmara 122, que pretende criminalizar a homofobia e ao fundo muita música, dança, fantasias e pegação daqueles que compareceram ao evento. Não casava o discurso do entrevistado com o cenário, trilha sonora e figurantes.
Apesar do Movimento LGBT carioca dizer que aquele acontecimento se realizava em protesto da homofobia, foram exatamente os homofóbicos que conseguiram ser os protagonistas da edição da Parada, dar o real destaque e levar para todas as residências a questão da homofobia.
Houve até certa resistência dos organizadores da Parada em aceitar o fato, conforme se pode constatar na página do Facebook, onde a Dra. Rita Colaço, militante e historiadora, proprietária do blog “Boteco Comer de Matula” protestava com veemência, UM DIA DEPOIS, acerca da sonegação da informação do crime homofóbico ocorrido em decorrência da Parada: “Incrível. Nenhuma nota sobre o acontecido no pq garota de ipanema...É de uma alienação e alheiamento completos".
Não houve resposta, apenas uma posterior postagem de matéria jornalistica na mesma rede social noticiando que “O Comando Militar do Leste divulgou uma nota, na manhã desta segunda-feira, informando que nenhum militar do Forte de Copacabana disparou arma de fogo esta madrugada, no Arpoador”.
A homofobia no Rio de Janeiro, vedete apenas como tema, foi posta debaixo do tapete pelos organizadores, para não estragar o glamour da festa.
Mas felizmente não adiantou a tentativa de abafar e o gravíssimo fato veio à tona pelos principais jornais.
O estudante Douglas Igor Marques Luiz, de 19 anos, foi encontrado baleado, por disparo feito por um fuzil, no abdômen, nas pedras do Arpoador. O jovem baleado e a família acusam um militar do Exército, lotado no Forte de Copacabana, de agressão, discriminação (por ele ser homossexual) e de ter efetuado o disparo.
A homofobia no Rio de Janeiro, vedete apenas como tema, foi posta debaixo do tapete pelos organizadores, para não estragar o glamour da festa.
Mas felizmente não adiantou a tentativa de abafar e o gravíssimo fato veio à tona pelos principais jornais.
O estudante Douglas Igor Marques Luiz, de 19 anos, foi encontrado baleado, por disparo feito por um fuzil, no abdômen, nas pedras do Arpoador. O jovem baleado e a família acusam um militar do Exército, lotado no Forte de Copacabana, de agressão, discriminação (por ele ser homossexual) e de ter efetuado o disparo.
De acordo com a mãe do jovem, Viviane, de 37 anos, o filho e um grupo de amigos, todos homossexuais, estavam conversando e alguns namorando nas pedras, quando foram abordados por militares do Exército, por volta de meia noite e meia.
O jovem estudante de 19 anos após a 15ª. Parada do Orgulho Gay, em Copacabana, contou que foi humilhado e agredido por um grupo de três homens no Parque Garota de Ipanema, momentos antes dos disparos.
O jovem estudante de 19 anos após a 15ª. Parada do Orgulho Gay, em Copacabana, contou que foi humilhado e agredido por um grupo de três homens no Parque Garota de Ipanema, momentos antes dos disparos.
“Começaram a ofender, xingar, dizendo que, se pudessem, eles mesmos matariam cada um de nós com as próprias mãos, porque é uma ‘raça desgraçada’ e tal... humilhar, bater entre outras coisas. Foi quando um deles me empurrou no chão e atirou. Eu caí sentado e ele atirou na minha barriga", disse.
'Disseram que somos uma raça desgraçada'
'Disseram que somos uma raça desgraçada'
'Disseram que somos uma raça desgraçada'
E somos!
No dicionário Houaiss desgraçado significa:
1 que ou aquele que está em desgraça; desventurado, infeliz;
2 que ou aquele que é pouco ágil; desajeitado, inábil;
3 que ou aquele cujo caráter inspira desprezo.
Só desgraçados como nós caem em desgraça na campanha presidencial do pais, que utiliza como moeda de troca com evangélicos exatamente a lei que pretende coibir a homofobia.
Só inábeis como nós fazemos festa ao invés de conscientizar a população LGBT para protestar por nossos direitos e elegermos candidatos que lutem por nós.
Só desprezados como nós somos colocados como cidadãos de segundo categoria, vendo negados direitos fundamentais que segundo a Constituição deveriam ser direitos iguais para todos.
Inábeis é pouco. No Rio de Janeiro os organizadores desta Parada apoiaram explicitamente o PT e, pasmem, nenhum dos candidatos LGBTs. que concorriam nestas eleições. SP sedia a maior Parada Gay do Mundo e basta se perguntar quantos candidatos com orientação sexual LGBT foram eleitos. Nenhum.
Os homofóbicos matam um homossexual a cada dois dias, socam, chutam e machucam física e moralmente lgbts, e o que vemos ocorrer? Apoio político do Poder Executivo e Legislativo para que a lei que pretende criminalizar a homofobia permaneça engavetada, e se passar seja vetada, festa, glamour e nenhuma politização.
Somos ou não somos uma raça desgraçada neste país?
vídeo links:
13 comentários:
Como sempre, perfeito artigo!
Realmente somos um povo desgraçado, no entanto ainda acredito que um dia essa gente vai deixar a pegação e o exibicionismo de lado e ver a falta de legislação que os ampare.
Daqui de casa eu ouvi o 'baticum' dos trios e pensei em chegar lá pra tirar umas fotos para o blog. No entanto, desisti. Ano passado, a mesma coisa.
Acho válida a idéia e o que se busca com o evento é digno. O problema é que ainda não consegui enxergar nada além de uma festa de carnaval à la Bahia nas Paradas que presenciei por aqui. A diferença é que não toca axé. Ou toca também? Não lembro...
Descontração é legal, afinal, no mundo gay há muito disso, mas, com tanta visibilidade que o evento conseguiu, creio que já passou da hora de os organizadores e o público aproveitarem isto para adotarem uma postura diferente e chamar a atenção de assuntos mais sérios.
Quanto ao grupo de amigos no arpoador, cujo passeio resultou na tentativa de assassinato de um deles, é lastimável. Apesar do que penso sobre o evento, nada, nesse mundão de Deus, justifica uma violência dessa natureza. Ainda mais - supostamente - praticada por policiais.
Quando teremos pessoas competentes, mas de caráter, exercendo a profissão de policiais? Isso também já passou da hora.
clap, clap, clap!
Gostei também muito deste artigo.
Não me sinto representado por essa Parada Gay. Questiono o que fazem e imagino a fortuna que gastam nela. Para o quê? Quem realmente ganha com ela? Parece mais uma passarela misturada com rave. Porque não usam essa dinheirama para levar gays a Brasília quando tem votação ou para realmente protestar lá sobre nossos direitos, sem fervo, mas luta de verdade?
Porque não teve a Parada Gay durante o período das campanhas das eleições quando os candidatos não tiveram nenhum constrangimento de desprezar os gays? Porque só agora? Fui na cidade quando li aqui que teria um manifesto e digo que nunca mais vou comparecer a estes atos. Não foi para nós, foi para o PT. Me senti um idiota.
Gostei deste artigo porque você foi no ponto. O tema homofobia era fachada, bastou ter um crime grave para eles tentarem esconder. Tem que ter festa chamada Parada ano que vem de novo e essas ongs querem mais que tenha outra com mais gente e mais dinheiro público. Falam lá meia dúzia de palavras e o que conta mesmo é a festa e sacanagem.
Os políticos tratam os gays como eles pedem para ser tratados. Não sei quem são essas pessoas que me dizem representar, mas não me representam.
Parabéns pela coragem de falar o que está na cara.
Mário
Alguém sabe quanto de dinheiro eles gastam para ficarem dando pinta nos trios?
Outra postagem digna de nota!
Parabéns!
Judson,
Obrigado. Fico feliz em saber que partilha comigo da mesma opinião.
Flávio Julio,
Poxa, como é bom saber que não sou o único a pensar da mesma forma!
Nada contra as Paradas, mas eles deveriam ser realizadas como expressão de sua finalidade!
Junnior,
Saudades de seus comentários aqui.
Não culpo aqueles que procuram a festa. A falta de politização justifica esta alienação.
Mas responsabilizo os organizadores. São deles a função de conscientização do povo presente. O evento não pode ser apenas um meio de ganhar patrocinio ou seja qual for a finalidade. Que seja alegre, mas seja principalmente conscientizador.
Para fantasia, dança, pegação existem outros espaços.
Mário,
Primeiro gostaria de me desculpar e explicar que quando postei aqui sobre o Manifesto no centro não sabia que seria algo tão partidário. Na verdade, até imaginava que isto até existiria, mas achei que a preponderância seria muito mais da defesa de nossos direitos nas campanhas.
Quando li o que o Papai Gay escreveu, exatamente o mesmo que você, não chegou a me surpreender, mas compartilhei do mesmo sentimento vivido por ele e você. Sinceramente, lamento, por todos nós. O Rio de Janeiro PRECISA de uma nova militancia e associação.
Eu também não me sinto representado. Eles também não falam por mim.
Anônimo,
Não faço idéia dos gastos, mas a verificação deve ser algo público. É um direito de todo cidadão saber.
Marlon,
Obrigado querido!
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