O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

INTOLERÂNCIA discutida na TV e PROTESTADA na Avenida Paulista

Foto da Intolerância praticada por religiosos durante a Parada Gay no RJ

Adorei o título dado pelo Fantástico (Rede Globo). Não que homofobia não seja o adequado, mas saindo da questão microscópica temos a INTOLERANCIA como gênero e HOMOFOBIA como espécie.

Bela matéria, já que mesmo para aqueles que tentam justificar a homofobia, mesmo negando o termo, se viram obrigados a se enxergar junto de outras pessoas intolerantes de outras espécies, e, certamente não gostaram do correto lugar que foram postos.

Ninguém gosta de ser comparada a Hitler e nem seus ideais criminosos e Hitler aparece para transcrever com fidedignidade o significado da intolerência.

E o delegado Paulo César Jardim comprova isto: “Um dia, eu fiz uma pergunta pra um dos rapazes ‘mas por que dessa violência ?’ Sabe por quê? Uma barata é uma subespécie, uma sub-raça. Dá mesma forma o negro, o judeu, o homossexual”.

Aqui, tenho que fazer uma pequena observação: PARA NOSSA LEI A DIFERENÇA É QUE A INJURIA PRATICADA CONTRA NEGROS, NORDESTINOS. JUDEUS, RELIGIOSOS, DEFICIENTES FÍSICOS E IDOSOS É QUALIFICADA E O CRIMINOSO RESPONDERÁ COM UMA PENA QUE PODERÁ SER DE 01 ATE 03 ANOS DE RECLUSÃO (artigo 140, § 3º do Código Penal), enquanto se a MESMA CONDUTA INJURIOSA FOR PRATICADA CONTRA HOMOSSEXUAL A PENA NÃO SERÁ DE reclusão, mas DETENÇÃO, e a pena não será de um a três anos, MAS DE 01 A 06 MESES.(artigo 140 do Código Penal), o que significa dizer que se tratando de vítima homossexual, o agressor nem passará pelo Juiz Criminal comum, seu processo correrá pelo Juizado Especial Criminal, enfim, ele paga lá umas cestas básicas e a vítima corre o risco de encontrá-lo no dia seguinte na mesma calçada.

Isto pode ajudar a explicar, porque o jovem que levou o tiro logo após a Parada Gay no Rio de Janeiro pelo militar tenha dito para o Fantástico que “Por mim, eu não teria nem denunciado. Eu só estou fazendo o que eu estou fazendo por causa da minha mãe”. Evidente que no caso dele, o medo de ser perseguido pelos militares criminosos também contribuiu. Ninguém quer denunciar, assistir a impunidade e como retribuição ainda viver com eterno medo. Há notícias que o Governo do RJ, através da atuação do Claudio Nascimento da SUPERDIR, estaria atento e acompanhando o caso, desde o início. É dever do estado, mesmo assim, não deixa de ser um alento.

Nem fez parte da matéria de intolerância, mas não posso deixar de encaixar notícia que tive que me deixou boquiaberto. Erick Boa Hora Debruim e Allan Siqueira de Freitas acusados do violentíssimo assassinato do adolescente Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14 anos, em São Gonçalo, ESTÃO LIVRES desde o final de agosto! Respondem o processo em liberdade! Tendo ciência por várias notícias que foram reiteradamente publicadas pela mídia de toda a violência praticada, desfigurando o rosto do menor, matando-o, como estarão AS TESTEMUNHAS que devem depor contra eles morando no mesmo local? Como você estaria? Eu juro que não consigo entender... Sempre me lembro dos agressores da empregada doméstica, presos durante anos, entretanto, um ASSASSINATO VIOLENTISSIMO, os acusados estão soltos... Um peso e duas medidas!

Voltando a matéria, esta não deixou espaço para dúvida, pois mesmo que o intolerante não consiga se enxergar como Hitler, o questionamento sobre o comportamento de pessoas aparentemente normais, mas que agem com a mesma intolerância foi também denunciada pelo Fantástico.

A entrevista concedida por Alessandro Araújo, professor de filosofia, que sofreu um ataque homofóbico no ano de 2007 me comoveu. Segundo ele, quando o espancamento e sua sexualidade vieram a público, muitos tiveram uma reação inesperada. O professor ficou só. “Ainda me emociono com o caso, você perder a família, perder o emprego, perder os amigos, tudo ao mesmo tempo”, contou com voz embargada.

A intolerância foi referendada a todo instante no programa do Fantástico com as imagens da suposta formação de quadrilha que atacaram os jovens na Avenida Paulista por entenderem que as vítimas se tratavam de homossexuais.

A mesma intolerância é o que constatamos na foto de Cláudio Lemos (acima) quando da realização da última Parada Gay no Rio de Janeiro. Relacionar o sexo gay a AIDS e dizer que os homossexuais merecem o inferno é de uma maldade e preconceito sem limites.

Vale a pena rever o vídeo com a integra da matéria do Fantástico:






Orgulhoso mesmo estou do Movimento Social de São Paulo que fez uma MARAVILHOSA MANIFESTAÇÃO PÚBLICA contra a homofobia desde o MASP até o local que as últimas vítimas sofreram a violência praticada pelo grupo de selvagens, com repercussão em todos os principais sites e jornais.

Não se tratou de uma festa escândalo, com paetês, música bate estaca, gogo boys e coisas do gênero. Foi MARCHA, PROTESTO, INDIGNAÇÃO, DENUNCIA. Os organizadores estão de parabéns por conduzir a manifestação com toda a seriedade e respeito que o caso merece, que se reflete não só para as vítimas, como suas famílias, amigos e toda comunidade LGBT. Irina Bacci e os representantes do Instituto Edson Neris e todos os demais que tenham participado merecem parabéns. De lá saíram requerimentos para todas autoridades públicas responsáveis, devidamente LEGITIMADA por todos os presentes e o número imenso de pessoas e instituições que subscreverem o ato. Que o movimento social de São Paulo, com este resgate de forma de protesto, sirva de exemplo para todos os demais estados.

No Rio de Janeiro também houve uma manifestação, que segundo há informe pela militante Jandira Queiroz, se fez presente de um número aproximado de 30 pessoas, entre os integrantes do Grupo Arco Iris, a Igreja Cristã Contemporânea e muitas autoridades políticas, como Jandira Feghalli, Carlos Minc, pais do rapaz baleado e a família do Alexandre Ivo, e a Claudia Percu, que foi candidata a Dep. Federal pelo RJ e Claudio Nascimento da SUPERDIR.

Não anunciei aqui o manifesto do RJ e evidentemente também não me fiz presente, não que não pudesse ter eventual importância, mas quem acompanha este blog sabe que recebi aqui de inúmeras pessoas, entre elas o Papai Gay, Mário, Eduardo e outros, denúncias que o Grupo organizador havia utilizado o espaço da Cinelândia (que seria de protesto contra a postura dos dois candidatos presidenciáveis frente aos direitos LGBTs) para realizar campanha para o Partido do PT, inclusive, sob justificativa que os carros de som eram cedidos pelo partido. Quem age assim, não faz protesto a sério. Se não é sério, não conte comigo e, certamente, não conte com muitos outros, pois parece que só mesmo meia dúzia compareceu, além de familiares de vítima, várias autoridades e integrantes da engajada Igreja Contemporânea. Enfim, uma lástima. O Rio de Janeiro faz jus a melhores representações LGBTs, sem rabo preso a partidos, eventuais favores e supostos benefícios de cargos e interesses pessoais. De qualquer forma, pelo descreveu a colega Jandira Queiroz, foi um ato sério, esclarecedor e de cobrança, ainda que sem qualquer repercussão.

5 comentários:

Allan disse...

Foi como eu disse em um comentário aqui mesmo no seu blog. não adianta fazer literalmente um carnaval para protestar, quem para pra ouvir um protesto ao meio de gogo boys, bate estaca e paêtes? de que adianta um milhão, dois milhões de pessoas dançando e fantasiados?
agora imagine uma passeata,pela avenida paulista com um milhão e meio de pessoas com a cara limpa?
sem trio elétrico, sem bexigas.
sem tantas cores.
pois nosso símbolo pode ter todas as cores do arco-íris, mas nossa realidade é em escala de cinza e vermelho sangue.

Antonio Pereira disse...

Carlos, eu critiquei uma vez o "princípio do livre convencimento do juiz" como sendo um princípio arbitrário. Por favor, repense sua posição. Em qualquer país com o Judiciário avançado, o juiz tem que seguir regras claras e respeitar o que já foi decidido e discutido reiteradas vezes. Se um agressor violento está preso por um crime, um juiz não pode soltar um outro agressor pelo mesmo crime nas mesmas circunstâncias, a menos que justifique o porquê do tratamento diferenciado. Isso não acontece em nosso país e o "princípio do livre convencimento" é sagrado e não se admite, pelos Magistrados, nem discussão sobre essa "vaca sagrada" com a desculpa de que enfraqueceria o Poder Judiciário, na verdade, prejudica a sociedade com decisões exdrúxulas e discrepantes. Repensemos.

Rita Colaço disse...

Alexandre, teve um outro Ato de Protesto em SP. Foi no sábado, na própria Paulista. Belíssimo. Com velas acesas. Organizado por um rapaz da comu Homofobia Já Era. Veja no campo comentários do comer de matula (em um deles rs).

Bj e 1 x +, parabéns.

Unknown disse...

Sinceramente??

Não sei o que me dá mais REVOLTA!

Se são os covardes nazistas e agressores dessa natureza... Ou então esses EVANGÉLICOS FUNDAMENTALISTAS...

Cara, aqueles cartazes me dão um ódio tão grande que dá vontade de ir lá e arrebentar todos eles, como fizeram os playboys da Av. Paulista com os homossexuais.

Acha que estou me comparando e estaria cometendo "violência gratuita"? Discordo! Mas ali não temos um protesto, mas sim um protesto homofóbico, que me agride e, logo, estou no direito de revidar.

Por que Silas Malafaia não tava lá no Haiti no lugar de Zilda Arns, hein???

Unknown disse...

"Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta"

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