O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Procuradora de Justiça aposentada, Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes, mãe adotiva ideal para a igreja e evangélicos!

Hoje foi finalmente revelado o rosto da Procuradora de Justiça aposentada, Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes, que estava adotando uma criança de dois anos de idade. Foi encaminhado para justiça seu indiciamento por crime de tortura, face o espancamento que a criança sofreu inúmeras vezes, além do crime de racismo praticado contra empregadas.

Uma mulher heterossexual que atingiu o alto cargo no Ministério Público estadual, conduta ilibada e rígida, com condições financeiras incontestável, provavelmente com educação religiosa impecável.

Esta poderia ser, caso tivesse um marido ao lado, a mãe adotiva ideal para a igreja e evangélicos.

No meio deste escândalo da Procuradora de Justiça que adotou uma criança e supostamente a torturou, as instituições religiosos, algumas que não saem dos noticiários por abusar sexualmente de criancinhas, com total CARA DESLAVADA, ontem tiveram o topete de darem entrevista para condenarem a adoção para casais homossexuais

O casal formado por duas mães lésbicas de Bagé (RS) que obtiveram êxito junto ao STJ para adoção de uma menor foi duramente criticada pela CNBB e Evangélicos, conforme foi noticiado ontem no jornal Folha de São Paulo.

“Nem sempre o que é legal é moral e ético, afirma ele. "Cremos que a questão da adoção por casais homossexuais fere o direito da criança de crescer nessa referência familiar." Para padre Bento, as crianças têm o direito de conviver com as figuras masculina e feminina no papel de pais.

O pastor Paulo Freire, presidente do conselho de doutrina da igreja evangélica Assembleia de Deus, tem posição semelhante a do padre Bento. "A criança precisa da figura do pai e da mãe para entender a vida", afirmou.

Para Freire, a instituição não é contra homossexuais. "Somos contra o casamento deles." Continua e diz que a existência de dois pais ou duas mães confunde a criança sobre as figuras tradicionais da paternidade”.

Fico pensando o que pensam estas pessoas ao assistirem em todos os noticiários o caso da tortura de uma criança advinda de uma adoção realizada para uma poderosa senhora heterossexual, detentora de todo um histórico dentro das regras desejadas pelos religiosos, e, ao mesmo tempo, suas falas paralelas, contra a adoção realizadas pelas lésbicas?

A adoção realizada por casais homossexuais é repleta de dignidade, respeito e, principalmente, muito amor. Além disto, diferente do que ocorreu com a criança que foi espancada e estava sendo adotada pela Procuradora, trata-se de uma relação familiar sem preconceito, pois casais homossexuais sabem a dor que isto causa.

Pior, muito pior, são as crianças abandonadas em orfanatos, carentes de tudo, até de amor, assim como as que são abusadas sexualmente .

Neste tocante, talvez seja interessante relembrar a estes religiosos, um trabalho realizado em 2008, pelo observatório da infância de abuso sexual de crianças e adolescentes, que retrata cinco casos da impunidade existente de abusos contra crianças, transcrevo tres deles:


Impunidade – Caso III

2003. Rio Grande do Sul.
Pastor de Igreja Evangélica foi acusado de abuso sexual de uma menina de 5 anos. Foi acusado de ter apalpado partes íntimas da criança e ter feito sexo oral nela. Voto de um desembargador: embora a tenra idade da criança, ela foi de espontânea vontade ao encontro do recorrente e atraída pelos dizeres do acusado. A prática do ato libidinoso, deste modo, deu-se com o consentimento da criança. Ela foi seduzida e não violentada.
No STJ (Superior Tribunal de Justiça) o acusado foi condenado a 6 anos. Foi afastado o enquadramento na Lei dos Crimes Hediondos, que aumenta a pena pela metade.

Impunidade – Caso IV
Pastor condenado a 18 anos por abusar de 4 crianças. Conseguiu com recursos reduzir a pena para 12 anos. Após 3 anos de prisão, foi solto graças à progressão da pena e seu bom comportamento.

Impunidade – Caso I
2002. Beberibe, Ceará.
Menina de 11 anos estuprada pelo próprio pai, que a engravidou. O pai foi absolvido. Ele reconheceu que mantinha relações sexuais com a filha, mas sem coação e que a iniciativa era dela. Confessou que transava com a filha, de 11 anos, durante o dia, e à noite com a mulher, mãe da menina.
O Ministério Público recorreu da sentença.
Como podem os religiosos ditarem regras pseudo morais, sem possuírem moral alguma em suas próprias instituições?
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Que diabo de valores são estes que passam por cima das necessidades de crianças abandonados em nome de um dogma religioso?
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O que pensam esses religiosos preconceituosos? Ir contra a adoção por casal homossexual sob justificativa que as crianças devem ter possuir uma figura masculina e feminina, uma mãe e um pai, significa dizer o quê? que crianças orfãos de mãe ou pai devem ir para uma família substituta?! Francamente!
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Quantas crianças possuem mãe e pai e são literalmente abandonadas por um deles após a separação do casal? Essa justificativa dos religiosos é, no mínimo, dinossáurica.
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Diante dessas falas da CNBB e do Pastor da Assembléia de Deus a única conclusão que chego é que se realmente colocarmos a criança abandonada em primeiro plano, talvez a única proteção concreta que possa se extrair de tais afirmativas seja exatamente afastá-las de religiões que pregam esse tipo de coisas, pois essas criancinhas serão as principais prejudicadas, pelos pensamentos, atos e palavras deles!
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fontes:

10 comentários:

Menina os olhos de Deus disse...

Prezado Carlos Alexandre,

Li seu comentário e oriento que busque mais informações para expor seus comentários, pois você conseguiu fazer um "lindo texto", defendendo direitos iguais, mas com base na ignorância. Os mesmo princípios que o Papa ou o Pastor usam, estão na Bíblia, e esta, condena o alcoolismo, vicios, drogas, violência, falta de amor, traição, suborno, racismo, e muitos outros atos do qual está incluído o rezaliado por essa promotora.

Anônimo disse...

Menina do olhos de Deus, sua denominação tá errada. Seus olhos não são de Deus. Aliás, pretensão e água benta são o seu caso! Seus olhos são humanos e, infelizmente, CEGOS.
Caramba, cada comentário que se lê que o melhor seria realmente ser cega...

Lúcia Maria/SP - com divinos olhos, mas que são meus e não de Deus.

Carlos Alexandre Neves Lima disse...

Prezada 'Menina dos olhos de Deus',

Tenho certeza que todos são contra qualquer ato vilipendioso como o dito praticado pela Procuradora de Justiça aposentada. A questão em confronto foi outra. Melhor esclarecendo: 'quem vê cara não vê coração'. Tratou-se de um belo exemplo do preconceito existente imaginar que uma mulher loira, bem sucedida, heterossexual e cristã seja a pessoa adequada para ser mãe adotiva, enquanto as duas lésbicas sejam consideradas "antinaturais" que prejudicarão a formação de uma criança. Portanto, as premissas dos religiosos são equivocada.
Mas fique a vontade aqui, inclusive para discordar. Pelo menos aqui tenha certeza que ninguém se acha dono da razão e nem condena os outros sem realmente conhecê-las. Só posso discutir com a razão, deixo a fé para seara própria. Aliás, essa é a minha reclamação.


Lúcia Maria, entendo sua indignação. O fato da menina dos olhos de Deus assim se auto designar é aparentemente um ato de soberba, mas não nos cabe julgá-la. Prefiro que ela entre neste blog, leia e mesmo sem concordar, reflita sobre suas opiniões.

Abs,
Carlos Alexandre

Julio Marinho disse...

Carlos, acho que já ficou evidente que sou teu fã, mas neste post vc se superou, MARAVILHOSO. Ácido na medida certa, certeiro como uma flexa e com uma fina ironia para dar um tom todo especial. Perfeito, parabéns!

Anônimo disse...

Amado,
de fato eles não te entenderam!
E não entenderam porque você foi preciso, perfeito!
E como disse a outra em seu comentário sobre estr cego...
Neste caso a cegueira só vale para quem NÃO quer enchergar... pois neste caso, um cego, um surdo e um mudo... entenderiam! O contrário? Só se além de tudo estivessem MORTOS!
E viva a SANTA ignorância!
Parabéns por mais este texto.
Beijo
CB
(agora vai ser CB) rsrsrs

Diego disse...

Ótimo post, muito bom...

Anônimo disse...

O que vale é o amor que se tem no coração! Excelente texto!

Anônimo disse...

Não é verdade que a procuradora seria a mãe adotiva ideal. A vara da Infância e da Juventude tinha conhecimento de outros processos onde ela estava envolvida.

Rita Colaço disse...

Alexandre, não me canso de lhe parabenizar pela excelente qualidade das postagens de seu blog e de sua relevância social.

Estive participando de um curso sobre "Violência Doméstica e Familiar: duas faces do mesmo problema" no âmbito do TJERJ, ministrado por especialistas de longa experiência.
Com a aula de antes de ontem e de hoje, especialmente, fiquei pasma:

é de 70% o índice de abuso sexual praticado no âmbito familiar (pai, padrasto, tios etc);

anteriormente à "Lei Maria da Penha" era incomum um abusador ter a prisão decretada no curso do processo, ainda que se tratasse de crime continuado (que pouco é assim classificado, ainda que a criança seja abusada por 7 anos ou mais) - o mais das vezes, "a coisa" era resolvida no âmbito das "cestas básicas", pasme você, como eu até agora!

Rita Colaço disse...

Corrigindo o nome do curso: "Violência Familiar e Urbana: duas faces..."

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